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Home > A fênix italiana contra o EI

A fênix italiana contra o EI

21 de outubro de 2016 - Por Comunità Italiana
A fênix italiana contra o EI

A fênix italiana contra o EITesouros da arqueologia destruídos pela violência são reconstruídos graças à tecnologia 3D e ao talento dos italianos

Na mitologia grega, a lendária ave fênix, quando morre, se transforma em fogo e, passado algum tempo, renasce das próprias cinzas. Segundo alguns, a vida deste forte pássaro capaz de carregar em voo até elefantes durava exatamente 500 anos. Outros diziam que seu ciclo de vida era de 97. 200 anos.
“Os antigos acreditavam que, completado esse enorme ciclo astronômico, a história universal se repetiria em todos os seus detalhes, por repetirem os influxos dos planetas; a fênix viria a ser um espelho ou imagem do universo. Para maior analogia, os estoicos ensinaram que o universo morre no fogo e renasce do fogo e que o processo não terá fim e não teve princípio”, escreveu o imortal poeta argentino Jorge Luis Borges em O livro dos seres imaginários.
A fênix na analogia do visionário poeta que morreu cego em 1986 é atemporal. Pode ser aplicada a todos os tempos. A destruição dos tesouros arqueológicos na Síria e no Iraque, gravadas em vídeo pelo Estado Islâmico/Daesh, é o exemplo: morre no fogo e renasce do fogo.
Nem tudo está perdido. O patrimônio das antigas cidades Nimrud, no Iraque, e Palmira e Ebla, na Síria, renascem graças aos estudos dos italianos que usaram a tecnologia de uma impressora 3D robot. A reprodução das obras é feita em escala 1:1 com sofisticados materiais sintéticos que parecem mármore e pedras locais. Entre as principais obras expostas estão o Touro Alado de Nimrud, a sala do Arquivo Real de Ebla e o teto do Templo de Bel em Palmira. A exposição patrocinada pela Unesco é uma iniciativa da associação “Encontro de Civilizações”, chefiada por Francesco Rutelli, e do Comitê Científico presidido pelo arqueólogo Paolo Matthiae.

Os “capacetes azuis” da cultura
Na apresentação da mostra, Francesco Rutelli explicou que não se pode aceitar a vitória dos destruidores de uma cultura que pertence a toda a humanidade.
— Nós nos propomos como capacetes azuis da cultura. Fomos acusados de nos preocuparmos mais com pedras do que com as pessoas. Mas não se pode pensar em cuidar das pessoas sem cuidar da cultura delas. Negar a gravidade do que está acontecendo com patrimônio inestimável seria um erro grave — afirmou.
O principal parceiro do projeto é a Fundação Terceiro-Pilar-Italiae Mediterrâneo, presidida por Emanuele F. M. Emanuele, que permitiu a construção das obras exibidas no Coliseu.
— A missão que temos é de realmente reconstruir os lugares destruídos. Eu não vou me limitar à reconstrução simbólica — disse Emanuele.
Para Francesco Prosperetti, superintendente da área arqueológica central de Roma, realizar esta mostra no Coliseu tem um importante significado: as maravilhas do mundo têm que continuar a viver.
— A reconstrução é obrigatória. Esta é a principal mensagem desta mostra. Muitos estudiosos não aceitam a reconstrução de ruínas. Lembramos que depois da guerra, a reconstrução de Varsóvia foi obrigatória para superar as feridas. Em certos casos é obrigatório para demonstrar a força da cultura.
Já o arqueólogo Matthiae afirmou que, em caso de reconstrução dos sítios destruídos pelo EI, deve-se considerar três princípios fundamentais: o respeito à soberania dos países; a coordenação e o controle da Unesco; e a colaboração internacional.

