Pesquisas no Brasil e na Itália pretendem desenvolver projetos com internet ultraveloz
Imagine acompanhar os Jogos Olímpicos como se estivesse no estádio ou monitorar a saúde de um parente idoso por celular. Esse cenário tecnológico que envolve realidade virtual, holografia e velocidade da internet pode tornar-se acessível em grande escala, daqui a cinco anos, mas ainda há desafios que vão desde o chip até os serviços.
Para acompanhar a velocidade do futuro, universidades e empresas de telecomunicações correm contra o tempo. No último mês de junho, por exemplo, a Telecom Itália, que controla a TIM Brasil, e a Ericsson, anunciaram a criação de um programa para estimular a adoção do 5G na Itália. O projeto pretende desenvolver um ecossistema aberto para pesquisa e usos da quinta geração de conectividade móvel.
Com exclusividade para Comunità, a Tim Brasil comentou o anúncio, por nota, e adiantou novidades no setor.
“A Tim Brasil estuda com diversos fornecedores a possibilidade de estabelecer uma parceria similar à da Itália, de cooperação estratégico-tecnológica sobre 5G, tendo em vista a relevância que essa tecnologia tem para prover serviços e alavancar uma economia digital. O que registramos no Brasil é uma maior velocidade de adoção de novas tecnologias, seguindo a tendência dos países mais tecnologicamente avançados em telecomunicações e ainda, considerando que a Olimpíada de 2020 sediada no Japão será, possivelmente, o primeiro grande evento mundial com 5G operando comercialmente, acreditamos que, a partir do ano subsequente, existiriam as condições para uma chegada dessa tecnologia no Brasil”.
A empresa ainda relembrou que um insumo fundamental para o 5G tornar-se acessível no Brasil é a disponibilidade de novas bandas (espectro). Para tanto, as correspondentes licitações e outorgas deverão ocorrer antes desse lançamento.
O coordenador do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da Universidade de São Paulo (CITI-USP), Marcelo Zuffo, explica as vantagens de uma geração mais rápida.
— Neste momento, estamos com a quarta geração, desde o edital de 2014, que relaciona também o sinal da TV analógica. O serviço de 4G é dez vezes mais rápido que o de 3G; já o 5G é cem vezes mais rápido do que a terceira geração.
Com o desligamento da TV analógica, em 2018, espera-se que o 4G esteja disponível para todos. Apesar da maior interação possibilitada pela velocidade 4G, há tipos de transmissão que requerem mais agilidade.
— Existem problemas de realidade virtual que só podem se transportar em 5G, assim como problemas de big data para monitor a saúde — diz Zuffo.
Não existe ainda, no mundo, um país que utilize o 5G comercialmente, muito devido ao elevado custo para implantação. Mas, algumas corporações empresariais e centros de pesquisa começam a fazer testes com essa tecnologia.
— O Brasil entrou tarde nesse processo. A quinta geração de velocidade móvel está em nível de especificação, mas existem oportunidades de pesquisas nesse campo. Temos um desafio enorme, desde o desenvolvimento do chip, até os serviços e a área de frequência. Por isso, temos que começar a pesquisar — finaliza Zuffo.
O que prevê a lei brasileira
Em 2014, O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o edital de licitação da faixa de 700 MHz para expandir a internet 4G no Brasil. Atualmente, o serviço de 4G oferecido é prestado na frequência de 2,5 GHz. Com a utilização da nova faixa, será possível levar telefonia móvel e internet de alta velocidade também às áreas rurais, uma vez que a frequência é ideal para a cobertura de grandes distâncias a um custo menor.
A faixa de 700 MHz vai estar disponível para levar a internet móvel depois do desligamento do sinal analógico de TV, que acontece entre 2016 e 2018. Depois de ser liberada, a faixa será usada para expandir o serviço de telefonia e internet 4G no Brasil. Assim, o atual 3G terminará. Já a quinta geral deve começar a ser introduzida a partir de 2020.