Comunità Italiana

Ainda há risco?

Especialistas em sismologia explicam como e onde terremotos e erupções ainda podem atingir o país

A resposta é sim. A Itália historicamente foi e seguirá sendo um país com risco associado a terremotos e erupções vulcânicas. A boa notícia é que se pode afirmar que, educando a população e melhorando padrões de construção, os danos severos causados por esses acontecimentos podem ser reduzidos de forma considerável. A história mostra que, exceto a Sardenha, toda a Itália já sofreu terremotos.
— Por exemplo, o centro, principalmente ao longo dos Apeninos, é uma região que comumente tem terremotos com magnitude superior a seis (como Norcia este ano e L’Aquila em 2009). Outras regiões comumente afetadas por terremotos com magnitude até superior a sete são as áreas da Calábria e da Sicília, no sul do país — explica o pesquisador do Centro de Sismologia da USP e professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, Marcelo Bianchi.
Quando o assunto é vulcão (que também pode gerar terremotos de intensidade média, além das erupções), a área mais ativa é a Sicília e seus arredores — onde se encontram os vulcões Etna e Estrômboli. Outro vulcão ativo é o Vesúvio, perto de Nápoles, famoso por ter sepultado a cidade de Pompeia no ano 79 d.C.
​Considerado um país tectonicamente ativo, a Itália encontra-se próxima às bordas entre placas tectônicas, no meio da interação entre as placas africana e euroasiática, além da microplaca Adriática. Novos abalos naturais podem ocorrer futuramente.
— Porém, é importante lembrar que a previsão exata de quando ocorrerá um terremoto não é possível. Somente podemos assinalar as áreas mais propensas à sismicidade — disse o pós-doutorando do Centro de Sismologia no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, Hans Agurto-Detzel.

​Educar a população para prevenir grandes perdas
Já que os terremotos e erupções vulcânicas são naturais e não podem ser evitados, a melhor forma de prevenir grandes perdas é educando a população.
— Melhorar a segurança, a infraestrutura e o desenho das cidades, e investir no estudo destes fenômenos para conhecer melhor os riscos associados, são duas maneiras — sugere Bianchi.
Depois de mais de um mês do terremoto que atingiu o centro da Itália, em 24 de agosto, o primeiro-ministro Matteo Renzi, em entrevista à tv do jornal La Repubblica, declarou que será feita a reconstrução completa das áreas devastadas. “É uma realidade muito difícil, mas faremos a reconstrução de como era antes e ainda mais bela”, afirmou.
Renzi, juntamente com o comissário do governo para a reconstrução, Vasco Errani, e o chefe da Proteção Civil, Fabrizio Curcio, estabeleceram uma agenda de trabalho a ser realizado nas áreas afetadas. Após o apoio imediato, haverá políticas de turismo e de incentivo para novos investimentos. O objetivo é reconstruir os centros históricos com um planejamento urbano diferente do anterior. A medida fiscal que permite a intervenção em melhoria sísmica para casas, bem como para a eficiência energética será estendida, e poderá dar ecobônus de 65%, também em 2017. “Ainda haverá um decreto com a intenção de criar, ao longo dos próximos 20 anos, uma mudança de mentalidade na construção civil, planejamento urbano, para prevenção e eficiência energética, adaptando obras para eventos sísmicos e ambientas. É um assunto que requer esforço significativo, uma revolução na emergência”, declarou Renzi.
Estima-se que os danos do terremoto de agosto tenham custado, no mínimo, quatro bilhões de euros. Morreram mais de 250 pessoas e 2,5 mil ainda estão em abrigos.
A TIM Italia, em parceria com Corriere della Sera e TG La7, continua com a campanha denominada #unaiutosubito para arrecadação de doações às vítimas do último grande terremoto. Os brasileiros, com cartão de crédito internacional, podem doar valores a partir de 10 euros pelo site www.unaiutosubito.org.