{mosimage}Oitava edição do Festival Pirelli do Cinema Italiano realiza mostra dedicada à obra do ator Giancarlo Giannini, que esteve no Brasil especialmente para o evento
O ator Giancarlo Giannini foi uma das grandes estrelas da oitava edição do Festival Pirelli do Cinema Italiano, que agitou São Paulo de 26 de novembro a 13 de dezembro. O ator que participou de mais de cem filmes e é conhecido da nova geração por filmes hollywoodianos como Caminhando nas Nuvens (1995), Hannibal (2001) e Chamas da Vingança (2004), ganhou uma retrospectiva especial na mostra e conversou com a imprensa e o público no primeiro dia do evento, no Museu da Imagem e do Som.
A história de Giannini vai além de sucessos como o personagem Rene Mathis em dois filmes da franquia 007, Cassino Royale (2006) e Quantum of Solace (2008): de Visconti a Ettore Scola, passando por Mario Monicelli e Lina Wertmuller, ele foi dirigido por alguns dos nomes mais significativos do cinema italiano. Sua trajetória inclui uma indicação ao Oscar por Pasqualino Settebellezze (1976).
— Tive a sorte de trabalhar com diretores e atores fantásticos, que me formaram na comédia italiana. Foi realmente uma sorte encontrar grandes roteiros e grandes personagens. Os cineastas italianos são muito fantasiosos, talvez os mais fantasiosos do mundo. Meu encontro com eles foi uma grande experiência humana, que me deu a capacidade de pensar.
Entre seus trabalhos marcantes, Giancarlo cita Amor e Anarquia (1973), dirigido por Lina Wertmüller, em que viveu o anarquista Tunin.
— Era um personagem muito bem construído, que tinha olhos muito vivos, um sorriso de gato e encarava a aventura com muita naturalidade — comenta.
O papel de Pasqualino Settebellezze, um de seus maiores sucessos, um homem desertor do exército italiano que faz de tudo para sobreviver em um campo de concentração, é apontado por ele como um trabalho difícil.
— Foi muito difícil gravar em um campo de concentração, mas é um personagem muito forte, real, que encontra forças para viver.
Cinema italiano segue outras direções
Sobre a atual produção cinematográfica italiana, Giannini acredita que o cinema mudou e que isso afetou filmes produzidos em qualquer lugar do mundo.
— Os italianos sempre foram bons para fantasiar. Tínhamos ótimos roteiristas e diretores, mas o cinema mudou e segue outra direção. A imagem foi muito contaminada. Fellini já dizia: ‘Vamos ao cinema como se fôssemos a um museu’. Antigamente, dependíamos da luz natural para criar efeitos especiais. Agora, com alguns botões, fazemos tudo. Ainda existem muitas histórias boas, mas em outras direções — avalia o vencedor do prêmio de melhor ator no Festival de Cannes de 1973 com Mimi – O Metalúrgico.
O trabalho mais recente do ator nascido em La Spezia, na Ligúria, é Ti Ho Cercato in Tutti i Necrologi, rodado em inglês e italiano e recém-lançado na Itália, apresentado pela primeira vez no Brasil dentro da mostra contemporânea do Festival Pirelli, que também promoveu workshops. A edição de 2012 trouxe somente produções italianas recentes e inéditas no Brasil, como Eu e Você, de Bernardo Bertolucci, exibido em Cannes este ano; 10 Regole per far Innamorare, de Cristiano Bortone; e César deve morrer, dos irmãos Taviani, Urso de Ouro no último Festival de Berlim.
A realização é da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo, com o patrocínio da Pirelli e o apoio das leis Rouanet e ProAc. Para o presidente da Pirelli Pneus, Paolo Dal Pino, um dos pontos altos do festival desse ano foi a presença de Giancarlo Giannini.
— Foi muito gratificante promover a interação entre o público brasileiro e um já consagrado ator italiano — comentou.
O evento a cada ano está mais forte, acredita Dal Pino.
— Estamos orgulhosos dos resultados alcançados pelo Festival Pirelli de Cinema Italiano. Unimos a arte, a cultura e a paixão pelo cinema, e isso contribui com o nosso objetivo de fortalecer ainda mais o intercâmbio cultural Brasil-Itália — finaliza.