Com objetivos em comum, líderes de Brasil e Itália reúnem-se em encontro do G20 e reforçam perspectivas de desenvolvimento econômico para os próximos anos

Durante a cúpula das 19 maiores economias globais mais a União Europeia, realizada nos dias 15 e 16 de novembro, em Brisbane, na Austrália, o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi encontrou-se com a presidente brasileira Dilma Rousseff e com os demais líderes para discutir a estabilidade financeira internacional. Segundo Renzi, no segundo mandato da presidente, os dois países devem intensificar ainda mais a colaboração no campo das relações bilaterais.
O primeiro secretário de assuntos políticos e imprensa da Embaixada da Itália no Brasil, Alberto La Bella, comenta as medidas que permearão o ano de 2015:
— O próximo ano será importante para a esperança de recuperação econômica mundial, abordada no acordo firmado durante o encontro do G20, com a implementação de políticas dedicadas ao crescimento.
Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a previsão de crescimento do Brasil, em 2014, é de 0,3% e de 1,4%, em 2015. No caso do PIB italiano, calcula-se crescimento de -0,2%, enquanto a estimativa para o próximo ano gira em torno de 1,1%.
 — Estamos particularmente satisfeitos em observar que os governos italiano e brasileiro foram unânimes em apoiar a necessidade dos países com as maiores economias de focar neste objetivo — afirmou La Bella à Comunità.
Brasil e Itália se mostram dispostos a buscar o crescimento, e a parceria comercial será fundamental nesse processo. De acordo com o censo da presença empresarial italiana, divulgado pela Embaixada, foram identificadas 845 empresas italianas no Brasil, em 2014: quantidade superior às 830 registradas no ano anterior. Já o nível de investimento italiano no Brasil atingiu quase US$ 11 bilhões este ano, estimulado, especialmente, pelas exportações italianas.
A empresa italiana de ferramentas Stark, que existe há 40 anos e está há três no Brasil, pretende ampliar a receita nos próximos anos.
— Conseguimos duplicar o faturamento nos últimos oito anos e, até 2020, o objetivo é ter 50% de crescimento — diz o gerente da Stark Brasil (com filial em São Paulo), Igor Vogrig.
Vogrig aponta ainda alguns fatores que atraem a presença empresarial italiana ao país.
— As características demográficas, o sistema bancário eficiente e as políticas de incentivos são positivos para o investidor italiano, que busca uma saída do baixo crescimento na Europa. Estar no Brasil é ser competitivo.
Segundo o executivo, apesar das vantagens, também há obstáculos para atuar no país.
— A transferência de tecnologia é um desafio. É preciso ter um processo bem estratégico e isso implica entrar numa cultura diferente. Outro fator de entrave é a situação fiscal e burocrática brasileira que merecem uma reforma eficaz.
Marcelo Webers, da empresa italiana de produtos químicos Bravo, com filial no Rio Grande do Sul, afirma que setores como o de energia atraem investimentos, mas é preciso estar atento a fatores macroeconômicos.
— Temos a perspectiva de consumo moderado para 2015. Projetamos uma retomada a partir do segundo semestre, em consequência de ações inovadoras e abertura de novas frentes. Para o próximo ano ainda há uma preocupação com o valor do real frente ao euro e com a inflação, o que pode impactar tanto nas importações quanto nas exportações — prevê.
O presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio de São Paulo, Edoardo Pollastri, avalia as negociações atuais e prevê um próximo ano positivo para a relação bilateral, devido à Expo 2015, na qual o Brasil participará com um dos maiores salões de eventos.
— O ano de 2014 foi razoavelmente bom para o comércio, mas estou bastante otimista para o próximo, porque, durante a Expo, haverá muitos encontros entre empresários e será um motivo de intensificar a relação, inclusive, para futuras joint ventures.
Pollastri adianta que, além de parcerias em tecnologia ligada à alimentação, haverá novidades em 2015 no quesito energia alternativa.
— A Italcam acompanhou a Feira Ecomondo, em Rimini, em novembro, e foram compartilhados muitos projetos para resolver problemas hídricos brasileiros, por exemplo — revela.   

Crescimento no número de empresas italianas no Brasil

Período                       Quantidade de empresas
Dezembro/2010                         371
Dezembro/2011                         585
Dezembro/2012                         746
Dezembro/2013                         830
Abril/2014                                 845