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Refletir Brasil

18 de maio de 2015 - Por Comunità Italiana

O “complexo de vira-lata”do qual falava Nélson Rodrigues, que parecia derrotado para sempre, ganhou terreno novamente. Devido à escandalosa corrupção de sua elite, os brasileiros sentem-se novamente terceiro-mundistas

Há 20 anos, quando eu vinha para cá, o avião decolava de uma Itália eufórica e aterrissava em um Brasil deprimido. Quando voltei, há dez anos, deixei uma Itália deprimida e cheguei a um Brasil eufórico. Hoje, deixo uma Itália deprimida e encontro um Brasil deprimido.
Viajei pelo país por 15 dias. Na Praia do Forte, falei de “Liderança criativa” para 700 executivos das maiores empresas de informática. No Rio, tive a oportunidade de encontrar alguns entre os maiores empresários, jornalistas e artistas. Em São Paulo, encontrei outros empresários e participei do seminário “Refletir Brasil: utopia e realidade”, durante o qual falaram managers, antropólogos, publicitários e teólogos.
Enfim, em Belo Horizonte, participei de um grande congresso de 600 policy managers sobre a elaboração do projeto do futuro brasileiro até 2020. Todos os encontros começaram em clima de uma depressão inerte e terminaram em clima de esperança ativa.
Há vários meses, os brasileiros são bombardeados pela televisão e pelos jornais, que todo dia dedicam um enorme espaço ao caso Petrobras. Nunca, em um país democrático, o governo ficou tão cercado por todos os lados: greves, passeatas, artigos, programas televisivos, que ressaltam cada mínimo detalhe deste grave escândalo, mas sem deixar ao governo nenhuma possibilidade de expressar eventuais motivações em sua defesa. Enquanto isso, a magistratura procede com investigações, processos e algemas.
O escândalo da Petrobras é gravíssimo; as responsabilidades dos políticos e dos empresários envolvidos (todos vítimas e carrascos ao mesmo tempo) são enormes; o prejuízo causado ao país e à sua imagem internacional é incalculável. Mas o resultado de uma campanha tão concêntrica e persistente corre o risco de ir além de quaisquer boas intenções.
Desde junho de 2013, o Brasil demonstrou uma crescente consciência dos quatro grandes desafios que precisa vencer em nível nacional: a corrupção, a violência, o déficit educacional e a assombrosa desigualdade entre ricos e pobres. Mas, ao mesmo tempo, parou de se perceber como um país de ponta, diferente e positivo, em condição de propor, ao mundo inteiro, o próprio modo de viver como modelo alternativo de sociedade. O “complexo de vira-lata”, do qual falava Nelson Rodrigues, que parecia vencido para sempre, ganhou terreno novamente, e os brasileiros, devido à escandalosa corrupção de sua elite, sentem-se novamente terceiro-mundistas, consideram seu país como uma irreparável catástrofe, desistem de seu passado recente, abrem mão do projeto para seu futuro.
As consequências deste sentimento autodestrutivo podem ser desastrosas, porque as profecias catastróficas frequentemente acabam por realizarem-se por si próprias.
Em cada congresso, em cada seminário do qual participei durante esta minha viagem brasileira, alertei sobre esta nefanda eventualidade e, pelo que pude fazer, tentei animar os ouvintes a retomar em suas mãos o destino de seu grande país. O escândalo da Petrobras é imperdoável, por isso é necessário que a Justiça siga em frente com severidade exemplar. É também necessário que os cidadãos fiquem atentos a respeito desta severidade. Porém, enquanto isso, o Brasil não pode parar sua caminhada, não pode deixar falir as próximas etapas de seu progresso. Todo o enorme peso da mídia, até agora dedicado à questão Petrobras, precisa urgentemente ser deslocado para a próxima data dos Jogos Olímpicos, que irão colocar o país sob o olhar do mundo inteiro, e que precisam ser valorizados como grande teste organizacional, como oportunidade irrepetível de crescimento social.
Os países no mundo são 196, e o Brasil está em sétimo lugar no PIB, em sexto na produção industrial, e em terceiro na difusão da internet (logo depois dos Estados Unidos e do Japão). Vinte e cinco por cento de seus cidadãos têm menos de 15 anos. Portanto, não pode dar-se ao luxo de temporizar seus atrasos, mas precisa apostar no seu crescimento. E deve demonstrar grande capacidade de decisão, pois está diante de muitas bifurcações que precisam ser enfrentadas logo e bem, das quais falei justamente no seminário Refletir Brasil.
Na primeira bifurcação, deve saber escolher entre a homologação cultural ao modelo norte-americano e uma zelosa valorização da própria identidade. Na segunda bifurcação, precisa saber escolher entre a política econômica neoliberal e a política econômica socialdemocrata. Na terceira, tem que saber escolher entre o impulso emocional e a racionalidade organizativa, entre o jeitinho e o planejamento. Na quarta, precisa saber escolher entre a confiança incondicional nas mídias e uma escrupulosa reconstrução da realidade. Na quinta, tem de saber escolher entre o consumismo irresponsável e a equilibrada qualidade da vida.
“Quando chegar diante de uma bifurcação, entre nela”, diz o humorista Yogi Berra. Mas, no nosso caso, o Brasil conseguirá seu sucesso somente através da sua capacidade de mobilizar-se, organizar-se, tornar explícito um projeto que possa ser compartilhado e persegui-lo com afinco, agir com maior racionalidade sem perder a simpatia; modernizar-se sem comprometer a sustentabilidade; ser menos tolerante, superficial e improvisador, sem perder a criatividade.
Não é fácil; mas, para um país extraordinário como o Brasil, não é impossível.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.