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Outra tropa

13 de maio de 2011 - Por Comunità Italiana

Pela primeira vez, a história dos pracinhas brasileiros é resgatada em longa-metragem filmado na Itália

{mosimage}Em 16 de julho de 1944, um dia ensolarado e quente que anunciava o verão no Mediterrâneo, o golfo de Nápoles assistia ao desembarque dos primeiros cinco mil soldados do primeiro escalão da Força Expedicionária Brasileira, oriundos de todas as regiões do país. A principal missão dos oficiais do único país da América Latina a enviar tropas para a segunda guerra mundial era combater os exércitos do Eixo, ao lado dos Aliados, junto aos Montes Apeninos. Apesar de vitoriosa, a missão contabilizou 465 mortos e 2.762 feridos, de um total de 25.324 homens.

A trajetória dos pracinhas será exibida, pela primeira vez, nas telas do cinema. As filmagens de A Montanha foram totalmente realizadas em solo italiano e duraram seis semanas, entre fevereiro e março. A produção é assinada por três países: Brasil (3 Mundos Produções e Primo Filmes); Italia (Verdeoro) e Portugal (Stopline Filmes).

O elenco conta com atores como Daniel de Oliveira (que interpretou Cazuza no cinema), Julio Andrade (Hotel Atlântico), Thogun (Tropa de Elite) e Francisco Gaspar (A Casa de Alice). O lançamento durante o Festival de Veneza, em setembro deste ano, é a meta dos produtores, apesar de faltarem apenas quatro meses para o evento.

— Sei que é uma corrida contra o tempo. Mas estamos empenhados. Assim que eu terminar esta entrevista, vou direto para a montagem — contou à reportagem o diretor Vicente Ferraz.

A história desenrola-se em meio a um encontro entre combatentes de diversas nacionalidades: enquanto o italiano Sergio Rubini (Colpo d’occhio) interpreta um “repubblichino” que deserta as forças fascistas, o alemão Richard Sammel (Bastardos Inglórios) vive um coronel do exército nazista cansado da guerra. Ambos conhecem quatro oficiais brasileiros que passam por um ataque de pânico, perdidos na neve e no frio da montanha. A eles, junta-se um jornalista brasileiro, interpretado pelo ator português Ivo Canelas.

— O Sergio Rubini ficou encantado quando leu que o projeto era sobre soldados brasileiros, enquanto Sammel, a principio, não queria fazer novamente um soldado alemão. Ele mudou de ideia quando soube que seria um oficial  capturado por brasileiros, e se apaixonou pela história — revela Vicente Ferraz.

 

Ao som de caças

O set privilegiou as belas localidades apeninas do Friuli, na província de Pordenone, e passou por cidades como Polcenigo e Aviano – esta última, sede de uma base aérea da OTAN, operada pelas forças aéreas dos Estados Unidos. O período das filmagens coincidiu com as primeiras operações das forças ocidentais rumo à Líbia. O hotel onde a equipe estava hospedada ficava exatamente em frente à base.

— Estávamos filmando em Piancavallo, um lindo e silencioso lugar, onde há uma estação de esqui. Mas, de vez em quando, ouvíamos barulhos de caças e de exercícios de tiro, o que chegava a incomodar — relata o diretor.

Sabe-se que o uniforme vestido pelos soldados em 1944 não era apropriado para a temperatura local: no inverno, os termômetros acusam, em média, 10 graus abaixo de zero. Os atores usaram peças de colecionador, para que o vestuário fosse original da época. Apesar de usarem roupa interior térmica, eles reclamavam do frio – e “com razão”, observa Vicente. Ele mesmo conta que, no fim do dia, apesar de usar botas e luvas preparadas, sentia mãos e pés congelados.

As cenas incluem muita neve, que caiu em grande quantidade, apesar de ter chegado alguns dias após o previsto. As filmagens contaram com uma recriação do ambiente toscano-emiliano nas montanhas friulanas. Isso porque a participação brasileira aconteceu, na realidade, nos apeninos entre Pistoia e Bolonha, onde ocorreu a famosa batalha de Monte Castello. No entanto, a região Friuli-Venezia Giulia financiou parte do filme.

Esquecimento

Para o cineasta, de 46 anos, a história dos pracinhas acabou esquecida pela sua geração.

— Vivemos o final do regime militar, e qualquer tema ligado às Forças Armadas afugentava muito as pessoas. O exército brasileiro, hoje, é legalista e presta um serviço incrível à cidadania. Não se pode relacionar o exército daquela época com o atual — avalia.

Vicente comenta que a participação dos brasileiros na liberação das cidades próximas das montanhas apeninas não é muito conhecida pela população italiana das grandes cidades.

— As pessoas me perguntavam mas os brasileiros estavam com os aliados ou com Mussolini? No entanto, quando passei por cidadezinhas como Gaggio Montano (província de Bolonha), que foram libertadas pelos brasileiros, as pessoas, principalmente as mais idosas, guardavam com emoção o fato na memória — narra.

Apesar de desenrolar-se em meio ao maior conflito bélico do século 20, “A Montanha” não é um longa de gênero – e, bem mais – um filme sobre o anonimato, defende o diretor:

— Trata-se de uma situação limite que se passa na guerra, de um encontro de pessoas. Esse é um filme de paz, que privilegia as relações humanas. Acho que os brasileiros de origem humilde que lutaram no coração do Ocidente ficaram um pouco anônimos. Gostaria que as pessoas se comovessem com o filme.

A trilha sonora promete refletir a cultura heterogênea dos soldados que lutaram na Itália — com ritmos nordestinos, barroco mineiro e samba dos anos 1940. O diretor antecipa que um dos personagens da história é um combatente que também é compositor de samba da época.

 

Financiamento

O orçamento previsto para o filme A Montanha é de oito milhões de reais. Desse total, ainda faltam três milhões para serem captados. O financiamento chegou através da Lei Brasileira do Audiovisual, do Friuli Venezia Giulia Film Comission e do Ministério italiano da Cultura.

— Gostaríamos que tivesse uma empresa italiana grande que apoiasse o filme para fecharmos o orçamento — anuncia o diretor.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.