Fornecedor oficial de lácteos italianos na Expo 2015 investe no país e torna-se sócio majoritário da Allfood

Em 1957, surgia na periferia de Bolonha um pequeno consórcio de produtores que, pela primeira vez, uniam-se não somente na produção, mas também na transformação e na comercialização do leite. Aquela empresa, que somente em 2011 começou a sair do país de origem, hoje conta com 16 estabelecimentos produtivos espalhados pela Itália e outros sete fora das fronteiras nacionais. Estamos falando da Granarolo SPA, a maior realidade italiana no setor de leite e derivados, composta por cerca de mil criadores e produtores associados em uma cooperativa. Através do consórcio de produtores Granlatte, a empresa recolhe a matéria-prima e, sucessivamente, transforma e comercializa o produto acabado. O crescimento nos últimos anos foi exponencial e o grupo chegou a dar trabalho para quase três mil pessoas, apresentando um faturado que, em 2016, chegou a um bilhão e 200 milhões de euros.
O grupo está sempre ativo no cenário internacional, com produtos na França, no Chile, na Nova Zelândia e no Brasil, país ao qual está dedicando uma atenção especial. No final de 2015, adquiriu 60% da sociedade Yema Distribuidora de Alimentos Ltda, especializada na produção e comercialização de produtos lácteos no Brasil, onde controla dois estabelecimentos no estado de São Paulo, sendo um na capital e outro em Guareí. Poucas semanas atrás, finalizou uma compra de grande importância: adquiriu 60% da Allfood, a maior importadora e distribuidora de queijos, frios e outros produtos gastronômicos de excelência importados da Europa. O grupo Allfood, com sede em São Paulo, tem uma carteira de mais de 200 produtos, dos quais 48% italianos e 33% de marca própria, contando com um centro logístico de dois mil metros quadrados e um estabelecimento com linhas de produção de frios e queijos.
— O Brasil representa um mercado estratégico por causa da presença de uma vasta comunidade italiana, composta por cerca de 25 milhões de pessoas que têm, naturalmente, interesse pelos produtos italianos. Basta pensar que o segmento lácteo vale 23 bilhões de euros — explica Gianpiero Calzolari, presidente do Grupo Granarolo, evidenciando o valor estratégico das aquisições feitas no Brasil.
Para ele, o país tem forte potencial:
— Basta pensar que a Yema, em um ano, registrou um aumento no faturamento de 25 — observa o número um da Granarolo.
A atividade de Allfood integra-se com a que realiza Yema, visto que a primeira trabalha prevalentemente com grandes canais de distribuição, enquanto a Yema age no canal de foodservice. A operação vai permitir à Granarolo, através das sinergias entre a Yema e a Allfood, tornar-se uma empresa líder na importação de produtos alimentares italianos e europeus no Brasil, conseguindo cobrir todos os canais distributivos e realizar importantes economias de escala.
— A escolha desta parceria, de um lado, representa para a Granarolo a oportunidade de entrar de maneira ainda mais decidida no mercado brasileiro. Por outro lado, reforça a estratégia de Allfood, que quer consolidar a própria liderança na importação de produtos gastronômicos europeus no Brasil — ressalta Luciano Almendary, CEO de Allfood Importação Indústria e Comércio S.A.
Para a Almendary, o advento da Granarolo na América do Sul representa uma grande ocasião de desenvolvimento:
— O acesso a novos produtos italianos enriquecerá a nossa carteira e a nossa oferta no mercado, favorecendo também o crescimento da nossa capacidade de servir os parceiros brasileiros em 360 graus, nos mercados retail, normal trade ou horeca (hotéis, restaurantes e cafés).

