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Home > A idade dos gênios

A idade dos gênios

21 de outubro de 2016 - Por Comunità Italiana
A idade dos gênios

Domenico

DomenicoDeMasiAo percorrermos a história da criatividade humana, nos surpreende a falta absoluta de uma relação constante entre a idade dos criativos e a sua produção

Nas últimas quatro gerações, a expectativa de vida prolongou-se mais do que em todas as oito mil gerações anteriores. No século XVIII, era de 30 anos; hoje, na Itália, é de 80,3 anos para os homens e de 85,7 anos para as mulheres; no Brasil, é de 71,6 anos para os homens e de 78,7 para as mulheres. Na Itália, 14,1% da população têm menos de 15 anos, enquanto 27,2% têm mais de 60 anos; no Brasil, 24,1% da população têm menos de 15 anos e 11,2 % têm mais de 60 anos.
Em outras palavras, ter hoje 70 anos é como ter 30 no século XVIII, antes da Revolução Industrial. Apesar disso, a obstinada resistência de alguns velhos políticos e gestores — há muito tempo apoleirados no poder — criou na Itália uma reação de refugo para com os idosos e um preconceito positivo para com os jovens, correndo-se o risco de criar uma nova luta de classes: entre as diferentes classes de idade. Enquanto hoje a adolescência prolonga-se chegando a tocar quarentões, alguns gênios precoces conseguem criar invenções e fortunas sem precedentes. Mas nem todos os setores são propensos à precocidade. As características da informática demonstraram-se especialmente férteis neste sentido, assim como a matemática e a música. Já na arquitetura, na engenharia, na economia ou na sociologia não existem gênios precoces.
Ao percorrermos a história da criatividade humana, nos surpreende absoluta falta de uma relação constante entre a idade dos criativos e a sua produção. Baudelaire, Mozart, Raffaello, Schubert morreram antes de completar quarenta anos. Outros pararam de compor muito antes de suas mortes: Rimbaud, morto aos 37 anos, parou de escrever por volta dos 20 anos; Rossini, morto aos 74 anos, escreveu quase toda a sua música antes do trigésimo nono ano de idade; Joaquin Rodrigo, cego desde a infância, viveu quase um século e aos 40 anos compôs o Concierto de Arajuez, que se tornou tão famoso a ponto de condicionar quase patologicamente toda a sua produção posterior. Outros artistas tiveram ciclos de frenética criatividade alternados com períodos estéreis: Michelangelo realizou Pietà, David e o teto da Capela Sistina antes dos 40 anos; depois, por 15 anos, permaneceu praticamente inoperante; então, até a sua morte aos 89 anos, voltou a ser prodigiosamente fecundo, realizando Moisés, O Juízo Universal e a Cúpula da Basílica de São Pedro.
Muitos gênios produziram até tardia idade. Se Cervantes, Franck, Freud, Goethe, Hugo, Tintoretto, Voltaire tivessem sido descartados, teríamos perdido o melhor de suas produções. Verdi compôs Falstaff aos 80 anos, Tolstoi escreveu Ressurreição aos 72, Tiziano pintou a Battaglia di Lepanto com quase 90. Criativamente longevos foram — mais próximos a nós — Picasso, Bertrand Russel, e Moravia. Em outros casos, como Tomasi di Lampedusa, Gesualdo Bufalino e Andrea Camilleri, a criatividade começou a manifestar-se somente na maturidade.
Hoje, porém, a maior parte das atividades criativas não são desempenhadas por um único artista ou cientista, como aconteceu com Leonardo quando pintou a Gioconda ou com Newton quando descobriu a teoria da queda livre dos corpos. Atualmente, grande parte das descobertas e obras-primas são fruto de equipes numerosas em que coexistem e colaboram entre si criativos de idades diferentes e que atravessam fases diferentes de fecundidade ideacional.
Quando, em 1953, descobriram a estrutura do DNA, Francis Crick tinha 37 anos e James Watson, 25. Da história do grupo Fermi na via Panisperna, sabemos que Ettore Majorana afastou-se da equipe por períodos inclusive longos e que Rasetti, depois da fase das grandes descobertas, assumiu um comportamento mais individualista. Descontinuidades notáveis podem ser vistas na produção dos jovens componentes do legendário Bloomsbury Group, do qual faziam parte Maynard Keynes e Virginia Woolf, do Wiener Werkstätte, do qual faziam parte Josef Hoffmann e Koloman Moser, e do Bauhaus, do qual faziam parte Marcel Breuer, Wassily Kandinsky e Walter Gropius.
Interessante poderia ser uma reflexão sobre a duração dos grupos criativos: alguns, como o da via Panisperna, tiveram uma vida breve; outros, como o Instituto Pasteur de Paris, sobreviveram a seus fundadores; outros ainda, como o grupo de cientistas reunidos em Los Alamos para a construção da bomba atômica, nasceram e terminaram por causa de um determinado projeto que durou poucos meses.
Nem todos os jovens, portanto, são Mozart ou Zuckerberg. O importante é que, se na personalidade de um jovem mora um gênio, este gênio possa emergir — independentemente de seu sexo ou de sua classe social.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.