O Coni deu início às obras que transformarão o Clube Costa Brava na sede da Casa Itália, que abrirá as portas oficialmente no dia 3 de agosto, dois dias antes dos Jogos Olímpicos

Quando os responsáveis do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni) conheceram o Costa Brava Clube, situado num cenário encantador, com vista para a praia de Joatinga, foi amor à primeira vista. O local foi logo considerado como o ideal para sediar a Casa Itália, onde os atletas olímpicos poderão comemorar suas vitórias, além de servir como um centro aberto para o público italiano e brasileiro.  
— Ao entrarmos, vimos uma senhora belíssima, maravilhosa com suas rugas, suas imperfeições devido à idade, mas que continua a manter seu charme — afirmou Diego Nepi Molineris, diretor de marketing do Coni, ao descrever o que sentiu ao ver pela primeira vez o Costa Brava Clube.
Os trabalhos para reformar a estrutura começaram em março e, para comemorar, o Coni convidou os jornalistas para conhecerem o lugar e o desafiador projeto, criado por uma equipe de italianos e brasileiros. A data da inauguração já foi confirmada: 3 de agosto, dois dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos. O Coni informou que está confirmada a presença do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi; do presidente do Coni, Giovanni Malagò; e do presidente do comitê promotor dos Jogos Olímpicos de Roma 2024, Luca Cordero di Montezemolo. O diretor de comunicação do Coni, Danilo di Tommaso, revelou ainda que o presidente da República italiana, Sergio Mattarella, estará presente na abertura dos Jogos Paraolímpicos, no dia 7 de setembro.
— Queremos que a Casa Itália seja uma ponte de integração entre a cultura italiana e a brasileira. Será um lugar horizontal, com poucas barreiras físicas para permitir a máxima integração entre os atletas, a mídia e os convidados. No Rio de Janeiro, nós nos sentimos em casa. Escolhemos o Costa Brava porque é um lugar perfeito para poder representar o espírito italiano — destacou Nepi aos jornalistas.
A sede foi projetada pelo arquiteto visionário Renato Batalha Menescal. Em 1963, ele teve a ousadia de criar o Costa Brava, integrando a estrutura com a natureza ao redor. Esta joia arquitetônica, construída nas pedras da Joatinga, fica no meio da natureza, ocupando uma área de 1700 metros quadrados, acessível através de uma ponte de 90 metros que une a terra à ilha. De acordo com o diretor italiano, a ideia do projeto de requalificação é manter inalterada a estrutura original, inserindo alta tecnologia com painéis tridimensionais e design italiano. No ingresso da Casa Itália, não haverá pontos de controle, pois a ideia é que seja um espaço aberto com um clima familiar não apenas para os italianos, mas também para os brasileiros e os estrangeiros que queiram conhecer as belezas italianas, da arte à gastronomia, passando pelo esporte. Fora da estrutura, além de um estacionamento, há várias instalações esportivas, como campos de futebol, de vôlei e basquete, onde serão organizados diferentes torneios entre os representantes dos vários países. Na primeira sala, antigamente usada como boate, o projeto do Coni prevê uma área multimídia de 360º de alta tecnologia, com enormes painéis Led e imagens em 3D dedicados à Itália e as suas belezas, além de vídeos com os eventos esportivos olímpicos.
— Por aqui entrará também o atleta medalhista. Ao lado, haverá uma sala para as coletivas de imprensa e ao redor um espaço reservado às emissoras de TV, criando uma espécie de anfiteatro — adiantou o diretor.
A área de imprensa, como as outras salas, terá tecnologias de última geração e será equipada com detalhes, como armários com cadeados para guardar as ferramentas dos jornalistas.
Durante o tour, o diretor de marketing e o diretor de comunicação do Coni, Danilo di Tommaso, mostraram uma sala espaçosa com amplas janelas, com vista para o oceano, onde haverá uma sala de jantar e de festas. O convidado poderá apreciar um panorama encantador do Rio de Janeiro através da janela natural, enquanto que, no lado oposto, uma janela digital reproduzirá imagens da Itália através de painéis LED. Além dessa sala, haverá uma cafeteria que servirá o legítimo café napolitano, oferecido pelo Caffè Gambrinus, histórico estabelecimento de Nápoles, e um wine bar com ampla carta de vinhos italianos.

Casa Itália promoverá a candidatura Roma 2024 e projetos sociais nas favelas
Um espaço importante será reservado para o comitê da candidatura de Roma à sede olímpica de 2024. Di Tommaso explicou que, de acordo com o regulamento do Comitê Olímpico Internacional (CIO), não é possível fazer propaganda na cidade enquanto a sede dos próximos Jogos não tiver sido escolhida. No entanto, é permitida uma propaganda dentro da hospitality house do país que está se candidatando.
— Os donos de Casa Italia serão os ex-atletas olímpicos italianos, que serão os nossos embaixadores, e conversarão com o público sobre os bastidores dos Jogos e as emoções sentidas — relatou Nepi, citando campeões como Jury Chechi, Andrea Lucchetta, Carlton Myers, Antonio Rossi e Massimiliano Rosolino.
A Casa Italia estará aberta 18 horas por dia e oferecerá aos convidados até um spa com sauna seca e a vapor, piscina com hidromassagem e piscina térmica. No terraço, além da piscina, haverá um jardim, no qual a vegetação brasileira se integra com as plantas italianas, entre oliveiras e laranjeiras.
— Em nível de comunicação, procuramos uma palavra que representasse Itália e Brasil, e que interpretasse o nosso projeto. O conceito de Ciaolá é uma síntese da saudação italiana e a brasileira. Simples, direto e empático, será o nosso hashtag — explicou Nepi, entusiasmado.
Além do projeto na área de comunicação, a integração ocorrerá também graças a iniciativas sociais nas favelas de Rocinha e Cidade de Deus, com a participação de Action Aid. Na Rocinha, a maior favela do Brasil, o Coni ampliará a escola Saci Sabe Tudo, da ONG Il Sorriso dei miei bimbi, fundada pela italiana Barbara Olivi, que mora ali mais de 15 anos. Juntos, criarão uma ludoteca, além de realizarem um projeto de educação alimentar. Já na comunidade da Cidade de Deus, situada na zona oeste do Rio de Janeiro, o projeto social do Coni prevê a reforma de um campo de futebol comunitário.
De acordo com o diretor de marketing, isso faz parte do legado que a Casa Italia deixará para a cidade-sede dos Jogos Olímpicos.
— Trabalhar junto com a comunidade e com Rio de Janeiro permitirá crescer ainda mais a consciência de quão maravilhosos são os Jogos Olímpicos e o quanto é importante esse momento para todos nós — finalizou Nepi.   

Uma cozinha à vista sob o comando do chef Davide Oldani
Uma área que não podia faltar na Casa Itália é aquela dedicada à culinária italiana. O Coni projetou uma cozinha à vista para mostrar um dos aspetos mais importantes para a Itália: a enogastronomia, que será representada pelo chef Davide Oldani.
— Ele será o nosso chef embaixador e vai interpretar uma culinária pop, muito próxima do contexto do esporte e da cozinha mediterrânea. O conceito de contaminação entre a culinária italiana e a culinária brasileira será realizado, convidando um (ou uma) chef estrelada brasileira para cozinharem juntos e criarem uma síntese de contaminação entre dois pratos e duas culturas — afirmou Nepi.
O chef italiano já está pensando no cardápio e disse que se adequará às peculiaridades do território brasileiro, que oferece fruta fresca, verduras e peixes, além de usar produtos italianos como massa, queijos e outros frios, para criar uma “culinária olímpica”.