Muitos viajantes concordam: algumas das paisagens mais belas do mundo estão na Toscana. Em qualquer curva de uma estrada, imagens cheias de poesia, de arte e harmonia surpreendem: povoados no alto de colinas, caminhos ladeados por ciprestes, igrejas que rivalizam entre si em beleza e grandiosidade. Quem poderia resistir? São como um ímã para viajantes em busca da beleza com B maiúsculo. Estes são alguns dos recantos mais belos dessa região italiana, uma tentação irresistível para ‘instagramers’.
1. De Siena a San Quirico pelo vale d’Orci
Talvez a imagem mais bela e típica da Toscana seja a de uma estradinha margeada por longas fileiras de ciprestes, entre campos cultivados que vão mudando de cor e, ao final, um povoado amuralhado sobre uma colina. Uma imagem idílica que podemos encontrar, por exemplo, no caminho até San Quirico através do vale d’Orcia, um dos mais belos e encantados desta região. Porém menos conhecido, e mais tranquilo, é o vale do Chianti —entre Florência, Arezzo e Siena—, o que lhe dá um atrativo extra.
Uma interessante visita em San Quirico é o Jardim Leonini, um parque público de estilo italiano desenhado no século XVI com forma de losango e decorado com estátuas. Com suas muralhas, palácios, jardins, seus pequenos hotéis e lojinhas, San Quirico é uma parada imprescindível, à qual poucos conseguem resistir. As câmeras e celulares, tampouco.
2. Pitigliano e sua pequena Jerusalém
Pitigliano é outro desses lugares que não parecem reais: um belíssimo labirinto de casas de pedra desordenadas e becos íngremes com muito encanto. Neste povoado de cartão postal, o mais chamativo é a Pequena Jerusalém, uma minicápsula do tempo, herança da outrora próspera comunidade judaica local, que aqui se assentou quando o papa Pio IV os expulsou de Roma no século XVI. Seu maior legado é a sinagoga e o bairro judaico. Pitigliano está muito perto do mar, fora das principais rotas da região, situado sobre escarpas vulcânicas verticais que tornam o vilarejo único e espetacular.
3. Volterra, entre vampiros e etruscos
Este povoado de tradição etrusca é famoso por seus espetaculares entardeceres, entre os mais belos da Toscana. Suas bem conservadas muralhas medievais dão a este município ventoso um aspecto imponente, que inspirou a escritora Stephenie Meyer na descrição do lar da sua turma vampírica na série literária Crepúsculo. A realidade é muito mais acolhedora, como se pode observar passeando por suas ruas de pedra. O mais interessante, além de seus restos etruscos (as muralhas), romanos (um dos teatros mais bonitos e bem conservados da Itália), medievais e renascentistas, são as ruínas de Velathri, e, claro, as torres, palácios e igrejas de alabastro. Não falta o inevitável Duomo com afrescos e esculturas muito interessantes, assim como um imprescindível museu arqueológico dedicado a esse povo pré-romano.
4. Monteriggioni, uma viagem à Idade Média
O escritório de turismo descreve Monteriggioni como o portal da Idade Média, e essa é uma boa definição. Minúsculo, porém lindo, como um povoado de brinquedo, basta atravessar as portas de sua muralha para viajarmos diretamente ao período medieval. Circular, enorme e com 14 atalaias, o muro encerra uma estrutura urbana que quase não se alterou desde sua fundação, no século XIII, quando se tornou uma popular parada na rota de peregrinação da Via Francigena. Passeie sem pressa por suas ruas, entre as casas renascentistas, e descubra um dos conjuntos medievais mais bem conservados da Itália, que serviu de cenário para muitos filmes, como Gladiador e A Vida É Bela.
5. Anghiari, cenário renascentista
Ladeiras, ruas de pedra e velhos casarões. Anghiari é um lugar tão bonito que quase parece um cenário. Mas, além disso, há muito para ver: o palácio Pretorio, a abadia de São Bartolomeu, a Vila La Barbolana, o Teatro da Academia, a igreja da Santa Maria Madalena e também um dos afrescos legendários de Leonardo da Vinci. Aqui viveram muitos artistas do Renascimento, como Michelangelo e Piero della Francesca.
6. Pienza, a cidade ideal
É um projeto inacabado, mas, de qualquer forma, uma das joias renascentistas da Toscana. Nasceu no século XV como um projeto do papa Pio II, que desejava criar a cidade ideal, harmônica, bela e geométrica. Atualmente, Pienza tem apenas 2.000 habitantes entre monumentos de ar florentino, como o palácio Piccolomini, na praça principal, o palácio Comunal, uma geométrica catedral renascentista e o palácio Borgia, a antiga residência dos bispos. Em 1996 foi declarada patrimônio da humanidade por sua revolucionária visão do espaço urbano. Visitá-la num dia de semana é delicioso.
7. Montefioralle, o berço de Vespúcio
Um povoado medieval alto e com muito sabor toscano, rodeado de oliveiras e vinhedos, ao qual se chega por uma trilha de dois quilômetros que sai do centro da localidade de Greve. É um prazer passear por suas ruas harmoniosas, mas também é o lugar perfeito para degustar o melhor vinho e explorar a região de Chianti, entre um mar de parreiras. Montefioralle deve seu bom estado de conservação à queda da República de Siena, depois da qual esta região entrou em decadência e ficou como que congelada no tempo. Para sorte dos visitantes. Uma curiosidade: trata-se do povoado natal do explorador Amerigo Vespucci (ou Américo Vespúcio), que terminou dando nome ao continente descoberto por Cristóvão Colombo.
