Comunità Italiana

A campeã de Jesi

Para muitos, ela é a melhor atleta no florete em todos os tempos. Conheça a trajetória de Valentina Vezzali, a colecionadora de ouros, que encerrou sua carreira este ano no Rio

Ela é apelidada de cobra pela velocidade, precisão, espírito combativo nas pistas. Começou a praticar esgrima ainda criança e acabou por entrar para a história como a mulher italiana que mais ganhou medalhas olímpicas. Seu nome? Valentina Vezzali. Recentemente, encerrou sua brilhante carreira no esporte que mais medalhas deu para a Itália em Olimpíadas e não vai estar mais no Rio de Janeiro, justamente onde, em abril de 2016, despediu-se da esgrima profissional, aos 42 anos.
Valentina nasceu em Jesi, na província de Ancona, em Marche, em 14 de fevereiro de 1974. A região é um verdadeiro celeiro de esgrimistas. Em 1980, começou no esporte sob o comando do mestre Ezio Triccoli, no Club Scherma Jesi, quando tinha apenas seis anos. Ganhou medalhas — tantas medalhas — até chegar à sua primeira Olimpíada, em 1996, em Atlanta, nos Estados Unidos. E logo na estreia levou a prata no florete individual ao perder a final para a romena Laura Badea. Mas ainda em Atlanta deu o troco, levando para a Itália o ouro por equipes no florete justamente contra a Romênia.
Campeã olímpica, seu prestígio aumentou. Em 1999, passou a fazer parte da equipe Fiamma Oro, da Polícia de Estado. Na sua segunda Olimpíada, consegue mais medalhas de ouro, derrotando na final do florete individual a alemã Rita König e ainda é campeã por equipes na mesma arma contra a Polônia. Já em Atenas 2004, Vezzali não deixou escapar mais um título: venceu o florete individual contra a compatriota Giovanna Trillini, igualando os dois ouros seguidos que a húngara Ilona Elek havia obtido na mesma modalidade em 1936 e 1948 — Jogos consecutivos por causa dos cancelamentos de 1940 e 1946.
Os títulos não se resumiam aos Jogos Olímpicos. Só em Mundiais de esgrima foram 26 medalhas, das quais 16 de ouro, superando o recorde do compatriota Edoardo Mangiarotti, além de 13 títulos europeus e outras conquistas. No ano seguinte a Atenas, ela ganhou o ouro no florete individual no Campeonato Mundial de 2005, em Leipzig, Alemanha. Detalhe: a vitória aconteceu quatro meses depois do nascimento do seu primeiro filho, Pietro. No Mundial de Turim, em 2006, ficou com a prata na mesma modalidade, com o ligamento do joelho rompido, na final com a compatriota Margherita Granbassi. E reconquista o ouro em mais um Mundial, em São Petersburgo, na Rússia, em 2007.
Em Pequim 2008, tornou-se a primeira esgrimista na história olímpica a ganhar três ouros consecutivos no florete individual ao superar a sul-coreana Nam Hyun-Hee na luta decisiva. Na mesma arma por equipes, ficou com a medalha de bronze. Próximo e último capítulo olímpico: Londres 2012. Valentina Vezzali é a porta-bandeira italiana no desfile de abertura. No florete individual, é derrotada pela compatriota Arianna Errigo na semifinal. Fica com o bronze, vencendo a sul-coreana Num, a mesma que ela havia batido na final de Pequim. A 13 segundos do fim do tempo regulamentar, Vezzali perdia por 8 a 12 e conseguiu empatar: 12 a 12. Na prorrogação, venceu por 13 a 12. Assim, o pódio foi todo italiano pela primeira vez no florete individual feminino na história das Olimpíadas. Elisa Di Francisca ganhou o ouro, enquanto a prata ficou com Arianna Errigo. Além do bronze individual, levou o ouro no florete por equipes. Em cinco olimpíadas, foram seis ouros, uma prata e dois bronzes da ragazza de Jesi.
A heroína italiana não obteve a classificação no florete individual para a Olimpíada 2016 e, pelo rodízio, a arma vai ficar fora da disputa por equipes no Rio. Mas foi justamente no Rio que Valentina encerrou sua carreira na esgrima ao conquistar a prata no Mundial pela equipe italiana em 26 de abril. A Itália perdeu a disputa final para a Rússia, mas Vezzali foi homenageada por companheiras e adversárias. A vida da campeã não se limita à esgrima. Superintendente da Polícia de Estado, em 2013, foi eleita pelo partido Scelta Civica para a Câmara dos Deputados italiana. É casada com Domenico Giuliano, ex-jogador de futebol e técnico do time feminino da Jesina. O casal tem dois meninos: Pietro, de 11 anos, e Andrea, de três.