{mosimage}Iluminará?
Na edição anterior, o debate em nossa redação era de quanto tempo duraria o impasse para a eleição do primeiro ministro italiano. Como a capa trazia justamente uma cadeira vazia que representava a instabilidade política e o fenômeno que transformou o jogo da democracia italiana, corríamos o risco de ficar para trás caso algum resultado fosse anunciado. Passaram-se 50 dias das eleições e o cenário continuou o mesmo. Pois, até então, data de circulação desta revista, o Parlamento continuava dividido em três, sem a possibilidade de uma composição. A saída mais provável parece mesmo a histórica união entre centro-esquerda e centro-direita ou novas eleições em breve.
Enquanto as colunas romanas aguardam também a eleição do novo presidente da República, o Vaticano respira aliviado. O argentino Jorge Mario Bergoglio, primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta da história, dobrou o temido conclave ao reunir qualidades de um verdadeiro team leader. Através de demonstração de coerência entre palavras e atitudes, de sua coragem de expor-se, que somente os grandes têm, em poucas semanas o agora Francisco conseguiu trazer bons ares para a Igreja Católica e tirar a nuvem pesada que cobria a casa de São Pedro. Os problemas obviamente não foram resolvidos, mas a quebra do conservadorismo traz ânimo para o enfrentamento de questões caras à humanidade.
Depois de entronizado, o papa Francisco fez questão de receber, antes de todos os outros líderes da fila, a presidente Dilma Rousseff. Uma grande demonstração da importância do Brasil para o catolicismo e a esperança de que a Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada no Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho, seja um palco de sucesso para a primeira viagem internacional do papa Francisco.
Mas, no campo político, a partida em Roma continua longe do paraíso.
Porém, mesmo sem governo definido, entre muitas notícias negativas para a economia italiana, como o aumento do desemprego, outras acendem uma luz de esperança na escuridão. O temido spread, mecanismo que vigia o custo do débito, está menos inchado. A bolsa de valores de Milão está positiva em 6,7%, em um ano. As contas públicas estão mais controladas e a Itália espera segurar o seu déficit abaixo de 3% do PIB. Na outra ponta, as agências de rating, tidas como vilãs, estão ávidas à espera do novo líder do time de governo italiano para dar o julgamento em números. O “novo” deve entender e enfrentar a situação real de gravidade em que se encontra o país ou arrastar a Itália em direção ao abismo. Pier Luigi Bersani e Silvio Berlusconi conversam… Na política, um papa Francisco não existe.
Boa leitura!