Governos municipal e estadual aplicam asfalto ecológico em estradas do Rio de Janeiro. Prática é comum na Europa, onde somente a Itália produz por ano mais de 30 milhões de toneladas de asfalto a partir de pneus reciclados
{mosimage}Se andando distraído pelas ruas do Rio de Janeiro vocêse deparar com o chão em tom amarelo, azul, vermelho, branco ou verde, não se assuste.A aparência pintada do piso é característica de um novo tipo de pavimentação em teste pela Prefeitura da cidade. O asfalto colorido, também chamado de asfalto ecológico, é resistente a elevadas temperaturase a ação dos raios ultravioletas. A iniciativa está sendo aplicada concomitantemente à reforma que o governo do estado faz de um trechode rodovia fluminense utilizando pneus reciclados. No que dependerdas experiências, o estado e a cidade vão despontar em um mercado que na Europa já é muito valorizado: o da pavimentação sustentável.
{mosimage}No velho continente, a produção de asfalto a partir de borracha reaproveitada é inclusive aferida pela Associação Europeia de Pavimentação Asfáltica (EAPA). Dados da última medição, em 2008, colocam a Itália em quinto lugar dentre os maiores produtores de asfalto proveniente da borracha de pneus descartados, recicladaa altas temperaturas (Hot MixAsphalt). Obteve 31,6 milhões de toneladas naquele ano.
No Rio de Janeiro, a iniciativa foi implantada pelo Departamentode Estradas e Rodagens (DER-RJ) em reforma de um trecho de 35 km da RJ-122, entre os municípios de Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, com asfalto borracha, que leva 20% de pó de pneus velhos. “É uma inovação brasileira”, diz o presidente do DERRJ,Henrique Ribeiro. A recuperação da rodovia será concluída em março.
Já o asfalto colorido, que compete à prefeitura, foi aplicadoprimeiramente na Estrada Dona Castorina, no Mirante do Horto (Jardim Botânico). Lá, a cor escolhida foi verde, para que o revestimento possa se harmonizar com a floresta. Na pista em teste foram aplicadas cerca de 30 toneladas de asfalto, em uma área de 350 metros quadrados.
A aplicação é feita com temperatura abaixo de 140°C – o que reduz as emissões de gases e aabsorção do calor, daí o apelo ecológico.O asfalto morno, produzido nas usinas, é aplicado a 180ºC. Outro ponto positivo é a durabilidade estimada em 10 anos e o fato de o polímero presente na constituição do asfalto ajudar a diminuir as deformações causadas pelo tráfego.
De acordo com a secretaria municipal de Obras, o objetivo nos próximos meses será conhecer melhora forma de produção, aplicação e comportamento do revestimento. Em países como Espanha, França, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos o emprego deste tipo de revestimento já é consagrado. A intenção da Prefeituraé empregar o asfalto colorido em ciclovias, acostamentos e parques, podendo ser aplicado também em túneis, na cor branca, melhorando ailuminação pela maior reflexão da luz.
A tecnologia foi implementada pelos técnicos da Prefeitura com apoio de duas empresas que importaramalguns polímeros e pigmentos especiais. O processo economizaenergia, pois as adições destes aditivos ocorrem na temperatura ambiente e diretamente no misturador da usina. Mas se o custo do asfalto ainda é maior que o total gasto como asfalto comum, a compensação vem com a durabilidade do material. O valor também está ligado à cor escolhida, pois é proporcional aos aditivos necessários. Entretanto,ainda segundo a secretaria, reduzindo-se a espessura desta mistura também é possível reduzir sua incidência no custo da obra.
A secretaria também informa que o investimento em novos revestimentosse justifica uma vez que a cidade tem importantes projetos urbanísticos em desenvolvimento. No passado, a prefeitura já havia testado técnicas de pinturas especiais na superfície do revestimento asfáltico, porém estas intervenções apresentavam baixa durabilidade e reduziam o atrito superficial da via. Os estudos com os atuais ligantes e pigmentos serão utilizados na harmonização devias, praças, ciclovias e túneis para os projetos da Copa do Mundo 2014 eos Jogos Olímpicos de 2016.