O Mercosul almeja fechar um acordo de livre-comércio com a União Europeia (UE) até os três primeiros meses de 2019, antes das eleições do Parlamento Europeu em maio, afirmou na quinta-feira (6) o chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa.
“Há acontecimentos políticos, entre outros, a mudança do Parlamento na UE, e, portanto, a mudança de alguns comissários, que será em abril ou maio, o que nos aponta que deveríamos ter uma data-limite nos primeiros três meses do ano que vem”, declarou Nin. “É nossa aspiração”, acrescentou.
Nin, cujo país preside o bloco, se reuniu com seus pares de Brasil, Argentina e Paraguai para chegar a um consenso de proposta antes da nova rodada de negociações técnicas que será celebrada na semana que vem em Montevidéu.
A UE e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) iniciaram quase duas décadas de negociações em busca de um acordo de livre-comércio que ficaram estagnadas durante alguns anos.
Mas as negociações continuam estagnadas, em temas como a proteção das indicações geográficas, acesso ao mercado europeu ou o ritmo de liberalização do setor de autopeças sul-americano.
Nin garantiu que há duas “assimetrias” dificultando o acordo. Segundo ele, o Mercosul oferece “seu mercado inteiro” contra “porções do mercado” oferecidas pela UE.
“O outro assunto é que a UE tem um nível de subsídios para muitos de seus produtos que tornam a negociação muito desvantajosa e, portanto, o comércio entre os dois blocos”, acrescentou.
A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmstrom, insinuou neste mês que as tratativas precisam de um “impulso final”.
Nin também se referiu aos questionamentos sobre o Mercosul que o futuro presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez.
A postura de Bolsonaro gerou incerteza na UE. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a chegada dele ao poder poderia ter “repercussões” nas negociações Mercosul-UE.
Nin disse que teve uma reunião com o futuro chanceler brasileiro Ernesto Araújo, sem especificar data, e garantiu que os quatro países do Mercosul continuarão mantendo “as mesmas boas relações que até agora.
(AFP)