No Brasil, não temos um Movimento 5 Stelle, mas temos um Bolsonaro, que poderá explodir como o Lega
POR JANAÍNA CÉSAR
E a Itália acordou diferente, politicamente. É outro país. Fomos dormir com o discurso televisivo do Partido Democrático e de Forza Italia e saltamos da cama com o Movimento 5 Stelle, de Luigi Di Maio, e o Lega, de Matteo Salvini. Enquanto os velhos partidões continuavam a brigar entre eles, culpando esse ou aquele pelas mazelas do país, o M5S e o Lega, que deixo claro aqui não gostar nem um pouco, souberam aproveitar as brechas deixadas por essa política velha — mais preocupada em manter a poltrona do que realmente escutar a população — e deram respostas como o reddito di cittadinanza — uma espécie de bolsa família — proposto pelo 5 Stelle, por exemplo. Ambos foram massacrados pelos meios de comunicação tradicionais, mas souberam usar as redes sociais com grande sabedoria.
A esquerda italiana, que já caminhava a passos lentos, não se viu mais representada pelo Partido Democrático e tanto menos pelo partido Liberi e Uguali, formado pela ala “radical” de ex-PDs. Já o Forza Italia, do tio Berlusca, teve que engolir o Lega como segunda força política do país. Pois bem, a população preferiu a “inexperiência” do M5S a políticos que só fazem “politicagem”. E o Lega teve tantos votos porque navegou no mar da intolerância, culpando os imigrantes pelos problemas do país.
No Brasil, não temos um Movimento 5 Stelle, mas temos um Bolsonaro, que poderá explodir como o Lega. Preocupante meus caros, muito preocupante.