Arqueólogos italianos entre os melhores do mundo
O italiano Paolo Matthiae marcou a história da arqueologia mundial. Em 1963, dirigindo a equipe da Universidade de Roma La Sapienza nas escavações no norte da Síria, fez uma excepcional descoberta: Ebla, cidade-estado fundada no começo do terceiro milênio a.C.
As escavações duraram muitos anos, até que, em 1974, foram encontrados os Arquivos Reais da antiga cidade assíria. O descobrimento é considerado revolucionário. Como afirmou o professor Ignace Jay Gelb (1907-1985), um dos maiores arqueólogos especialistas em assiriologia do mundo, “a missão italiana, com as escavações Ebla e a descoberta dos Arquivos, levou à revelação de uma nova cultura, uma nova língua e uma nova história”.

As tabuinhas de Ebla e a decifração da escrita antiga
O estudo da documentação arqueológica e epigráfica revelou a realidade de um grande centro urbano que, na primeira fase de desenvolvimento, entre 2500 e 2300 a.C., tinha estado em contato com as grandes cidades da Suméria como Kish e Ur e também com o Egito dos faraós, além do atual Afeganistão. As construções monumentais e peças artísticas mostraram o percurso histórico ao longo de um milênio de um centro urbano antigo, três vezes destruído e duas vezes reerguido, entre 2500 a.C e 1600 a.C.
Durante as escavações, foram encontradas no Arquivo de Real de Ebla cerca de 17 mil tabuinhas de argila datadas entre 2350 a.C. e 2300 a.C., com escritas em eblaíta (a língua da cidade de Ebla na época) e em sumério.
A Suméria, cujo nome significa “terra de reis civilizados”, se localizava no sul da Mesopotâmia, atual sul do Iraque e Kuwait. Trata-se da primeira população sedentária do mundo. O sumério era a primeira língua escrita conhecida. O seu sistema de escritura, chamado cuneiforme (que significa “em forma de cunha”), foi mais tarde também usado na língua acádia, falada por assírios e babilônios. Até esta descoberta das tabuinhas de Ebla, acreditava-se que a Síria não havia conhecido a escrita antes do rei Hamurabi da Babilônia, no século XVIII a.C. As tabuinhas mostram que a língua eblaíta hoje é considerada a mais antiga língua semítica, junto com o sumério e o acádio. Estas descobertas constituem uma riqueza inestimável de informações sobre a cultura social e econômica, as relações internacionais (o primeiro tratado internacional da história), crenças religiosas, a administração do Estado, a literatura e a vida diária.

Os leões e touros alados eram os símbolos dos assírios
A civilização assíria floresceu no terceiro milênio antes de Cristo e chegou a reger territórios desde as costas do Mediterrâneo até ao atual Irã. Ali, criou-se a escrita, foram inventados a roda e o vidro, e desenvolveram-se a matemática e outras ciências. Os assírios deixaram dezenas de templos e de cidades, decorados com enormes relevos celebrando, sobretudo, as conquistas militares dos seus reis, caçadas a leões e sacrifícios às divindades, cuja principal característica era a presença das asas colossais sobre corpos de leão ou de touro com cabeças humanas. O touro alado de Nimrud, conhecido como Lamassu, é uma divindade tutelar da antiga Mesopotâmia.
Nimrud, fundada em 1.300 antes de Cristo às margens do rio Tigre, é considerada um dos principais vestígios da era assíria. Em 1988, uma equipe de arqueólogos descobriu uma tumba com uma esplêndida coleção de joias e peças de ouro. O valioso tesouro chamou a atenção do mundo para a importância desta cidade. Em 1991, pouco antes do bombardeio norte-americano ao Iraque, os responsáveis pelo Museu Arqueológico de Bagdá colocaram essa riqueza a salvo nas câmaras blindadas do Banco Central iraquiano e ele não foi mais visto até depois da invasão de 2003. Não é a primeira defraudação de tesouros históricos durante uma guerra. Como escreveu Borges, “o processo não terá fim e não teve princípio”.

Serviço
Mostra “Renascer da destruição Ebla, Nimrud, Palmira” 
Até 11 de dezembro
Onde: Coliseu, Roma

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.