Quando parecia estar tudo certo entre o Movimento 5 Estrelas (M5S) e o Partido Democrático (PD) para a formação de um novo governo na Itália, a crise política no país ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (30).
O líder do M5S, Luigi Di Maio, apresentou uma lista com 20 itens ao primeiro-ministro encarregado, Giuseppe Conte, e anunciou que apoiará o governo apenas se os pedidos fossem atendidos. Caso contrário, o M5S prefere que sejam convocadas eleições.
“Apresentamos alguns pontos a Conte que consideramos imprescindíveis. Se forem acolhidos, ótimo. Senão, melhor irmos para eleições. E rapidamente”, ameaçou Di Maio.
A declaração caiu como uma bomba nos bastidores políticos e no mercado financeiro. A Bolsa de Valores de Milão apresentou queda de 0,29%, com o índice FTSE MIB aos 21.335 pontos.
O M5S formava o governo italiano desde junho de 2018 com o partido nacionalista Liga Norte, de Matteo Salvini. Porém, no início do mês, após 14 meses de gestão compartilhada, Salvini anunciou o fim da aliança. A manobra política do expoente da Liga tinha como intenção convocar novas eleições, nas quais poderia sair vitorioso, de acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto.
O M5S, então, passou a negociar com o PD (que até hoje fazia oposição ao governo) uma aliança política. Na última quarta-feira (29), Di Maio anunciou que chegara a um consenso com a liderança do PD para apoiar Conte como primeiro-ministro e evitar, assim, novas eleições – uma derrota para Salvini.
“É incompreensível a coletiva de imprensa de Luigi di Maio. Ele mudou de ideia? Então que diga claramente”, criticou Andrea Orlando, vice-secretário do PD.
Os 20 pontos apresentados pelo M5S abordam temas como a redução no número de parlamentares na Itália, medidas econômicas que impeçam o aumento do imposto IVA, assim como um salário mínimo nacional e reduções fiscais. Além de Di Maio, Conte se reuniu nesta sexta-feira com lideranças dos outros partidos políticos para fazer consultas de governo. O ex-premier Silvio Berlusconi anunciou que sua legenda, o Força Itália (FI), fará “uma oposição composta”.
“Faremos uma oposição firme, coerente”, comentou.
Em gesto de protesto, Salvini e a líder do Irmãos da Itália (FDI), Giorgia Meloni, não foram se encontrar com Conte. (com informações da Ansa)