Visita institucional do presidente italiano à Argentina e ao Uruguai reforça os laços entre Itália e os países da América Latina

O presidente da República italiana, Sergio Mattarella, acompanhado pelo ministro dos Assuntos Exteriores, Angelino Alfano, visitou a Argentina e o Uruguai entre os dias 7 e 13 de maio. A viagem já estava prevista no ano passado, mas devido a um atentado em Bangladesh, que resultou na morte de nove italianos, foi adiada. A primeira etapa da visita aconteceu em Buenos Aires, onde Mattarella visitou o monumento dos desaparecidos, no Parque de la Memoria, com uma delegação das Abuelas y Madres de Plaza de Mayo, às quais disse que “precisam ter confiança porque a força da verdade não para”. Depois visitou outro lugar símbolo da ditadura argentina, o Museu da Escola de Mecânica da Armada (Esma).
No dia seguinte, o presidente italiano se reuniu com o seu homólogo argentino, Mauricio Macri, na Casa Rosada, e afirmou que “entre os dois países há um vínculo único no mundo” e que Itália e Argentina são “países irmãos”. Entre os temas tratados, os presidentes conversaram sobre a urgência de assinar um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que está em negociação desde 1999. Mattarella considera o acordo muito importante porque “envolve um mercado de 700 milhões de pessoas” e ressaltou o apoio da Itália.
— Acreditamos que a integração entre ambos os blocos seria uma oportunidade maravilhosa de criação de empregos, de oportunidades para reduzir a pobreza e gerar progresso compartilhado para todos — declarou Macri.
Durante o encontro foram assinados acordos bilaterais em assuntos como a troca de informações para a luta contra o narcotráfico e a redução das emissões de poluentes na atmosfera.

Em Buenos Aires, visitas à escola italiana e ao Teatro Coliseo
A delegação italiana foi integrada por autoridades e empresários italianos que participaram do Business Forum Itália-Argentina. Além dos encontros institucionais, o chefe de Estado italiano quis conhecer a comunidade italiana na Argentina. O primeiro encontro foi realizado com a coletividade mirim, na escola italiana Cristóforo Colombo, onde respondeu às perguntas dos estudantes, e o segundo no recém-restaurado Teatro Coliseo, onde discursou para uma plateia mais adulta.
— O reconhecimento do trabalho incansável de muitos italianos é a celebração, sancionada por lei, do dia do imigrante italiano. Simbólica é a data escolhida, 3 de junho, um dia após a Festa da República, como um símbolo de uma continuidade ideal entre Argentina e Itália no aniversário do nascimento de Manuel Belgrano, pai da pátria argentina e filho de um italiano da Ligúria — explicou o líder italiano.
Em 9 de maio, Mattarella foi aplaudido no Congresso argentino pelo seu discurso, durante o qual frisou a importância dos imigrantes na construção dos países de todo o mundo:
— A abertura com a qual este continente lidou com o fenômeno imigratório na fonte de oportunidades, de progressos e de crescimento social, representa um exemplo que deve iluminar-nos também hoje — comentou, acrescentando que a Itália deve muito à Argentina.
A segunda etapa da viagem aconteceu em Bariloche, onde Mattarella encontrou os alunos da escola italiana Dante Alighieri e fez uma visita à sede da Invap, empresa de alta tecnologia argentina que conta com a parceria de companhias italianas. Durante a visita foram assinados acordos bilaterais no setor científico.

Para o líder italiano, democracia uruguaia é modelo que ultrapassa as fronteiras da AL
Mattarella prosseguiu a viagem rumo a Montevidéu, onde, em 11 de maio, encontrou o presidente uruguaio Tabaré Vázquez e discursou no Congresso do país. Em ambas as ocasiões, o presidente italiano recordou o forte laço histórico entre Itália e Uruguai.
— Queremos projetar a amizade histórica que nos une de uma forma mais concreta, operativa e crescente no futuro. Essa amizade faz com que Uruguai e Itália concordem em todas as principais questões de caráter internacional — destacou Mattarella, que considera Uruguai um parceiro de referência, pois a democracia uruguaia é um “modelo que ultrapassa as fronteiras da América Latina”.
A viagem foi finalizada com encontros com a comunidade italiana e uma visita à Casa de Garibaldi e à Escola Italiana de Montevideo.