{mosimage}Novo técnico
Quando Silvio Berlusconi deixou oficialmente seu posto em 12 de novembro, teve quem o aplaudisse e quem o xingasse. Teve quem ainda o elogiasse no edifício de Montecitorio, sede da Câmara dos Deputados, à tarde, e teve quem arremessasse um sapato contra seu carro oficial na saída do Palazzo Quirinale, residência do presidente da República, à noite. Como uma vitória de time de futebol, milhares foram à via do Plebiscito, do sábado à madrugada de domingo, em frente ao Palazzo Grazioli, ex-morada do premier, comemorar o fim do presidente do Milan e ex-presidente do Conselho dos Ministros, entoando coros de “maiale, in galera”, “vergogna/vergogna”, “Bella ciao”, “bunga/bunga”. Moedas de 10 e 20 centavos foram arremessadas em direção ao portão do cavaliere. Assim, após 1.283 dias de governo, se acaba a era berlusconiana. Somadas a sua primeira legislatura (de 2001 a 2005) a esta que se finda, foram 3.336 dias de poder. Os dois mais longos executivos do pós-guerra.
Uma derrota não imposta pelas urnas, onde Berlusconi sempre teve grande consenso em 17 anos de idas e vindas, mas pela crise internacional e pela debilidade em conduzir o país diante de uma turbulência econômica e administrativa. Mas agora é hora de uma solidariedade nacional, um máximo esforço de unidade, de encontrar denominadores comuns entre adversários políticos para percorrer juntos uma estrada que mostre ao mundo o potencial italiano. Não é admissível que sejam os banqueiros a controlar o destino deste povo. Certo é que se chegou a este ponto pela orquestração de especuladores. Como certo é que se deixou acontecer. Como um navio à deriva o débito público aumentava sem nenhuma reforma. Como numa pelada entre amigos só entravam no jogo os mais chegados e, principalmente, as mais chegadas, sem preocupação com méritos. E o empreendedor-premier, marcado pelos escândalos sexuais, se perdeu no campo que lhe era mais fértil e badalado: o da economia e suas relações com o mundo empresarial. Um paradoxo que custa caro aos 60 milhões de italianos dentro do território e outros tantos milhões no exterior.
É hora de seriedade e retomada de valores fundamentais para que a Itália dê uma guinada e supere este estágio com a arte e o gosto pelo trabalho que lhe é característica.
Graças ao presidente da República, Giorgio Napolitano, o timão da embarcação foi retomado e não vemos um afundamento catastrófico. A partir de agora teremos o governo técnico do neo-empossado primeiro ministro Mario Monti. Nascido em Varese, em 19 de março de 1943, se formou pela Bocconi em 1965, onde hoje é presidente. Considerado um dos mais importantes economistas italianos, foi indicado pelo próprio Berlusconi como comissário europeu em 1994 e depois reconfirmado pelo governo de centro-esquerda de Massimo D’Alema. Sob sua direção, a Comissão européia impôs uma multa de 497 milhões de euros contra a Microsoft por violação de norma antitrust. Ele é considerado o nome ideal pela Europa porque defende o bloco e a Itália em acordo com os princípios do mercado comum europeu. Agora, esperamos para saber se ficará até o fim desta legislatura, em 2013, ou se teremos eleições antecipadas na primavera italiana de 2012. Mas uma coisa é certa, Monti dá fôlego à Europa.
Boa leitura!