Eu estava pronto para escrever sobre novos assuntos, poupando a paciência dos leitores. Mas como o nosso fundo do poço é um fundo (até ele!) falso, não consegui me alienar
A mobilização nacional de 13 de março de 2016 contra o governo, o PT, o Lula e a corrupção sistêmica me trouxeram de volta à realidade. A grande manifestação nas ruas como nunca se viu antes na história desse país sublinhou a já evidente intolerância da população ao escárnio a que vimos sendo humilhantemente submetidos.
Os “fora Dilma!, fora PT!, fora Lula!, fora corrupção!” foram a maciça expressão de repúdio a tanta incompetência e roubalheira, que abandonaram o país na sarjeta com falência múltipla dos órgãos e sob a vergonhosa repulsa internacional.
Os “viva Sérgio Moro!, viva o Ministério Público!, viva a Polícia Federal!” demonstraram que os brasileiros não toleram mais conviver com a corrupção, a drenagem do dinheiro público e a impunidade.
Entretanto, a questão mais preocupante é onde está o líder que nos guiará para a retomada do crescimento e do nosso reposicionamento internacional como uma nação respeitável? E essa interrogação continua latente após as manifestações, sem resposta.
Completamente alienada da realidade – e da irrealidade também–, a presidente não acerta uma única bolinha na búlica. Cercada de “joões-bobos”, ela não consegue avançar em nenhuma direção. É um ser vendado dirigindo delirantemente pelo deserto. Diante dos novos fatos trapalhões encenados para trazer ao palco o ex-presidente como o guru do apocalipse e do seu pânico contra o impeachment, numa invejável capacidade de produzir desastres, a presidente transformou o governo numa tragicomédia bufa. Está evidenciada a sua incompetência para ocupar o cargo mais importante da República.
A sua cegueira estratégica, gerencial, política e de liderança a imobiliza, a ponto de esquecer que o Brasil é muito maior do que São Bernardo do Campo e o seu mais ilustre visitante, refúgio oportuno quando ele precisa ressuscitar no povo a sua origem “das base proletária”. Lembrança que ele hoje só consegue engabelar à sua claque comprada com cachê e mortadela para aplaudi-lo e distribuir porrada “nos coxinha”, já que até os cachorros da rua (incluindo os são-bernardos-do-Campo) sabem que o ex-metalúrgico Lula hoje transita em igualdade no seu circulo de amigos bilionários. Dos pobres, ele atualmente só lembra quando precisa assassinar o idioma pátrio para instigar a sua nação vermelha contra os que não aceitam mais aquele velho discurso de encantador de cobras.
Como se não bastasse, a presidente, cada vez mais pressionada, vive hoje em estado de ataque de nervos, limitando a sua atividade como porta-bandeira do “não haverá golpe!”, esquecendo-se de que comanda um país agonizante, vitimado pela sua incompetência e arrogância.
Provocado na consciência, orgulho, autoestima e responsabilidade, o povo pintou-se de verde e amarelo para a guerra. Acordou de um longo pesadelo após tomar os soníferos estragados pelas nossas más escolhas nas urnas. O ato coletivo de 13 de março foi catártico, regurgitou a indignação da população: “basta de bosta!”. E aumentou o tom de voz em fortalecimento ao Judiciário, ao Ministério Público e à Polícia Federal, depositando nesses poderes a esperança por um futuro que não diferencie mais pobres e ricos no caminho para a cadeia.
A manifestação foi apenas um grande primeiro passo. Mas continuamos olhando para o lado e só vendo uma galeria desbotada de Dilmas, Temers, Eduardo Cunhas, Renan Calheiros, Aécios (brilhantemente apelidado de Aócio pelo Elio Gaspari). Onde está o nosso Mauricio Macri, capaz de conduzir a reconstrução do Brasil e reverter o “sonhocídio” de um povo que experimentou a ascensão num voo de galinha e agora acorda sob o flagelo do desemprego, pagando o preço dos cheques sem fundos das políticas assistencialistas?
É hora dos poderes constituídos, responsáveis pela condução do país, abdicarem das suas impatrióticas e encardidas reservas de domínio partidárias e pensarem no Brasil.
Aguardamos para responder nas urnas, agora com mais elevado nível de consciência e patriotismo, quem deve nos representar no Executivo e no Legislativo para um futuro digno à Nação que todos merecemos ter.