Crescimento consolidado na década de 1980 e internacionalização iniciada em 2009
A história do grupo representa um caso que vai contra a tendência, em uma fase especialmente crítica para grande parte do tecido produtivo italiano. Tudo nasce na segunda metade dos anos 1950 e às portas de Bolonha, em uma zona compreendida entre Granarolo dell’Emilia — região que dará o nome à empresa — e Cadriano. Passara-se pouco mais de uma década do final da Segunda Guerra Mundial e a Região da Emília-Romanha, que foi uma fortaleza partigiana e comunista com muito orgulho, tanto que, até o final dos anos 1990, o Partido Comunista Italiano (PCI) conseguiu vencer com unanimidade em toda a região. É naquele ambiente em que nascem as primeiras experiências dos consórcios e das cooperativas, entre as quais com o tempo se destacará a Granarolo.
Já nos anos 1970 registra-se uma fase de crescimento, consolidada na década sucessiva com uma série de aquisições em todo o país: em Modena (Dilat), Foggia (Daunia Natura), Anzio (Sogecla), Novara (Latte Verbano) e em Versilia (Centrale del Latte di Camaiore). Nos anos 1990, o consórcio, que tinha o nome de Granlatte, dá vida a uma sociedade por ações nomeada Granarolo SPA, para a qual transfere todos os ativos industriais e comerciais, detendo o controle total. Foi deliberado um aumento de capital que permitiu a entrada na estrutura corporativa do banco mercantil público Itainvest SPA, que depois tornou-se Sviluppo Italia e sucessivamente Invitalia. Sob a direção de Luciano Sita, o grupo continuou a crescer e prosseguiu a sua campanha de aquisições, que culmina com a entrada no grupo de duas realidades nacionais de grande destaque: a Centrale del Latte di Milano e a Yomo.

Forte presença na França, Espanha, Grécia e Reino Unido
Em 2009, Gianpiero Calzolari assumiu a presidência do grupo. Dois anos depois, era inaugurada a nova estratégia empresarial que visava a expansão nos mercados externos através de presidências locais. Nascia a Granarolo Iberica SL, primeiro ramo da empresa dedicado ao comércio exterior com a missão de distribuir produtos alimentares na Espanha. Mais tarde, em 2013, a Granarolo anuncia a compra do grupo laticínio francês Cipf Codipal, que dirige a holding Compagnie du Forum SAS, consolidado operador na produção e distribuição de queijos frescos e maturados das marcas Casa Azzurra, Les Fromagers de St. Colombe e Les Fromagers de St. Omer. Sob o signo da estratégia Granarolo de internacionalização e exportação dos produtos italianos, já muito apreciados hoje e em constante difusão para além das fronteiras, a aquisição de Cipf Codipal é de muita importância. Com essa operação coroa-se o nascimento da Granarolo International, empresa que dirigirá todas as outras atividades internacionais do grupo. Em dezembro, nasce também a Granarolo UK, controlada pela Granarolo International, para a exportação de queijos no Reino Unido e na Irlanda. Em 2014, é assinada uma parceria com a Vivartia Group, que dirige o maior produtor grego de produtos lácteos Delta Foods SA: o acordo prevê a distribuição na Itália de iogurte e queijos gregos. E mais: inaugura-se a Centrale del Gusto SRL, com doceria, sorveteria e cafeteria no centro de Bolonha, que conjuga os ingredientes de qualidade da Granarolo com a habilidade e a imaginação de um famoso mestre da confeitaria, Gino Fabbri, presidente da Accademia Maestri Pasticceri Italiani (Academia de Mestres Confeiteiros Italianos).
A Granarolo venceu a licitação lançada pelo Pavilhão Itália para representar a produção italiana do leite na Expo Milão 2015, na qualidade de parceiro do Pavilhão Itália. Ao mesmo tempo, torna-se cada vez mais importante o crescimento internacional do grupo, testemunhado pela presença nas maiores feiras internacionais alimentícias na África do Sul, Brasil, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália e França. Hoje, o grupo movimenta cerca de 850 mil toneladas por ano de mercadoria e serve cotidianamente cerca de 50 mil pontos de venda, nos quais 11 milhões de famílias italianas compram os produtos da marca. No exterior a missão é a de exportar a tradição de produtos Made in Italy, além do perímetro laticínio, no sulco da diversificação da própria carteira operada nos últimos anos.