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Fora do Parlamento

18 de dezembro de 2013 - Por Comunità Italiana
Fora do Parlamento

Fora do ParlamentoCom a cassação, o magnata italiano da mídia não poderá disputar eleições gerais pelos próximos seis anos, mas faz ressurgir Forza Italia

Às 17h43m de uma gélida tarde de novembro, concluiu-se oficialmente a experiência parlamentar de Silvio Berlusconi. O Senado, através do voto em cédula, pronuncia-se a favor da queda do ex-premier, como prescrito pela sentença definitiva para o processo sobre os direitos televisivos do grupo Mediaset e em conformidade com a lei Severino. O dia 27 de novembro de 2013 marca o fim de uma era e o fechamento de um ciclo. Ironia da sorte, propriamente nos mesmos dias, mas exatamente 20 anos antes, começava a aventura política de Silvio Berlusconi. Em 23 de novembro de 1993, ao inaugurar um hipermercado nos entornos de Bolonha, o Cavaliere anunciava o apoio a Gianfranco Fini, candidato a prefeito de Roma contra Francesco Rutelli. O PSI de Bettino Craxi, principal referência política de Berlusconi, poucos meses antes tinha se envolvido no escândalo “mãos limpas”, juntamente com todos os partidos do governo, e abria-se uma fase de vazio político, particularmente perigosa para um grupo como a Fininvest, que naquele tempo trazia nas costas uma dívida de 2.500 bilhões de liras. A resposta do empreendedor milanês foi a criação imediata de um novo partido, que Marcello Dell’Utri “confecciona”, juntamente com alguns dos melhores especialistas em marketing, no decorrer de alguns meses. Surge, improvisadamente, na cena política nacional, algo que quebra todos os esquemas do passado: Força Itália. Duas palavras que são, novamente, o slogan para os torcedores da nação, na qual se reconhecem todos os cidadãos. Em janeiro de 1994, as televisões transmitem a vídeo-mensagem através da qual Berlusconi comunica oficialmente a própria “descida em campo”. Quatro meses depois, o empresário estaria à frente do seu primeiro governo.
Desde então, muito tempo passou, entre escândalos sexuais e judiciários, desencontros institucionais, crises políticas, divisões, traições, gafes internacionais, leis pessoais e contínuas doses de teatro. Agrade ou não, Berlusconi conseguiu mudar o país. A Itália de hoje é uma Itália diferente. E a julgar pelos dados econômicos, é um país que está pior do que há duas décadas.
O dia que marca a conclusão do seu percurso parlamentar foi carregado de tensão. Nos dias que precedem o voto no Palazzo Madama, ele jogou as últimas cartas: anunciou a existência de novos testemunhos que o inocentariam e se diz convicto que a sentença final será anulada. Volta-se aos parlamentares de centro-esquerda e do Movimento 5 Stelle. Anuncia o final do apoio ao governo e completa a última ação de pressão sobre os promotores do seu partido, que, junto aos outros representantes de centro-direita, decidiram continuar apoiando o Executivo.
Uma grossa patrulha, composta por 60 parlamentares e guiada pelo vice primeiro ministro Angelino Alfano e pelos ministros Lupi, Quagliariello, Lorenzin e De Girolamo, decidiu, de fato, não aderir a Força Itália, reagrupando-se na denominada “nova centro-direita”, da qual fazem parte numerosos berlusconianos de primeira hora, como Cicchitto, Formigoni e o mesmo Alfano, que se dizem decididos “a manter em vida o governo, nos interesses do país” e intencionados a “separar os acontecimentos pessoais de Berlusconi dos problemas da Itália”. Para o povo de Força Itália, são traidores sedentos de poder.
A poucas horas da votação do Senado, no curso da discussão em sala, o clima era quente. O fidelíssimo a Berlusconi, Bondi, engaja uma rixa verbal com o extraditado Formigoni, enquanto a senadora Mussolini toma a palavra para falar contra “aqueles preguiçosos hipócritas que deveriam apenas envergonhar-se”.

Para o cassado, “um dia de luto para a democracia”
Às 17h42m, ouve-se magra declaração do presidente do Senado, Pietro Grasso, com a qual Silvio Berlusconi foi formalmente declarado deposto do próprio cargo. Ele — o grande ausente — esnoba a sala e se submete à humilhação pública, mas não se dá por vencido. Escolhe repartir com a sua gente, que enche a praça em frente ao Palazzo Grazioli. Alguém, entre os manifestantes, exibe uma faixa com a escrita “golpe de Estado”.
“Hoje é um dia amargo, um dia de luto para a democracia”, afirma o ex-primeiro ministro.
Depois, ele anuncia o compromisso de uma nova campanha eleitoral: “Nos veremos na praça em 8 de dezembro, o dia no qual festejaremos, também, os primeiros mil integrantes do clube Força Silvio”.
O Berlusconi fora do Parlamento reparte da praça e do espectro comunista, que, desta vez, está encarnado por juízes. Reparte de Força Itália, a mesma que, depois de mutações genéticas feitas com a experiência da Casa della Libertà e del Popolo delle Libertà, decide retornar.
É difícil saber se a decadência do dono de Mediaset tenha sido a palavra final da sua vida política de líder de centro-direita, ou se, do contrário, foi o enésimo ponto para um novo e surpreendente renascimento. Outras vezes, no passado, Berlusconi tinha sido dado por arruinado e todas as vezes desmentiu os prognósticos. A última vez, poucos meses antes, na ocasião das últimas eleições políticas, quando a centro-esquerda já se sentia no governo, teve que fazer as contas com a extraordinária recuperação do Pdl e com uma vitória mutiladora que teve sabor de derrota.
Com a decadência, que comporta a sensação de imunidade parlamentar e a inelegibilidade até 2019, Berlusconi arrisca novos problemas judiciais, ligados a diversas investigações em andamento, a partir do processo Ruby, do caso Unipol e do procedimento ligado à compra e a venda de alguns parlamentares. As acusações são pesadas, que vão desde o favorecimento da prostituição de menores até a extorsão agravada, passando por corrupção, financiamento ilícito aos partidos e revelação de segredo do gabinete.
Graças à lei do perdão, deverá descontar apenas um ano dos quatros aos quais foi condenado, em via definitiva, no âmbito do processo por corrupção relativo à gestão dos direitos televisivos de Mediaset. E o conseguirá com as prisões domiciliares ou com qualquer hora de dedicação aos serviços sociais. Porém, se os outros processos terminarem em condenações, ele corre seriamente o risco de ver as portas da prisão escancaradas. Diante de tal perspectiva, é fácil imaginar que Berlusconi tenha decido jogar tudo por tudo, eventualmente em confronto com os mais altos poderes do Estado. Um confronto aberto, com êxitos imprevisíveis.
O Cavaliere escolheu assumir um papel de vítima, para explicar a decisão de voltar a endossar os panos do combatente e motivar os seus apoiadores. A filha Marina, considerada a sua herdeira política, faz saber: “Meu pai continua líder, mas o país se envergonha”. A outra filha, Barbara, fala em “violenta operação política”.
Já se encontram em pé de guerra até mesmo os fidelíssimos peões, os falcões, que já há meses pressionavam para voltar a uma oposição dura e intransigente. Sabe-se bem que o partido, por 20 longos anos, sem o parlamentar cassado, não tem votos e não reserva futuro para os seus membros, que estão prontos para segui-lo até o fim. Falta saber se os italianos, mais uma vez, continuarão a dar crédito a Berlusconi.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.