Neo-catolicismo
O cardeal Angelo Scola, arcebispo de Milão, que por muito pouco não foi eleito Papa, dá as cartas católicas no norte da Itália, com uma mensagem muito clara e forte, fazendo eco ao Sumo Pontífice, Francisco, o qual considera como uma luz a seguir de olhos fechados. “O novo iluminismo passa pelo diálogo entre as religiões. E o catolicismo deve passar da convenção à convicção”. Não é um simples jogo de palavras, mas uma guinada no conceito de ser e estar católico. Com vistas para a Jornada Mundial da Juventude, eis um recado espiritual milanês.

Coworking contra a crise
A fórmula é anglo-saxônica, mas o problema real é italiano. Lojas amplas sem clientes arriscam o fechamento por falta de volume de negócios. As contas chegam, as taxas devem ser pagas, mas o movimento não compensa. Agora, a prefeitura de Milão vai autorizar o “aluguel” de espaço dentro de uma loja. Por exemplo, unir quem tem uma licença, mas não possui um local adequado para exercê-la. Duas cadeiras para quem tem até três empregados, duas para quem tem de quatro a nove dependentes. O teste vela, por exemplo, para o dono de uma barbearia que aluga uma cadeira para uma esteticista ou um tatuador e vice-versa, e assim por diante. É a velha lei da oferta e da procura.

Vittorio Emanuele em pedaços
A crônica falta de dinheiro de uma sociedade rica, embora em grande crise econômica, se reflete, principalmente, na manutenção das joias de uma cidade. Em Milão, o problema é a reforma da Galleria Vittorio Emanuele que está caindo aos pedaços, literalmente. Vidro, ferro e cimento desabam e, por sorte, não feriram ninguém, até agora. O último episódio foi em outubro do ano passado. Mas santo Ambrogio, padroeiro da cidade, fez o milagre de encontrar o dinheiro para salvar o salão de Milão. Um milhão e meio de euros irão para a segurança das fachadas que ameaçam desmoronar. E dois milhões de euros vão ser usados até 2016 para uma reforma mais profunda e completa.

Papelão
A cidade de Milão tem um motivo para se orgulhar: é o município que mais coleta papel reciclável. Cada milanês recicla cerca de 63 quilos de papel. Mesmo com a queda no consumo por conta da crise, a reciclagem aumentou em 2% devido à melhoria no serviço de coleta. Roma recolhe apenas 40 quilos por habitante, enquanto Nápoles é a lanterninha da Itália, com apenas 32,7 quilos de papel por morador. Para quem não faz o dever de casa direito, a Amsa, sociedade pública e responsável pela coleta em Milão, aplica multas. No ano passado, 6 mil proprietários de imóveis foram multados por reciclagem irregular.

Video-poker
A hipocrisia da proibição dos jogos de azar na Itália beira ao teatro do absurdo. Somente na região da Lombardia, existem 60 mil máquinas de video-poker, legais. Jogo é jogo, não importa se de azar, como nos cassinos da vizinha Suíça e a banca sempre quase sai ganhando. Os viciados em video-poker aumentam a olhos vistos e as autoridades regionais estão criando uma lei contra a difusão da chamada “slot machine”. Os jogadores deverão ser identificados e os bares que se recusarem a ter um video-poker terão incentivos fiscais. Dos 25 mil jogadores compulsivos, 1.400 estão em fase de cura, às custas da saúde pública, paga pela sociedade civil.