O presidente da Bolívia, Evo Morales, reiterou seu pedido de “explicações” ao governo brasileiro sobre o translado à Brasília do senador da oposição Roger Pinto Molina, que estava asilado na embaixada brasileira em La Paz. Morales também pediu que as autoridades brasileiras entreguem o parlamentar “à Justiça boliviana”. “É importante devolver Roger Pinto à Justiça boliviana para que seja julgado como qualquer autoridade envolvida em temas de corrupção”.
O mandatário rechaçou ainda as afirmações de autoridades brasileiras, segundo as quais Pinto Molina corria risco de vida na Bolívia. “Somos um governo que respeita a vida dos outros cidadãos”, afirmou o mandatário, em uma entrevista. “Na verdade, a vida de Pinto Molina foi colocada em perigo na operação realizada pela embaixada do Brasil”, argumentou Morales, referindo-se ao esquema liderado pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz Eduardo Saboia para tirar o senador da Bolívia e levá-lo a Brasília. O mandatário também disse “lamentar o uso indevido de veículos diplomáticos, violando normas internacionais, que facilitaram a saída ilegal [do senador]”. Segundo Morales, o senador “está e continua sendo processado por atos de corrupção, além de ter quatro mandados de prisão”. “A luta contra a corrupção na Bolívia é um mandato constitucional”, afirmou.
O presidente boliviano também acusou “alguns grupos brasileiros” de tentarem “criar desconfiança entre o governo da Bolívia e o do Brasil”. Roger Pinto Molina chegou ao Brasil clandestinamente no último sábado (24), após passar 15 meses asilado na embaixada em La Paz. O governo brasileiro afirma que desconhecia a operação e o incidente levou à renúncia do então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. (ANSA)