{mosimage}Cidade fluminense será a primeira a testar o projeto Flash, fruto de uma parceria com a Itália para alertar a população e a Defesa Civil em caso de perigo de inundaçõe

A ocupação desordenada do solo, a degradação ambiental e as construções de casas em áreas de risco, associadas a intensas chuvas, tornaram a região fluminense mais vulnerável a desastres naturais, frequentes no verão. Segundo a Defesa Civil brasileira, o Rio de Janeiro ocupa o segundo lugar entre os seis estados mais afetados por catástrofes ambientais entre 2007 e 2010. A região serrana fluminense, que abrange Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, foi uma das mais castigadas nos últimos três anos com inundações e deslizamentos. O norte e o noroeste do Rio também registraram dezenas de vítimas e centenas de desabrigados. Para amenizar a situação, foi implantado, em março, na cidade de Itaperuna, no noroeste do estado, o projeto piloto Flash, baseado em um acordo de cooperação entre Brasil e Itália.
Do programa participam os centros de pesquisas das universidades do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o apoio do Departamento de Recursos Minerais (DRM), e com a parceria entre o Instituto do Ambiente do Rio (Inea) e o Ministério italiano do Meio Ambiente (Imels). Através do intercâmbio científico entre os dois países, o Flash vai adaptar a tecnologia italiana à situação geográfica e climática de Itaperuna, ampliando a capacidade de previsão e de prevenção de catástrofes naturais através de satélites. De acordo com o prefeito da cidade, Alfredo Paulo Marques Rodrigues, o mapeamento de riscos irá minimizar impactos ambientais, econômicos e sociais.
— Já está provado que a cada R$ 1 investido em prevenção, economiza-se R$ 7 gastos na reconstrução. O projeto Flash é um sistema de alerta que vai ajudar a informar a população, o comércio e os poderes públicos de que há uma previsão de desastre. Assim, todos poderão evitar que bens sejam perdidos e conseguiremos salvar vidas. Existem outros projetos para prevenir catástrofes naturais em Itaperuna como o aumento do número de fiscais para poder inibir a ocupação ilegal, a conscientização das comunidades que vivem em áreas de risco, e a criação de legislação junto às concessionárias para não ligarem serviços de água, luz e telefone nas casas que não possuírem o Habite-se, que determina se um imóvel foi construído seguindo as exigências locais e do Código de Obras do município — informou Alfredo Rodrigues à Comunità.
O projeto foi lançado oficialmente no dia 11 de março, ocasião que contou com a presença do ministro italiano do Meio Ambiente Conrado Clini. Ele lembrou que o projeto já tinha sido discutido na conferência ambiental Rio+20, no ano passado.
O Flash pretende potencializar o sistema de monitoramento do Inea, através do seu Centro de Controle Operacional (CCO), que integra informações relativas à qualidade do ar, das águas, incêndios florestais, acidentes com cargas perigosas e desastres naturais. O novo sistema prevê a análise de cenários a partir das mudanças climáticas. O Flash se baseia em modelos matemáticos de previsão, que usam o sistema de informações geográficas (GIS) e o DSS – Sistema de Suporte de Decisão. O DSS conta com o Satélite Operacional Geoestacionário (GOS), que melhora o resultado dos cálculos das precipitações geográficas. O DSS também é provido do Radar de Abertura Sintética (SAR), cujas imagens de satélite são capazes de penetrar as nuvens mesmo à noite e com céu nublado para registrar a extensão das áreas que serão inundadas.
— Inicialmente, o Flash utilizará mapas elaborados pelo DRM e pelo Inea, para conhecer áreas de risco. Através das imagens de satélites e do estudo de casos anteriores de deslizamentos e inundações, cálculos serão feitos para prever até onde alcança o volume gerado pelas chuvas. O projeto prevê ainda a adoção de uma estrutura de alarme relacionada à televisão, à internet e às redes sociais para avisar a população e a Defesa Civil. Para aumentar a eficiência do sistema, o Inea está adquirindo dois radares meteorológicos, que permitirão a vigilância das precipitações no estado — concluiu o prefeito de Itaperuna.