Editoriais
Em tempos de crise e transformações profundas, os jornais e revistas em todo o mundo vivem um período muito difícil. Muitos acreditavam até que a morte dos veículos impressos era iminente devido à enxurrada de notícias de fácil acesso através da Rede. Mas observamos que, independente do meio, a qualidade da leitura é sempre o que norteia a maioria dos leitores.
Para a Comunità, o resultado é que hoje temos um número muito maior de assinantes que encontram nestas páginas um serviço de informação livre, independente, honesto e que é capaz de formar e transformar. Esta publicação se tornou uma “instituição”, necessária para quem quer saber das novidades de um país que influencia a humanidade desde sempre, ou realizar negócios, ou praticar a língua, ou descobrir novos prazeres, ou pelo prazer de uma boa leitura.
Mas, ao mesmo tempo em que essa comunidade cresce, a desaceleração do crescimento econômico e a atual crise brasileira forçou uma nítida contração no mercado publicitário. As empresas tendem a reduzir a sua estrutura de custos e a mostrar muita cautela nos seus investimentos. E quando os ciclos de negócios declinam, o mercado publicitário é direto e proporcionalmente afetado, já que as empresas cortam os gastos com os anúncios.
Se, por exemplo, agências como a WMcCann, do publicitário Washington Olivetto, tiveram ótimo faturamento em 2014, atravessam o pior momento em sua existência neste primeiro trimestre. Mesmo se, segundo o genial Olivetto, que é nosso inspirador e incentivador, em termos de construção de imagem o momento ideal para anunciar é durante as crises, pois líderes em tempos de crise aproveitam para se distanciar e se firmarem como líderes. “Mas são poucos os anunciantes que agem assim”. Em entrevista recente ao jornalista Heródoto Barbeiro, ele, que tem vasta experiência de atuação em momentos como esse, se mostrou preocupado e afirmou que “o gesto do consumo é uma atitude otimista. Quando o país não vive um momento otimista as vendas caem. A somatória de todos os problemas existentes cria angústia. No Brasil, historicamente o governo sempre foi o maior anunciante e me preocupa muito o encolhimento de campanhas do governo porque isso significa que a propaganda brasileira também encolhe e isso interfere diretamente na iniciativa privada”.
Ao falar das novas plataformas de mídia e da importância da Comunicação, Olivetto foi enfático.
— Certas coisas são novidade tecnológica, mas não de comportamento. Rede social, por exemplo, já existia quando as senhoras de uma pequena vila italiana se reuniam — e complementou
— se voce realizar uma coisa de baixíssimo nível isso não vai durar, se fizer algo muito intelectualizado talvez seja sucesso num curto período, o difícil é fazer comunicação de altíssima qualidade para perdurar no tempo.
Ao longo de 21 anos, a revista ComunitàItaliana continua sua missão e enfrenta a ferocidade deste momento econômico pela liberdade de imprensa, porque em nosso Dna temos histórias de lutas e glórias e somos movidos pelo magma que une Brasil e Itália.
Na abertura da Expo Milão, no dia 1º de maio, imagens de protestos selvagens que destruíram grande parte de bens públicos e privados circularam por todo o mundo, mas a imagem mais marcante é a resposta de centenas de cidadãos que, vestidos de branco, ajudavam a limpar a devastação pelas ruas. Essa é a fotografia de um país que não se rende e que reage com senso cívico, mesmo num período duro. Essa é a fotografia de um povo que nos inspira a interagir com estes dois países e levar a leitores inteligentes e críticos o melhor deste fluxo.
Boa leitura!