Seminário em Roma discute formas de investimento em turismo e mostra projetos inovadores executados em diversas regiões do Brasil
Os chineses descrevem a palavra crise com dois ideogramas: perigo e oportunidade de mudança. Se assim for, a crise brasileira pode representar uma oportunidade de mudança e de atrair investimentos. O seminário “Oportunidades de Investimentos e de Joint-Venture na Infraestrutura Turística no Brasil”, realizado no último dia 22 de março pelo Setor de Promoção Comercial, Investimentos e Turismo da Embaixada do Brasil e pelo Departamento de Ordenamento do Turismo do Ministério do Turismo brasileiro, em colaboração com a Associação Italiana Confindustria Hotéis e o Grupo de Líderes Empresariais-LIDE Itália, apresentou aos operadores italianos a conveniência de se aplicar em um setor em crescimento, desfrutando das belezas naturais brasileiras. O evento abrangeu diversos setores, entre hotelaria, imobiliário, estacionamento e shopping center.
Os projetos apresentados estão distribuídos em vários estados brasileiros do sudeste, norte e nordeste. O representante da incorporadora pernambucana Suassuna Fernandes Engenharia e da Molecular, Saulo Suassuna Filho, apresentou um projeto imobiliário criativo que tem boas chances de atrair investimentos italianos, o chamado edifício modular. Na prática, os apartamentos são feitos em módulos. Na aquisição, o comprador escolhe quantos módulos quer e, caso tenha o crédito negado por um banco no momento do repasse, pode cancelar a compra de somente um pedaço do imóvel. O mesmo pode acontecer no caso de divórcio ou herança. A divisão fica muito mais simples, pois o apartamento pode ser “fisicamente” repartido. Em um momento de baixa confiança do consumidor e crédito bancário restrito, pode ser uma alternativa.
— Ao invés de apartamentos, temos módulos que podemos combinar, formando habitações de diversos tamanhos. Com isso, conseguimos atingir uma base de clientes maior, mitigando o risco de empreendimento. Além disso, aumentamos a velocidade de vendas. A vantagem é a flexibilidade em relação aos clientes e aos módulos de 50, 100 ou 200 metros — explicou Saulo Filho à Comunità.
Já Irineu Guimarães, do Grupo BLD/ADIT Brasil, apresentou projetos de investimentos no Ceará nos setores de loteamentos e comunidades planejadas, e em resorts. Ao ser interpelado sobre a crise econômica do Brasil, ele respondeu:
— Se eu te convidasse para uma viagem à Grécia, você estaria preocupada com a situação da economia grega? É também assim com o Brasil. O turista que vai quer ser bem acolhido, ter boa culinária, lazer e entretenimento, e o Brasil oferece essas qualidades — afirmou.
Participaram do evento o chefe do Setor de Promoção Comercial, Investimentos e Turismo da Embaixada do Brasil, André Cortez; o presidente do Grupo Líderes Empresariais–LIDE Itália, Juan Barberis; e o diretor do Departamento de Ordenamento do Turismo do Ministério do Turismo brasileiro, Rogério Cóser, que apresentou os dados e as perspectivas do setor. Estavam presentes também o presidente de Confindustria Hotéis, Giorgio Palmucci, e a deputada ítalo-brasileira Renata Bueno.
Outros projetos foram apresentados, como Investir em Maricá (RJ), com Lourival Casula, da Prefeitura de Maricá; Projeto estacionamento e área comercial na cidade de Aracaju, com Igor Leonardo Moraes Albuquerque, da Prefeitura da capital sergipana; e Biopark, parque da biodiversidade do estado do Amazonas, com Massimiliano Filippi, representante da Secretaria de Turismo AmazonasTur.
Já o Seminário sobre Turismo e Território no Brasil e na Itália, organizado em 2 fevereiro na Embaixada brasileira com o apoio da Universidade de Tor Vergata e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), apresentou um projeto de formação de italianos no Brasil para estudar os seis biomas brasileiros. Os resultados foram positivos, explicou Flaminia Mantegazza, responsável pelo departamento de Turismo da Embaixada do Brasil em Roma:
— A colaboração entre as universidades reforçou a importância da valorização do território e despertou o interesse junto com operadores turísticos que contribuíram com novos recursos. Um destes operadores conta com 150 mil associados, dos quais 70% têm menos de 35 anos, o que mostra a relevância dos jovens que constroem o presente e o futuro — concluiu.