“Queria conhecê-lo pessoalmente. Ele é meu herói”, afirmou Orbán, que governa a Hungria desde maio de 2010 e é acompanhado de perto por Bruxelas, devido a suas ações para reduzir a independência do Judiciário e da imprensa. Além disso, o país aprovou a prisão automática de migrantes que entrarem em seu território.
A reunião, que não teve caráter oficial, durou cerca de uma hora e, segundo Salvini, foi marcada por uma “discussão longa e construtiva”. “Estamos perto de uma reviravolta histórica para o futuro da Europa. Hoje começa um percurso de encontros”, afirmou o ministro, já de olho nas eleições europeias de 2019, quando os soberanistas tentarão se unir para conquistar Bruxelas.
Orbán, por sua vez, incitou Salvini a “não recuar” na batalha contra os migrantes. “Daremos toda a ajuda possível para a defesa das fronteiras”, ressaltou o premier húngaro.
O ministro do Interior tenta forçar a União Europeia a dividir com a Itália o peso do primeiro acolhimento aos deslocados internacionais resgatados no mar, mas se aliou justamente ao país que mais tem travado os programas de redistribuição do bloco.
De acordo com o último relatório da agência da ONU para refugiados (Acnur), a Hungria acolhe apenas 5,7 mil deslocados internacionais, menos de um décimo dos 167,3 mil abrigados em solo italiano. Essa cifra corresponde a 0,06% da população húngara, índice que é de 0,58% no caso italiano.
“Bruxelas diz, assim como alemães, franceses e espanhóis, que sua política consiste em gerir a migração da melhor maneira possível. Nós, do campo oposto, dizemos que o objetivo não é gerir a migração, mas interrompê-la. Eu e Salvini somos da mesma posição”, declarou Orbán.
Durante o encontro, algumas milhares de pessoas se reuniram em uma praça de Milão para protestar em defesa de uma “Europa sem muros”. O ato também teve a presença de refugiados, que levavam cartazes com a frase “Salvini, ministro do Inferno”.