Lega e M5S pediram a Mattarella mais alguns dias para anunciarem plano. Novas eleições não estão descartadas pelo Quirinale
POR ANDRÉ FELIPE DE LIMA
Estava tudo aparentemente encaminhado. Desde a última quinta-feira que os líderes Matteo Salvini (Lega) e Luigi Di Maio (Movimento 5 Stelle) afirmam — após sucessivas reuniões — que um programa de governo para a Itália estava praticamente definido, faltando apenas escolher o nome do novo primeiro-ministro. Nem uma coisa, nem outra. Nesta segunda-feira 14, quando esgotaria o prazo dado pelo presidente da República, Sergio Mattarella, para que ambos apresentassem um planejamento concreto, os dois vencedores das eleições de 4 de março pediram mais tempo ao Quirinale para concluírem as negociações. Lega e M5S jamais esconderam suas antagônicas ideologias. Foi assim durante a campanha e manteve-se até aqui a pouca disposição de ambas as legendas para o diálogo na busca por um plano de governo.
Salvini e Di Maio estiveram hoje com Mattarella. O líder da Lega disse de forma evasiva ao presidente que já não se discute mais sobre nomes indicados para o novo governo, mas sim sobre como construir uma ideia de Itália. “Estamos fazendo um esforço enorme, porque, se fôssemos pensar em conveniência política, não estaríamos aqui por muito tempo”, disse Salvini logo após reunir-se com Mattarella. Ele elogiou Silvio Berlusconi e Giorgia Meloni por não se oporem ao acordo entre Lega e M5S. Segundo Salvini, essa postura manteve coesa a aliança de centro-direita construída nas eleições.
“Estamos cientes das experiências internacionais que este governo terá que enfrentar. Em breve chegaremos a um acordo, mas desde que estejamos escrevendo um programa de governo para os próximos cinco anos. É muito importante para nós concluí-lo da melhor maneira”, ressaltou Di Maio, em tom mais comedido.
Após as reuniões de ontem em Milão —a última delas terminou no final da noite no Hotel President —, os dois líderes se reuniram na Câmara. Além de Salvini e Di Maio, também estiveram presentes Vincenzo Spadafora (M5S) e Giancarlo Giorgetti (Lega).
Ao contrário de Salvini e de Di Maio, Giorgetti confirmou à imprensa que as discussões entre os dois partidos parece longe de uma resolução: “Há uma distância considerável nas posições da Lega e do M5S em relação a direitos humanos, tratados e solidariedade”.
Diante do impasse, Mattarella decidiu conceder a Salvini e Di Maio mais alguns dias para que apresentem o programa de governo. Caso contrário, o Quirinale convocará novas eleições até dezembro.