O centro Uni-Italia explica o que é preciso para poder estudar no país e como funciona o sistema universitário italiano
O sonho ou a oportunidade de estudar na Itália atrai a cada ano muitos estudantes brasileiros. Porém, o caminho nem sempre é fácil e as dificuldades podem desanimar aqueles que querem frequentar um curso universitário no Belpaese, pois o sistema universitário é diferente e é preciso um visto de estudante. Em 2010, o Ministério italiano dos Assuntos Exteriores e da Cooperação Internacional (MAECI), o Ministério italiano da Instrução, da Universidade e da Pesquisa (MIUR), o ministério italiano do Interior e a Fundação Itália China fundaram o Uni-Italia, com o objetivo de atrair os estudantes e pesquisadores estrangeiros para as universidades italianas e as instituições AFAM (Alta Formação Artística e Musical), promover a oferta formativa italiana e apoiar a cooperação universitária entre a Itália e os outros países. Atualmente, o Uni-Italia está presente em vários países, como China, Indonésia, Vietnã, Irã, Índia e Brasil. Há a possibilidade de abertura de novos centros nos Estados Unidos, México, Israel, Argentina, Turquia, Coréia, Albânia, Omã, Jordânia, Rússia, Colômbia, Chile e Egito.
Os centros do Uni-Italia no exterior estão localizados nas sedes das embaixadas e consulados italianos, enquanto o centro principal está na Itália no palácio da Farnesina, sede do Ministério das Relações Exteriores.
No exterior, os centros fornecem informações sobre a oferta didática aos alunos interessados em prosseguir seus estudos na Itália, além de oferecer apoio nos procedimentos de pré-matrícula e prestar assistência às universidades estrangeiras interessadas em colaborar com as universidades italianas. Na Itália, a associação fornece assistência aos alunos estrangeiros durante todo o período de permanência por meio de tutores próprios que os auxiliam nos vários estágios da vida acadêmica.
Situado em Brasília, o centro Uni-Italia é a única sede no Brasil, e este mês completa cinco anos. De acordo com o diretor da associação no Brasil, Ivano Bellino, em 2013, o Brasil foi escolhido porque na época tinha o programa Ciências sem Fronteiras. Além disso, era um período em que houve muita mobilidade de estudantes brasileiros indo para outros países, entre os quais a Itália. Porém, o programa terminou alguns anos depois.
— Apesar disso, os brasileiros continuam querendo estudar na Itália. Com certeza, a crise atual tem empurrado a demanda, pois há um grande interesse em estudar e também em tentar viver na Itália. Por outro lado, é inegável que a tradição da Itália e o interesse dos brasileiros coloquem o país entre os primeiros lugares em suas escolhas — afirma à Comunità Bellino, originário de Turim.
Para estudar na Itália e frequentar um curso universitário são necessários 12 anos de escolaridade.
— Se o aluno termina o ensino médio totalizando 11 anos, ou seja, oito de ensino fundamental e três de ensino médio, é requerido um ano integrativo adicional numa universidade. Porém, desde 2006/2007, com a aplicação da nova lei brasileira, que estendeu para nove anos o ensino fundamental, a partir de 2019, os alunos que terminam o ensino médio já podem se inscrever em uma universidade italiana porque terão atingido os 12 anos de escolaridade — informa o diretor.
Cursos de master não exigem pré-matrícula
Caso o estudante já possua uma graduação no Brasil e queira ingressar em um master na Itália, Bellino explica que depende do número dos anos de estudos, pois geralmente se acede após cinco anos com uma laurea magistrale, porém, às vezes, as universidades italianas lançam cursos próprios que aceitam estudantes com uma graduação de menos anos, ou seja uma laurea triennale.
— Os procedimentos de pré-matrícula são estabelecidos pelo Ministério da Instrução da Itália e se aplicam exclusivamente a estudantes de lauree triennali e lauree magistrali a ciclo unico. Aqueles que querem frequentar um master não precisam da pré-matrícula. Depois, os alunos se dirigem ao Consulado ou à Embaixada italiana com uma carta de aceitação da universidade ou uma pré-matrícula para pedir o visto — diz Bellino.
Recentemente, o Ministério publicou os procedimentos para a emissão de visto de estudo para o ano acadêmico 2018/2019 e, entre os requisitos, o aluno deve demonstrar ter meios econômicos de subsistência para a estadia planejada não inferior a 453,00 euros por mês, equivalente a 5.889 euros anuais.
Se o estudante tiver a dupla cidadania ítalo-brasileira, não precisa de visto, porém, precisa apresentar ao órgão consular italiano uma declaração de valor, ou seja, uma descrição do título de estudo para que possa se inscrever em um curso na Itália compatível com a sua qualificação no Brasil.
Ao ser questionado sobre a certificação de língua italiana, Bellino explica que o aluno precisa apresentar um certificado de nível B2 do Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas (CEFR) ou pode fazer um exame de italiano nas primeiras semanas de chegada na Itália. Porém, caso não passe na prova, deverá retornar ao Brasil.
— Os Institutos de Cultura Italiana em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, têm sessões específicas para a certificação de italiano como língua estrangeira — complementa o italiano.
O diretor destaca a oportunidade para o estudante estrangeiro de concorrer a várias bolsas de estudo, como é o caso do programa Invest your talent, promovido pelo MAECI, ICE e Uni-Italia, ou também há bolsas oferecidas pelo governo italiano que, em breve, publicará o edital, além das bolsas das próprias universidades italianas para projetos ou cursos.