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A União Europeia foi criada para que nunca mais dali por diante o continente passasse por guerras que durante séculos tingiram os países de sangue. Quando o primeiro ministro grego sobe o tom ao decidir não pagar as dívidas do país e ameaça clara de abandonar o euro, volta o temor de que o que é hoje uma sólida instituição em bloco se dissipe. O sentido de irreversibilidade da União Europeia pode ir por água abaixo com uma saída da Grécia. Isso preocupa e afeta a todos nós.
Dias atrás, os gregos reivindicaram inclusive o pagamento por danos da Segunda Guerra a Berlim. As razões para estar juntos em paz são numerosas e muitos de nossos pais e avós sabem disso porque sobreviveram ou se foram em tempos difíceis que culminaram com a grande epopeia migratória. E essas razões esmorecem com egoísmos nacionais como o de países que recebem gigantescos recursos europeus, porém fecham suas portas para milhares de refugiados e não querem dividir os problemas e as responsabilidades.
A UE está sufocada por regras que tornam a amizade insuportável. O rigor sacrossanto das contas públicas não prevê um bom senso pela enorme mas natural diferença entre os países. Com esse ambiente, uma faísca pode queimar o sonho europeu.
Em 23 anos de união, até hoje lutam pelo ensinamento de matérias que façam parte de um programa didático comum. Não basta uma bandeira igual aos participantes tremulando no alto dos edifícios públicos. É fundamental que uma geração de estudantes aprendam o sentido dessa relação, o que são o Parlamento e a Comissão europeia e, sobretudo, o significado de serem cidadãos europeus desde criança.
Que nenhuma intolerância seja maior que as conquistas sociais europeias vitais para o equilíbrio mundial.
Boa leitura!