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Outro marco de Santa Maria

21 de março de 2013 - Por Comunità Italiana

{mosimage}Italianos se mobilizam e prestam solidariedade às famílias das vítimas do incêndio na boate gaúcha. Entre os mortos, dezenas eram de origem vêneta ou trentina

Em meio a tantos nomes de uma listagem insólita de vítimas, surpreende a muita gente a quantidade de sobrenomes italianos. A tragédia que abalou o Brasil em pleno verão, quando mais de 230 jovens morreram devido a um incêndio em uma boate na cidade de Santa Maria (RS), abalou também a Itália e motivou atos imediatos de solidariedade de órgãos, entidades e associações ligados à cidade universitária de 300 mil habitantes. Centro comercial e cultural de uma região conhecida como Quarta Colônia de Imigração Italiana, mais de 60% de sua população tem origem italiana. Os descendentes que se radicaram a partir de 1877cultivam com orgulho a história e a cultura das suas famílias, sobretudo vênetas e trentinas: eles transformaram a região hoje em um dos mais belos roteiros turísticos do país.
Naquele domingo de 27 de janeiro, o Brasil e o mundo acordaram com a notícia, mas o Belpaese já estava mobilizado em torno dos mais de 70 sobrenomes italianos que figuravam nas primeiras listas de mortos. Mensagens de apoio, solicitações de informações e ofertas de auxílios aos familiares chegavam através de associações, órgãos governamentais do mais variados âmbitos, universidades e empresas privadas. Já no domingo, o embaixador da Itália no Brasil, Raffaele Trombetta, manifestou a solidariedade do governo italiano, e também a sua pessoal, colocando-se à disposição para o que fosse necessário. O diplomata salientou o “indissolúvel vínculo de fraternidade” que torna o povo italiano “particularmente sensível ao sofrimento do povo gaúcho”. Informado sobre a morte de duas jovens comprovadamente ítalo-brasileiras, Trombetta enviou suas condolências pessoais e governamentais através de cartas enviadas às residências das famílias.
“Mesmo ciente de que nada poderá aliviar seu sofrimento, rogo-lhe de me considerar à sua disposição, bem como o pessoal italiano em serviço no Brasil”, escreveu o embaixador.
O agente consular honorário em Santa Maria, Oscar José Carlesso, intermediou a maior parte dos contatos oficiais provenientes do governo italiano. Carlesso afirmou que acompanhou a tragédia “com interesse e comoção, haja vista o fato em si e, em modo particular, o grande número de famílias italianas atingidas aqui e na Quarta Colônia de Imigração Italiana”.  Houve ações imediatas de grupos como a Associazione Trentini nel Mondo e o Ente Vicentini nel Mondo, cita. 
O governo da Região do Vêneto, através do consultor local, César Augusto Prezzi, intermediou dezenas de mensagens. Prezzi explica que prefeitos de diversas cidades vênetas que possuem convênios de cidade-irmã com municípios gaúchos — como Arsie, Sospirolo, Schiavon, Cornedo Vicentino e Conegliano — solicitaram os endereços das famílias vênetas que haviam perdido seus filhos.
— Na lista das vítimas havia pelo menos 40 sobrenomes de origem vêneta, principalmente de Treviso e Belluno — explica Prezzi, diretor do Comitato Vêneto do Rio Grande do Sul, que reúne mais de 40 associações vênetas.
O contato com os familiares, porém, foi difícil, pois muitas das vítimas eram de outras cidades.
— Ficou difícil o contato e a ajuda concreta, pois a perda não foi material. Materialmente, não podíamos fazer nada — reconhece o consultor.
Ele destaca que as vítimas eram naturais de comunidades do interior do estado, como Caxias do Sul, Farroupilha, Erechim e os municípios limítrofes a Santa Maria, na Quarta Colônia Italiana.
O prefeito de Arsiè, em Belluno, escreveu pessoalmente aos pais de uma das vítimas, o jovem Roger Dall’Agnol. Na mensagem, salienta como a notícia da morte de um jovem descendente deixou abalada a comunidade local.
“Sentimos-nos muito próximos aos descendentes dos nossos emigrados que tiveram que deixar as nossas terras em busca de um futuro melhor no Brasil”, declarou o prefeito Ivano Faoro na carta à família da pequena cidade de Paraí.
O jornal Corriere delle Alpi, de Belluno, publicou no dia seguinte à tragédia um comunicado do presidente da Associazione Bellunesi nel Mondo, Oscar De Bona, no qual ressaltava as origens bellunesi de muitas das vítimas.

Cidade recebe mensagens de Vicenza e uma missão do Trentino
A província vêneta de Vicenza também ficou abalada com a tragédia. Neto de quatro avós vicentinos e presidente do círculo de Santa Maria da associação Ente Vicentini nel Mondo, Pedro Baggiotto foi o responsável por receber e intermediar os contatos. Ele conta que diversas entidades vicentinas e vênetas se manifestaram, prestaram solidariedade e estavam curiosos para saber como estávamos e quantos vênetos havia entre as vítimas.
— Infelizmente, nos limitamos a tomar conhecimento da tragédia, pois não havia mais o que fazer, o pior já tinha acontecido — lamenta.
Para certificar a proveniência vêneta de cerca de 40 jovens mortos, a maior parte netos de imigrantes, foram realizadas consultas em livros de registros oficiais.
 — Talvez houvesse mais vênetos entre as vítimas, pois muitas vezes o sobrenome não consta no registro oficial — acrescenta.
Na região de Santa Maria, de 50% a 60% da população tem origem italiana, com um percentual de 80% de descendentes vênetos, informa o ítalo-brasileiro. Um grande evento organizado pelo Ente Vicentini nel Mondo estava programado para acontecer em abril na região, porém foi cancelado devido à tragédia.
— Encontramos uma dificuldade enorme para promover o evento, pois há uma tristeza que se abateu sobre a comunidade, principalmente a juventude, que está muito debilitada — afirma Baggiotto, que passa diante do local da tragédia para ir ao trabalho diariamente. É uma cena “muito triste”, constata.
— Sempre há pessoas na frente da boate, flores, fotografias, policiamento constante. A região toda ainda está amortizada.
Também houve comoção na província de Trento, de onde chegaram não apenas mensagens, mas uma verdadeira missão de apoio e solidariedade. O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, ele próprio de origem trentina pelo lado materno, recebeu, comovido, uma delegação formada pelo representante da Associazione Trentini nel Mondo, Cesare Ciola; pelo consultor da província de Trento no Brasil, Edmar Mattuela; e pelo presidente do Circolo Trentino de Santa Maria, Moacir Bolzan, além do agente consular da cidade. Na ocasião, foram feitas propostas não apenas de ajuda material aos familiares das vítimas, mas também de um projeto de intercâmbio de tecnologia de combate a incêndios entre a província trentina e a prefeitura de Santa Maria. O projeto prevê a vinda de especialistas do Trento, região bastante avançada no setor, e o envio de técnicos brasileiros para estágios na Itália, envolvendo troca de experiências em construção, legislação de prevenção de tragédias e treinamento especializado para bombeiros. Moacir Bolzan, professor universitário em Santa Maria, destaca a agilidade da Associação Trentini nel Mondo.
 — Fiquei positivamente surpreso com a agilidade com que a associação se colocou à disposição para colaborar — afirma.
 No entanto, a aprovação do projeto deverá esperar o momento oportuno.
— O momento ainda é de severo envolvimento com a ajuda às vítimas e suas famílias — lembra Bolzan. 

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.