Guerra no trânsito
Eles estão por toda a parte. Lavam os vidros dos carros parados nos sinaisde trânsito da cidade. Quem pensava que este tipo de trabalho acontecia apenas no terceiro mundo, enganou-se. Mas, numa cidade do primeiro mundo, rica, ele dura pouco. As autoridades decretaram guerra aos lavadores de carros. Em apenas15 dias foram identificadas 300 pessoas, algumas foram multadas em 500 euros. E não tem choro. Caso o cidadão – clandestino e sem documento, na maior parte das vezes – não possa pagar, as autoridades confiscam o que ele tiver em casa, ouno abrigo no qual dorme.
Giacometti lombardo
Alberto Giacometti foi um dos maiores escultores do século passado. As suas figuras filiformes encantam o mundo inteiro. Por uma delas, um colecionador pagou 74 milhões de euros. Pois bem, os visitantes que estiverem aqui em Milão poderão admirar, no museu Gallarate, a mostra “L’anima del 900”, com cerca de 50peças, entre esculturas, pinturas e desenhos, sendo 15 inéditas. As obras chegamdo acervo da família e de dois colecionadores privados de Milão. E no museu emLecco, uma escultura de Giacometti está exposta ao lado de um bronze etrusco doano III a.C. Incrível é a semelhança entre as peças, à distância de dois milênios. Paramaiores informações, eis os sites: www.museomaga.it e www.museilecco.org.
A Milano para os chineses
A invasão chinesa em Milão cresce a olhos vistos, puxadinhos ou não. Em um ano, a despesa média de um chinês em viagem de turismo, ou melhor, de shopping, na capital internacional da moda e do design, éde 870 euros. O povo de Mao bateu os japoneses e os russos, ex-líderes do consumo desenfreado. No ano passado, 200 mil chineses que passaram pela cidade deixaram um rastro de lojistas felizes. Nas joalherias, as notinhas chegaram a 6 mil euros. Já nas boutiques, os gastos giraram emtorno dos 800 euros. Os dados são do Centro de Estudos da Fundação Itália China. Eles passeiam em Veneza, visitam Roma, mas abrem a carteira em Milão.
Refugiados magrebinos
O teto máximo para receber os exilados da Líbia e da Tunísia é de 3.300 pessoas,segundo o governador da Lombardia, Roberto Formigoni. A região se mobiliza paraenviar uma equipe de especialistas e avaliar melhor qual ajuda pode ser dada “in loco” equal é a dimensão do socorro humanitário que deverá ser prestado deste lado do marMediterrâneo. Quartéis militares, instituições civis e privadas estão sendo analisadaspara receber o fluxo de imigrantes “oficiais”, ou seja, aqueles da diáspora provocadapela queda de regimes no norte da África. Enquanto isso, os clandestinos errantesde sempre, fugindo da pobreza, continuam a desembarcar na costa do país, que vive uma crise econômica capaz de preocuparos imigrantes já instalados no território.
Cemitério urbano
Os banquinhos modernos nas praças remodeladas, após terem sido transformadas em estacionamentos subterrâneos, não agradam os habitantes. Na praça Dateo,os velhos bancos em madeira foram substituídos por retângulos de cimento armado, com acabamento em granito. Os moradores, supersticios os, não sentam porque eles lembram as lápides dos mortos. Um visual de cemitério numa pracinhana qual a vida deveria escorrer livre e leve não se enquadra nos anseios dos vizinhose passantes. Resultado: os moradores se preparam para uma batalha civil emprol de uma reforma geral na praça.