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“Meu funeral”

13 de junho de 2011 - Por Comunità Italiana

PDL vai à lona nas eleições administrativas, apontadas por Berlusconi – antes do voto – como  pleito de avaliação de seu governo. E há uma “guerra nuclear” pela frente

{mosimage}A Milão de “Milano Due”, o mítico bairro construído por Silvio Berlusconi nos anos 70 e cavalo de batalha do premier em seus anos de política, galopa sem freio. Letizia Moratti, prefeita da cidade e candidata à reeleição nas eleições de maio foi superada pelo candidato da coalizão de centro-esquerda Giuliano Pisapia, o que provocou um vendaval quase incontrolável nos palácios do poder. Com 55% dos votos, Pisappia derrotou a preferida de Berlusconi após haver forçado um segundo turno em quase 20 anos de predominância da direita na cidade.

O sofrimento de Berlusconi não representa apenas o dano emocional de perder o controle da “sua Milano”, fonte de seu império e marca do seu poder como empreendedor de sucesso e político de ascensão fulminante. Berlusconi decidiu ir além e se envolver pessoalmente na disputa, sentando-se à mesa e apostando alto em seu próprio charme eleitoral para empurrar seus candidatos. Em Milão, o premier trabalhou como puxador de votos para La Moratti, fez comícios e declarações públicas cotidianas em clima de tudo ou nada.

O resultado foi desastroso. Silvio Berlusconi amealhou a metade dos votos que havia recebido em 2006: 27 mil dos 53 mil da eleição passada. Para piorar, antes da votação, o premier foi categórico em postar as eleições de Milão como uma espécie de referendo para seu governo. “Se não faço 53 mil votos a esquerda faz meu funeral”, disse em 18 de maio do palanque do último comício.

O desempenho do Popolo della Libertà na capital lombarda é atribuído a uma declaração de Letizia Moratti ainda no primeiro turno. Em sua última fala no debate derradeiro com Pisapia, acusara o concorrente de ter roubado um furgão durante os anos de chumbo na Itália. O carro teria sido usado, depois, para um sequestro. Como Moratti era a última a falar, Pisapia não pôde se defender ao vivo. A polêmica instaurou o caos entre as duas coligações logo após o programa por um detalhe que Moratti ‘esquecera’ de mencionar: Pisapia fora declarado inocente pela Justiça em 1985. Mais: poderia ter recebido uma anistia anos antes, mas se negou a aceitar o conselho de seus advogados e enfrentou o processo até o final. Crente de sua inocência, venceu.

Após fechadas as urnas, a coligação de centro-direita teve a real dimensão do debate. Partidos de centro-esquerda – sobretudo o Partito Democratico – que entraram no pleito divididos e enfraquecidos acabaram se fortalecendo.

As eleições em Milão dividiram atenções com as de outras três cidades cruciais: Napoli, Torino e Bologna. As duas últimas foram arrebatadas pela centro-esquerda ainda no primeiro final de semana de votação – um peso para futuros pleitos nacionais. Na Napoli do Vesúvio, dos castelos, do mar azul e das toneladas incontáveis de lixo ainda hoje espalhadas pelas ruas, uma surpresa levou o candidato de Berlusconi, Giovanni Lettieri, a encarar um segundo turno duríssimo. O oponente era Luigi de Magistris, candidato do partido Italia dei Valori que, assim como o presidente da legenda, Antonio di Pietro, é um ex-magistrado conhecido nacionalmente por importantes investigações contra corrupção pública, mas também por ter sido acusado judicialmente por abuso de poder nas investigações. Entre acusações e polêmicas de ambas as partes, de Magistris soterrou Lettieri amealhando 65% das preferências no segundo turno e se tornando prefeito da cidade.

As derrotas em Milão e Napoli se deram em um contexto desfavorável ao governo. Em meados de junho a Itália passa por um referendo popular nacional sobre a reativação de seu programa atômico. No ano passado, Berlusconi havia selado contratos com Nicolas Sarkozy para importar tecnologias francesas com intuito de construir centrais nucleares, ausentes no território do país. Com aquisição de assinaturas em várias cidades, no entanto, grupos de pressão contrários à proposta conseguiram aprovar na Câmara e no Senado uma votação para que os italianos se manifestem sobre o assunto.

O programa atômico já havia sido interrompido em 1987 (quando duas centrais já estavam em construção, o que representou prejuízo de trilhões de liras) porque 80% dos italianos disse ‘não’ ao nuclear. Hoje, apenas 12% do consumo é gerado em território nacional. A balança desfavorável faz com que o país gaste 30 bilhões de euros por ano com importações de gás, petróleo e também energia atômica produzida em centrais da França. A conta, como não poderia deixar de ser, é paga pela população: a luz italiana é a mais cara da Europa.

O medo de acidentes nucleares movem as bandeiras contra as centrais. A dificuldade maior, a princípio, seria convencer a população a votar. Mesmo que os planos de Berlusconi caiam por terra no referendo, o plebiscito será considerado nulo caso não haja quorum de ao menos 50% dos eleitores. Um dado preocupa os ativistas e pode fazer uma das poucas alegrias de Berlusconi nesse meio de ano. No primeiro turno das eleições municipais, 51,9% dos eleitores compareceram às urnas. A bola bateu na trave e entrou. Dono do Milan, o primeiro-ministro deve andar de dedos cruzados para ver se, no próximo chute, a rede não balança. Paradoxalmente, seria um gol e tanto.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.