Centenas de imigrantes estão se arriscando em mais uma travessia perigosa para sair da Itália e seguir em direção à França, revelaram ONGs dos dois países. Eles estão atravessando a pé as montanhas geladas dos Alpes, na região de Piemonte, para chegar ao país vizinho.
Todo cuidado é pouco
“Não queremos que os Alpes se tornem um segundo Mediterrâneo”, diz a ONG “SOS Alpes Solidaires”, que fez uma ação com mais de 300 ativistas, alpinistas e guias locais para alertar sobre os riscos da travessia nesta última segunda-feira (18).
O grupo pede que o governo francês de Emmanuel Macron flexibilize a “linha dura” contra os “clandestinos”, para que os grupos possam ajudar aqueles que se arriscam na travessia – e não torne os Alpes um novo “cemitério de imigrantes”.
“Pedimos ao Estado que nos permita a ajudar e socorrer as pessoas em perigo. Pedimos que nossos postos de controle sejam desmilitarizados se não quiserem que os imigrantes morram ou congelem”, disse uma das organizadoras do evento, Stephanie Besson.
Segundo a líder de outra organização, a “Tous Migrants”, Marie Dorléans, já são entre 1,5 mil e dois mil os estrangeiros que passaram pelos centros de acolhimentos das organizações na cidade francesa de Briançon nos últimos três meses. A maior parte deles vem do Senegal, Camarões e demais países do norte da África.
“Talvez, na primavera, nós encontremos os corpos sob a neve”, advertiu a líder da ONG “SOS Alpes Solidaires”, Anne Moutte.
Posição da França
No entanto, no dia em que o protesto ocorreu, o ministro do Interior da França, Gérard Collomb, confirmou a política de expulsão sistemática de todos aqueles que tentarem atravessar ilegalmente a fronteira entre Itália e França.
Segundo dados do jornal italiano “Corriere della Sera”, mais de 3,5 mil pessoas tentaram fazer a travessia a pé pelas montanhas frias e cheias de neve no ano passado – um número muito maior do que o registrado em 2015, que foram 695.
De acordo com moradores locais, no entanto, os números desse ano já passam de cerca de “200 a 300 pessoas por dia”. Muitos deles são ajudados pelos próprios habitantes do local e até mesmo pelas ONGs, que conseguem deixar comida e água para os que arriscam sua vida “em um novo mar branco”. (ANSA)