Cabos de aço do bondinho do Pão de Açúcar e estruturas de estádios de Brasília, Salvador e Porto Alegre são assinados por empresa de Trieste
Dizem que Deus é brasileiro e que, entre as maravilhas do mundo, criou o Pão de Açúcar. O bondinho, porém, tem as mãos de um gigante italiano: a Redaelli. Foi a empresa italiana de engenharia que fabricou os cabos de aço do teleférico que diariamente conduz milhares de pessoas para ver a Cidade Maravilhosa do alto. Como um gigante, a Redaelli “toca o céu” com cabos de aço de teleféricos e grandes gruas, a terra com minas e tensoestruturas para pontes e estádios (como os de Brasília, Salvador e Porto Alegre), e as profundezas do mar com as frotas para a extração de petróleo e gás.
Líder mundial do setor, a companhia acaba de bater pela terceira vez consecutiva o recorde do maior cabo de aço do mundo, chamado Flexpack, com um diâmetro de 158 mm, mais de 4 km de comprimento e um peso superior a 430 toneladas: uma tarefa digna de Titãs. Para celebrar o feito, foi organizado um evento em 10 de outubro em Trieste, cidade no nordeste da Itália, onde a Redaelli fabrica o Flexpack. O evento contou com as “feras” do setor, como Giuseppe Coronella, vice-presidente executivo offshore de negócios Unit da Fincantieri; Maurizio Fermeglia, reitor da Universidade de Trieste; Luca Farina, presidente e CEO da Orion; Paolo Portonero, membro da RemaCut; Sergio Razeto, vice-presidente de produto centre 4-Stroke e presidente e CEO da Wartsila Italia; Mauro Piasere, presidente e CEO da Saipem America; Alexandr Shevelev, CEO da Severstal-Metiz; e Maurizio Prete, chefe executivo da Redaelli, que fez as honras de casa.
O cabo de aço Flexpack apresenta um design modular formado de uma base simples, mas extremamente robusta (são cordões entrançados de apenas sete fios). Estas tranças de fio de aço super resistentes representam a solução mais completa para aplicações de levantamento offshore em águas profundas. Para trabalhar em mais de quatro quilômetros de profundidade, são necessários produtos de alta tecnologia por causa das cargas axiais elevadas, além de alta resistência às pressões transversais devido ao seu uso.
Transportar uma estrutura enorme que pesa 430 toneladas requer condições específicas.
— Esforçamo-nos para ser o número um do mundo e por isso escolhemos realizar esta maquina única em Trieste, onde encontramos condições ideais — explica à Comunità o chefe executivo da Redaelli, Maurizio Prete.
A fábrica está localizada em uma posição estratégica em Trieste, sobre um canal navegável com profundidade compatível, na frente de um cais. Ao lado fica outra indústria logística, como a Artoni-Samer, especializada em carregamento marítimo, que transporta também os grandes motores navais da Wartsila, além das bobinas colossais da Redaelli.
Segurança e redução do impacto ambiental
Além de ser o maior cabo de aço do mundo, o Flexpack é o primeiro a possuir uma “Imagine-ID card”. Trata-se de um sistema de monitoramento que filma milímetro por milímetro cada fase do ciclo de vida da estrutura com um controle constante da durabilidade do produto.
— Para nós, a segurança e a prevenção dos acidentes são fundamentais, principalmente porque, no nosso setor, um acidente pode ser fatal. Por isso é importante fazer constantemente uma previsão de duração dos nossos produtos — explica Maurizio Prete.
Ele ressalta a preocupação com o meio ambiente:
— Para reduzir o impacto ambiental, por exemplo, tivemos que mudar o tipo de graxa que usávamos nos teleféricos. A graxa antiga pingava causando danos ambientais, portanto passamos a usar um produto ecocompatível.
A Redaelli no Brasil
A empresa italiana trabalha diretamente com o Brasil, com uma das duas bases operativas no Rio de Janeiro. A outra fica em Shanghai, na China.
— Considere que um quarto das frotas offshore do mundo com o sistema Flexpack estão no Brasil, país que se tornou fundamental em nosso setor — ressalta Prete.
Além das frotas offshore, eles forneceram as tensoestruturas para os estádios Mané Garrincha em Brasília, Fonte Nova em Salvador e Beira Rio em Porto Alegre. Sem contar a ponte pênsil de São Vicente, feita com material da Redaelli.