Romeo, novo restaurante romano
Em Roma, com a crise, muitos estabelecimentos fecham, mas alguns resolvem arriscar e, com coragem, abrem. Principalmente os restaurantes. Apesar da crise, os italianos não sabem renunciar à boa mesa. Uma abertura recente é o restaurante Romeo, no bairro Prati, perto do Vaticano. Um lugar ultramoderno chique, com decoração ao estilo museu de arte contemporânea, que é o resultado da união de dois campeões: uma padaria e um restaurante já de sucesso na cidade. É possível tanto comer somente um pedaço de pizza, quanto saborear um prato com toda a calma, sentado à mesa. Há vários pratos de frios e queijos, como a burrata com anchovas, uma meia dúzia de massas para escolher e alguns pratos de carne. Os mais ousados vão querer arriscar e pedir um spaghetti com alho, óleo, pimenta vermelha e panetone. Os mais tradicionais, porém, vão preferir o velho amigo spaghetti ao molho de tomate.
Êta homem indiscreto!
No primeiro ano de minha “estadia” na Itália, eu tinha um namorado muito legal, o Paolo, um verdadeiro topa-tudo, que me levava para cima e para baixo em Roma, de vespa. Graças a ele, pude visitar tantos restaurantes e bares e escrever meu primeiro guia sobre a cidade.
Nos finais de semana, às vezes, viajávamos de carro, para explorar algumas regiões. Uma delas foi a região de Marche. Nesta viagem, éramos três casais. Um amigo do Paolo tinha uma casinha numa cidadezinha no meio do nada, perto de um lago, o Lago de Fiastra, de uma tonalidade azul transparente. No caminho de Roma até lá, passamos por campos de girassóis, igrejas, abadias. Foram dois dias maravilhosos, em plena primavera. Depois de um dia cheio, chegamos à tal casinha, cansados. Fomos recebidos por um senhor de idade, que era uma espécie de caseiro, mas que cuidava também do jardim e da parte agrícola da propriedade. Era um daqueles homens de campo simples, trabalhador, de poucas palavras.
No dia seguinte, Paolo e eu acordamos bem cedo e já fomos logo abrir a porta da casa para respirar o ar puro do campo. Demos de cara com o tal caseiro camponês, que estava cuidando do jardim. Paolo entrou novamente dentro de casa para preparar o café e eu fiquei do lado de fora apanhando os primeiros raios de sol. Qual foi minha surpresa quando o senhor de idade me perguntou, de supetão:
“Vocês fazem amor?”
Puxa, será que eu ouvi direito? Pensei. Devo ter ouvido errado, acabei de acordar, devo estar ainda na confusão do sono da manhã, só pode ser. Mas, no fundo, eu sabia que a pergunta era essa mesmo e que ele estava esperando uma resposta.
A primeira impressão que tive foi “Êta homem indiscreto!”. Porém, logo reinou o bom senso e pensei, talvez ele seja um homem simples, do campo, pão pão queijo queijo, com linguagem direta e só estava se informando se o relacionamento era sério ou não.
Fiz um sinal de afirmação, balançando a cabeça, com ar de timidez. Mas achei tudo muito esquisito. E fui falar depois com meu namorado. Que riu e achou que eu estava delirando.
Muitos anos se passaram e tive a oportunidade de dar aulas em Roma para uma pessoa da região de Marche. Contei a história do homem do campo e ele caiu na risada. Depois me explicou. Para as pessoas mais velhas, que falam o dialeto antigo da região, “fazer amor” significa namorar. Elementar, meu caro Watson!