Davide Oldani, que assinou os pratos servidos nos prestigiados almoços e jantares para convidados na casa made in Italy, pretende voltar ao Rio
Antes de conceder entrevista à Comunità, durante o intervalo entre o almoço e o jantar, o chef da Casa Itália deliciava-se com pedaços de manga e abacaxi, confessando sua paixão pelas frutas brasileiras, que eram servidas aos visitantes durante todo o dia.
— Como o dia todo frutas frescas, principalmente manga, que eu adoro — comentava Davide Oldani.
O proprietário do D’O, restaurante situado em Cornaredo, na província de Milão, detentor de uma estrela Michelin, explicou como aplicou o conceito do projeto desenvolvido pelo Coni, de contato entre as culturas brasileira e italiana, no menu servido a atletas, autoridades e formadores de opinião durante almoços e jantares para convidados.
— Eu peguei da Itália o queijo grana padano, a massa, o azeite, e os integrei com o fresco dos produtos brasileiros, como as verduras, as frutas, as ervas, os temperos, o peixe. Assim fizemos a chamada cucina orizzonte, pregando o bem-estar, que está entre o esporte e a grande cozinha. O prato ciaolá sintetizou esse conceito, preparado com pomodoro italiano, estévia, açafrão, fiore di borragine, ricota, café e grana padano, criando um gosto global — contou o cuoco milanês, que criou na Itália o conceito de cucina pop, segundo a qual o bom deve ser acessível a todos através do uso dos frutos da estação.
— Depois da Expo de Milão, abriu-se a comida ao mundo, o que me fez reavaliar uma ideia de 13 anos atrás, de dar grande qualidade a todos. Portanto, grande qualidade e acessibilidade formam o conceito da cucina pop — enfatiza.
Em Milão, além da estrela Michelin, ele recebeu o Ambrogino d’Oro, máxima premiação da prefeitura de Milão, em 2008. Seu restaurante é famoso por oferecer excelentes pratos baseados em produtos da estação a preços acessíveis.
Para Oldani, autor do recém-lançado livro D’O, Eat better, ricette per lo sport, a experiência de servir atletas olímpicos foi única, principalmente por conta da sua ligação antiga com os esportes: nos anos 1990, foi jogador de futebol da segunda divisão do Rhodense, mas interrompeu a carreira ao quebrar uma perna.
— Eu sempre quis fazer algo assim. Eu era esportivo quando jovem. Gosto da mentalidade do esporte aplicada à cozinha, e levar minha mentalidade na cozinha ao esporte é a coisa mais bonita, porque a grande cozinha tem que ser boa e sã, e quando é sã, é esportiva. Se os jovens esportistas comem bem, obtêm resultados. Tudo se encaixa, o esporte e a gastronomia, em torno do bem-estar. Il cibo non può fare a meno dello sport, e lo sport non può fare a meno del cibo — enfatizou o chef, que pretende voltar ao Rio em um momento diferente das Olimpíadas para conhecer melhor a cidade.
— Vi uma cidade efervescente por causa dos Jogos e muito policiamento. Estive no Maracanã e no Engenhão. Fui ver o Usain Bolt e a Tania Cagnotto. Usei o metrô, que funcionava muito bem. Guardarei boas lembranças — finalizou o famoso chef, acostumado a dar entrevistas a jornais e TVs do Belpaese.
Onde matar as saudades do chef Davide Oldani
Ristorante D’O
Piazza della Chiesa, 14
San Pietro all’Olmo di Cornaredo
Província de Milão
Reservas pelo telefone 39 02 9362209
Aberto de terça a sábado