{mosimage}Com atuação nos locais afetados pela rodovia BR 163 e pela Transamazônica e alcançando índices de redução de queimadas que variam de 50% a 98% nos estados do Pará, Mato Grosso e Acre, o programa “Amazônia sem Fogo” tornou-se política de governo. A assinatura do acordo trilateral com a Bolívia está em andamento e o Equador também demonstra interesse pelo projeto.
As atividades surgiram em 1999 com o título “Fogo! Emergência Crônica”, fruto da parceria entre a Direção Geral da Cooperação da Itália – principal financiadora, contabilizando mais de 10 milhões de euros investidos – com o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável.
O objetivo é conscientizar e capacitar cidadãos nas comunidades rurais sobre o uso do fogo, além de proporcionar melhores condições de vida aos produtores locais.
— O desconhecimento da maioria da população sobre as alternativas ao uso do fogo e a falta de acompanhamento técnico adequado são os principais motivos de queimadas. O projeto consiste em ações de emergência e desenvolvimento, permitindo reforçar os componentes locais de prevenção e resposta a incêndios florestais, promovendo a divulgação de práticas agrícolas — explica a Engenheira Florestal, Adriana Amaral.
Tudo começa nas Unidades Demonstrativas, centrais onde se aprendem as técnicas sustentáveis e a aplicação destas. O conhecimento adquirido e experimentado é repassado aos líderes comunitários e interessados no projeto. A instalação das Unidades foi realizada em propriedades cedidas por produtores locais ou pelas prefeituras.
— As UDs [Unidades Demonstrativas] foram planejadas para servirem como pontos de encontro e são de vários modelos, como Manejo Sustentável de Pastagem, Recuperação de Áreas Degradadas, Recuperação do Solo e Sistema Agro-florestal Padrão — enumera Eduino Lorentz, do Ministério do Meio Ambiente.
Está prevista a construção de mais 30 Unidades Demonstrativas e 11 já estão em andamento. A capacitação dos colaboradores abrange questões teóricas e práticas. Durante 12 meses, foram realizados diversos cursos técnicos, embasados pela pedagogia ambiental, guiada pelo desenvolvimento sustentável. Economia familiar de pequenos produtores rurais esteve entre os temas estudados.
— O programa proporcionou reforço da presença de pequenos produtores rurais e da agricultura familiar em favor de uma melhor utilização do solo e já formou mais de 400 multiplicadores. As iniciativas desenvolvidas igualmente melhoraram a vida de comunidades indígenas — relembra Adriana.
No município de Juína, no Mato Grosso, por exemplo, aproximadamente 60% da cidade são habitados por indígenas. É aí que começa o olhar diferenciado do programa. No final do ano passado, o Protocolo Indígena foi tema de diversas palestras realizadas em dois dias de evento na Aldeia Curva, na Terra Indígena Erikbaktsa. Na ocasião, estiveram presentes cerca de 400 pessoas de etnias variadas do Mato Grosso.
Para o assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, Luiz Antonio Correia de Carvalho, o “Amazônia sem Fogo” é fundamental não só para a redução das queimadas, como para o desmatamento e da pobreza. Compreendendo esta importância, foram assinados 60 protocolos municipais – acordos firmados entre os variados atores da sociedade, como universidades, órgãos públicos, sindicatos e associações. A finalidade é cooperação mútua, onde cada setor se compromete em melhorar as condições sócio-ambientais de sua respectiva região.
A perspectiva dos responsáveis é de que transcendam as cidades e alcancem a esfera federal. Segundo o Ministério do Meio Ambiente encontra-se em construção, junto ao governo brasileiro, a implantação de política pública permanente, devido aos resultados atingidos nesses 10 anos de experiência e análise.
— Muitos resultados foram obtidos nos campos ambiental, social e econômico quanto à utilização de práticas alternativas ao uso do fogo, mudança cultural, formação de brigadistas, entre outros. Porém, há muito a ser feito nesta temática para não se perder a continuidade dos resultados deste processo — conclui a Engenheira Florestal, Adriana Amaral.