Reinventar-se
No último dia 7 de setembro, enquanto por aqui tínhamos os desfiles pela Independência, com um orgulho nacional bem elevado pelo crescimento brasileiro dos últimos tempos, o Senado italiano aprovava um pacote de austeridade de € 45 bilhões, com o objetivo de convencer os investidores de que a terceira maior economia da zona do euro não será arrastada para a crise da dívida.
O governo recebeu voto de confiança também na Câmara dos Deputados no dia seguinte, em regime de urgência, e aumentou o volume do aperto após a queda dos mercados motivada por preocupações com a estabilidade financeira do país.
Com o pacote, o país deve atingir o equilíbrio do orçamento até 2014. O plano inclui redução de isenção de impostos, cortes em aposentadorias, um tributo sobre aplicações financeiras, repasse de despesas médicas para os cidadãos e um compromisso de privatizar algumas estatais (correios e ferrovias, entre outras). Mas a maior parte dessas ações ficará para 2013 e 2014. Também há 16 medidas visando estimular o crescimento da economia, como isenções tributárias para pesquisa e novos contratos trabalhistas baseados em ganhos de produtividade.
E a Europa confia no destino da economia italiana para dar fim à crise financeira do bloco. Uma crise que tem a intervenção direta de especuladores. Uma verdadeira guerra entre os Senhores das bolsas e os estados, que são afetados diretamente vendo-se obrigados a implementar planos emergenciais contra suas próprias populações. Os constantes alertas das empresas de classificação de risco Moody’s e Standard & Poor’s rebaixando as notas dos países mostram que quanto mais a especulação atua apostando em catástrofe, mais as economias são afetadas negativamente.
Assim, os estados ficam a mercê deste sistema, como a própria Itália que precisou corrigir os valores do pacote em mais de 10% em menos de uma semana devido à piora das contas.
Este fenômeno não é novo e caracterizou outras crises do capitalismo ocidental.
Com a globalização, o cassino mundial está aberto 24 horas e as apostas de praças fechadas pelo fuso são influenciadas pelas abertas. Tudo com tecnologia que permite movimentações rapidíssimas de compra e venda. E é importante lembrar que este mesmo mercado que arruína países, também leva liquidez, investimentos, serviços financeiros. Portanto é preciso regulá-lo, mas é fundamental que os governos tenham líderes capazes de tomar decisões justas. Depois é esperar para que tudo volte ao normal, pois neste campo, ganha-se quando desce e quando sobe.
A Itália tem uma capacidade grande de adaptação e enfrentamento de momentos econômicos ruins. É um país com uma grande capacidade de economia e com estrutura para adaptar-se.
A adversidade é fundamental para o ajuste das políticas e para o surgimento de iniciativas locais e regionais. É importante que o país se organize e volte a estimular a difusão de tecnologias e a formação de recursos humanos. A conquista de mercados internacionais nos anos 90, principalmente por grupos de empresas da Terceira Itália, teve como substrato de competitividade a diferenciação do produto, possibilitada pelas formas organizacionais adotadas, pelo gerenciamento das novas tecnologias e pela excelência do design.
É hora de tomar as decisões acertadas e investir no que a Itália tem de melhor.
Boa leitura!