8. Cortona, sob o sol da Toscana
Quase todos os cômodos nas casas de Cortona têm vista excepcional, graças a sua espetacular localização sobre as montanhas. Aqui trabalharam no final do século XIV artistas famosos como Fra Angélico e Pietro da Cortona, que nasceu nesta cidade murada. Mas muito antes disso já tinha sido um importante reino etrusco que sobreviveu até hoje sem ser conquistado. O município gaba-se atualmente de um Duomo impressionante, do palazzo Comunale, de seus museus e de um belíssimo panorama ao entardecer. E se encontrarmos algo familiar em suas ruas é porque aqui foi rodada boa parte do filme Sob o Sol da Toscana (2003).
9. Montepulciano, à imagem de Florença
O palazzo Comunale domina com sua grande torre gótica a praça deste povoado entre medieval e renascentista, amuralhado e com um centro histórico precioso. Sua Prefeitura recorda por um momento o palazzo Vechio de Florença, e sua catedral evoca a de Bolonha, mas de aspecto um pouco mais desgastado. Casas senhoriais, palácios renascentistas e belas praças sobrepostas sobre uma colina e com uma rua principal que articula todos os marcos turísticos para os visitantes. Sua piazza Grande também pode parecer familiar: apareceu na série Os Médicis e em algumas cenas da saga Crepúsculo. Mas é preciso ir fora dos muros do vilarejo para visitar um de seus principais atrativos: a igreja da Madonna de San Biaggio, um templo renascentista do século XVI com uma magnífica cúpula octogonal e revestido de mármore branco. Montepulciano, estrategicamente situado entre os vales da Chiana e d’Orcia, é um bom ponto de partida para organizar um circuito de carro pela Toscana.
10. Montalcino, enoturismo com ar medieval
A vista panorâmica dos campos toscanos é especialmente bonita desta aldeia medieval fortificada no século XIII, que preserva lugares como a Torre de San Giovanni e a Capela do Castelo, e é famosa sobretudo pelo vinho Brunello di Montalcino, considerado um dos melhores do mundo. Pode-se praticar o enoturismo entre as ruas medievais ou fazer um passeio pelas muralhas e os aposentos de sua fortaleza. Na Idade Média, foi uma grande cidade, que agora volta a viver uma época de ouro graças ao turismo. Lugar perfeito também para saborear a culinária local.
11. Castiglion Fiorentino e sua alma etrusca
Esta é outra joia medieval pouco visitada na Toscana. Quando se viaja pela estrada de Arezzo a Cortona, convém fazer uma parada aqui. À primeira vista, uma aldeia toscana a mais, daquelas empoleiradas em colinas que são a marca da região, com vista para o campo e seus vinhedos. Mas quando a gente se aproxima, Castiglion Fiorentino deslumbra com sua torre de origem etrusca e as antigas igrejas. E no alto, o Cassero, uma impressionante fortaleza medieval restaurada, da qual se observa a bela paisagem do vale de Chiana.
12. Barga, um refúgio inglês
Na província de Lucca, norte da Toscana, se encontra esta pequena cidade entre as montanhas, no vale médio do rio Serchio. Irresistivelmente lenta, hospeda muitos moradores ingleses que aproveitaram um lugar tão idílico para criar um lugar magnífico para desfrutar a vida: oficinas de artesãos, bonitas casas de pedra e palácios construídos por ricos comerciantes entre os séculos XV e XVII adornam as ruas fotogênicas e íngremes que sobem até uma elegante catedral românica. E entre toda essa beleza, cafés e terraços onde você pode saborear produtos locais.
13. Murlo, agroturismo e caminhada
Depois de uns 20 minutos de carro desde Barga se chega a esta minúscula cidade entre montanhas que pouco mudou em 700 anos. Não tem nada de especial, é verdade, mas oferece uma bela parada no caminho, se estivermos percorrendo de carro a região da Toscana. Murlo está localizada ao lado de um pequeno paraíso natural, a reserva de Basso Merse, com inúmeras trilhas para caminhadas, belas paisagens para fotografar e muitas opções de agroturismo.
14. Giglio Castello, uma fortaleza à beira-mar
A Toscana tem mar, embora às vezes nos esqueçamos, e aqui os viajantes encontrarão atrações novas e irresistíveis. De praias e clubes turísticos a achados como a ilha de Giglio, um antigo enclave defensivo diante da costa, no mar Tirreno. É a segunda maior das sete ilhas que compõem o arquipélago toscano. Apesar de nestas costas ter naufragado o navio de cruzeiro Costa Concordia em 2012, de triste memória, é um lugar muito agradável para passar o dia. Você pode ir até lá de balsa, vindo do Porto Santo Stefano, em Monte Argentario.
15. Certaldo e Boccaccio
Aqui nasceu o humanista Giovanni Boccaccio. Um funicular nos leva à parte alta para ver uma das cidades medievais mais bem preservadas da Itália. A cidade foi fundada pelos etruscos, mas teve uma idade de ouro no Renascimento, quando se tornou o centro mais importante entre Siena e Florença. Hoje preserva intacto seu centro histórico e tem, é claro, um museu dedicado ao autor de Decamerão.
(EL PAÍS)