{mosimage}A italiana Alice Bianchi, ferida por um adolescente na ONG onde atuava como voluntária, recebe visita de cônsul e revela que quer cotinuar sua missão
A notícia da agressão sofrida pela savonese Alice Bianchi no dia 28 de setembro comoveu a população e teve grande repercussão no Brasil e no exterior. Aos 24 anos, Alice prestava serviço como voluntária na Casa do Menor São Miguel Arcanjo, em Nova Iguaçu, município do Rio, quando foi atingida com uma pedrada na cabeça por um dos adolescentes atendidos pela ONG. O fato aconteceu oito meses após sua chegada ao país, para onde foi encaminhada juntamente com outros três jovens pela Caritas italiana de Mondovi.
Alice foi levada imediatamente para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, de onde foi transferida para o Hospital dos Servidores da capital fluminense, onde recebeu, ao lado da mãe, no início de outubro, a visita do cônsul do Rio Mario Panaro.
Apesar da violência sofrida, o desejo de Alice é o de continuar prestando serviço de voluntariado na Casa do Menor São Miguel Arcanjo. Ainda é cedo para se confirmar, porém, se ela poderá retornar à sua missão, o que depende do seu estado de saúde: ainda não há previsão de alta.
— Visitei Alice Bianchi no hospital e os médicos diagnosticaram um pouco de trauma na parte posterior da cabeça, além de feridas no abdômen. Ela ainda está traumatizada e, felizmente, não há danos internos. Suas condições tendem a melhorar e ela se alimenta de forma autônoma — declarou Panaro à Comunità.
Além disso, a italiana continua realizando exames para que os médicos acompanhem as eventuais consequências da agressão.
As pessoas presentes durante o ocorrido relataram que, além de atingi-la com uma pedra, o que a fez desmaiar, o adolescente tentou afogá-la em um tanque.
— Alice não pode dar declarações por causa do seu quadro clínico. Sua mãe, que veio da Itália para acompanhar a filha, também ainda está muito comovida com o que aconteceu, mas me disse que, assim que estiverem dispostas, a ONG organizará uma coletiva de imprensa — informou o cônsul Panaro.
A vice-presidente da ONG, Lucia Inês Cardoso da Silva, conta que Alice realizava atividades de artesanato com as crianças e os adolescentes duas vezes por semana e que apresentava um comportamento de tranquilidade e maturidade.
— Ela tinha uma boa relação com ele (o jovem de 16 anos que a agrediu). Eles conversavam bastante, e ela lhe dava conselhos. Por isso, acreditamos que tenha sido um surto. É uma moça muito madura, com uma postura muito tranquila com as crianças. Eles a escutavam bastante — contou à Comunità.
Formada em ciências da comunicação pela universidade de Turim e tendo cursado o liceu com orientação em psicopedagogia, a jovem recebeu uma sólida preparação pedagógica e cultural sobre a realidade do Brasil e sobre a difícil situação infanto-juvenil que encontraria.
De acordo com o comunicado divulgado pela diretoria da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, Alice teria declarado que os menores atendidos na instituição são violentos por que não são “amados” e que isso pesou em sua decisão. “Alice declarou que pretende continuar seu serviço de voluntariado (…) até o final do período acordado — janeiro de 2013”. A nota ainda informa que o ministro para a Cooperação Internacional e Integração da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, professor Andrea Riccardi, enviou uma carta de solidariedade e de apoio à Casa do Menor e à Alice, na qual expressou gratidão pelo serviço civil nacional desenvolvido no Brasil. O menor encontra-se sob a guarda do Estado e, antes do ocorrido, não havia protagonizado episódios de agressão, relata Lucia Inês.
A Casa do Menor São Miguel Arcanjo foi fundada em 1986 pelo padre Renato Chiera e tem como missão acolher crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos) em situação de risco pessoal, vulnerabilidade social e dependência de álcool ou drogas. Através da acolhida em lares, do acompanhamento psicológico e espiritual, da escolarização e das atividades lúdicas, esportivas, culturais e de profissionalização, a instituição busca dar protagonismo e cidadania aos adolescentes.