Nas 27 páginas do documento, o GIP reconstrói a arquitetura da hipótese acusatória contra Berlusconi, indicando os elementos que constituem a "prova evidente" (que não é prova de culpa) exigida pela legislação italiana para autorizar o julgamento do primeiro-ministro.
Segundo a juíza, o telefonema de Berlusconi à delegacia de polícia de Milão, em 27 de maio passado, para garantir que a jovem marroquina conhecida como Ruby Rubacuori fosse solta e entrega à custódia de uma pessoa de sua confiança, tinha o "propósito óbvio" de encobrir as relações sexuais que manteve com a jovem, quando ela ainda era menor de idade.
O procedimento "grosseiramente anormal" do telefonema do premier naquela noite à polícia de Milão (Ruby foi presa por uma denúncia de roubo) se justifica, de acordo com o GIP, pela necessidade de Berlusconi de "garantir sua impunidade", que a jovem Karima El Mahroug (o nome verdadeiro de Ruby) "poderia colocar em risco".
Di Censo também considerou que a tese da defesa de que Berlusconi realmente acreditava que Ruby era neta do então presidente egípcio Hosni Mubarak – como disse à polícia de Milão em seu telefonema -, é "uma contradição descarada da lógica dos acontecimentos". (ANSA)