Fabricante brasileira de móveis fortalece presença na Itália a partir de trabalhos ecologicamente corretos
De olho nas oportunidades do mercado internacional de móveispara decoração nojá chamado pós-crise econômica mundial, a Ronconi, tradicional fabricante do Paraná, atravessou o oceano e fincou a sua bandeira no competitivo segmento de design italiano. Para isso, criou uma coleção batizada de Artesania, que conta com móveis sofisticados que visam o hand made a partir de materiais sustentáveis, coincidindo com a tendênciado mercado internacional.Alguns destaques da coleção serão exibidos até fevereiro, na mostra Artnhow! na Zona Tortona, em Milão.
{mosimage}Uma parceria criada com a Associação dos Empreendedores Zumbi dos Palmares (AEZP), localizada no município de Colombo, no Paraná, a Ronconi e lideranças comunitárias locais desenvolvem atividades de capacitação e confecção de produtos de artesanato, serigrafia, costura e atividade agrícola,com dezenas de pessoas atendidas por grupos comunitários de produção e geração de renda.
A coleção Artesania, além de valorizar o hand made e o trabalho de idosos de asilos e pessoas carentes, também é feita com materiais reutilizados e ecologicamente corretos.
— O fuxico presente no revestimento do sofá Primavera é feito com retalhos e sobras da fábrica Ronconi. Cada peça leva de 15 a 20dias para ficar pronta — explica o designer Pedro Franco.
Outro exemplo sustentável é a poltrona Underconstruction, feita com estrutura de telas de construção em aço e revestida com sobras de feltro transformadas em tiras. O trabalho em conjunto da fábrica com os artesãos começou a ter visibilidade com a participação na última edição da Semana de Design, em Milão.
Desde abril do ano passado, a empresa conta com produtos à venda na Skitsch, renomada loja do segmento na badalada via Montedi Pietà, em Milão. A internacionalização da Ronconi é fruto da participação na última edição do Salão Internacional de Móveis deMilão. A empreitada abriuas portas do mercado italianopara a brasileira, que fechou 2010 com faturamento10% maior em relação ao ano anterior, totalizando R$ 85 milhõe.
Para o projeto, a empresa, que está prestes a completar 90 anos, buscou no mercado interno um designerde projeção internacional. Contratou Pedro Franco, proprietário da A Lot Of, loja de móveis paulistana, e que está à frente no departamento de criação das linhas, que traz designers convidados,como Wagner Archella e Jum Nakao. O trabalho já rendeu mais de 15 novos produtos-piloto entrecadeiras, sofás e poltronas.
— A inspiração foi a grife italiana Edra, que em 20 anos conseguiu se tornar um dos ícones do designmundial — conta Franco.
A coleção foi apresentada também no Salão Satélite, que aconteceu em abril de 2010 paralelamente ao Salão Internacional do Móvel. Um dos destaques foi o sofá antropófago, que provocou a curiosidade dos visitantes e recebeu o nome de Dread Lock – em português “cabelo louco”. Além da Itália, a Ronconi comercializa produtos com empresários do Kuwait, França e Áustria.
No Brasil, a empresa vende seus móveis para mais de 300 lojas. Nesta nova etapa, a empresa também quer fortalecer a expansão de suas lojas próprias. A previsão é de três novas unidades abertas totalizando oito pontos de venda em Curitiba.
A tática adotada pela Ronconi, de internacionalizar parte de sua produção, já é uma prática comum no mercado externo. A italiana Edra, por exemplo, conta há maisde 10 anos com móveis assinados pela dupla de designers brasileiros Fernando e Humberto Campana,conhecidos como irmãos Campana.
Setor moveleiro
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria doMobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, o setor deve registrar um crescimento de 10% em 2010, na comparação com o ano anterior.
As exportações tiveram recuo de pelo menos 1% no ano passado. Segundo Fernandez, “com o dólar baixo, as empresas estão se voltando mais para o mercado interno”.Diante da recuperação tímida dos Estados Unidose da Europa, o setor aposta na entrada em outros mercados, no continente africano ena América do Sul, paraatingir a meta de crescimentode 3% a 5% nasvendas para o exterior.