O presidente italiano, Giorgio Napolitano, começou a depor aos procuradores de Palermo sobre as supostas ligações do Estado com a máfia nesta terça-feira (28).
Segundo a mídia italiana, estão previstas cerca de 20 perguntas ao mandatário sobre uma carta que ele recebeu de seu conselheiro jurídico, Loris D’Ambrosio. O documento foi recebido por Napolitano logo após terem sido revelados telefonemas entre o conselheiro e o ex-presidente italiano Nicola Mancino sobre a preocupação de D’Ambrosio ser “ingênuo” e de estar sendo “usado como escudo” pelo ex-presidente.
Segundo o jornal italiano Il Sole 24 ore, a parte da carta que mais interessa aos magistrados é aquela em que D’Ambrosio se referia a uma série de atentados causados por mafiosos em várias partes do país. “Ele sabe que eu não hesitei nos episódios de 1989-1993, que me preocuparam e me fizeram refletir; que me fizeram enumerar hipóteses – só hipóteses – daquilo que falei também aos outros, quase preso ao temor de ter sido somente um ingênuo e útil escriba de coisas utilizadas para fazer acordos indescritíveis”, escreveu o conselheiro.
Além da carta, durante o julgamento, Napolitano poderá ser interrogado pelo advogado do ex-chefe da Cosa Nostra Salvatore “Totò” Riina, preso desde 1993. A decisão foi tomada pela Corte de Apelação de Palermo, que autorizou a defesa do criminoso a perguntar ao mandatário sobre fatos ocorridos entre 1993 e 1994. (ANSA)