Partidos não conseguiram dar origem a novo governo no país
(ANSA)
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, confirmou nesta segunda-feira (7) a “indisponibilidade” de todos os partidos para formar um novo governo, após mais um fracasso nas negociações entre o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga.
Além disso, o chefe de Estado acrescentou que, caso os partidos não cheguem a um “entendimento” para criar um gabinete “político” nos próximos meses, um governo “neutro” deve ficar no poder até dezembro para levar o país às urnas logo em seguida.
Segundo Mattarella, cabe aos partidos representados no Parlamento a tarefa de buscar uma maioria que garanta um governo “neutro” até o fim de 2018. Do contrário, o presidente disse que deve convocar eleições “imediatamente”, para o mês de julho ou para o outono europeu, entre setembro e dezembro.
“O governo presidido pelo honorável [Paolo] Gentiloni, a quem agradeço pelo trabalho que está desenvolvendo nessa situação anômala, exauriu sua função e não pode mais ser prorrogado, já que é fruto de uma maioria parlamentar que não existe mais”, disse Mattarella, em referência ao atual primeiro-ministro da Itália, que está demissionário desde o fim do março.
“Não existe uma maioria com Liga e M5S, e se revelou impraticável uma maioria entre M5S e PD [Partido Democrático, de centro-esquerda], e todas as partes afirmaram a impossibilidade de uma aliança entre centro-direita e PD. Tudo isso me foi confirmado nesta manhã”, acrescentou o presidente, após a terceira rodada de consultas com os partidos.
Data – Tanto o M5S quanto a Liga, legendas com o maior número de assentos no Parlamento, já se expressaram a favor de eleições antecipadas em 8 de julho, em pleno verão, quando muitos italianos já começam a entrar de férias, o que poderia reduzir a participação popular – por isso Mattarella deu como alternativa o outono.
O presidente gostaria que os grupos políticos chegassem a um acordo ao menos para um governo “neutro”, que aprovasse o Orçamento para 2018 e garantisse um minimo de estabilidade neste ano.
Como já era esperado, as eleições de 4 de março produziram um Parlamento dividido e com dois “vencedores”: o M5S, partido mais votado e dono de 35% dos assentos na Câmara e de 34% no Senado, e a coalizão de direita, com 41% e 43%, respectivamente.
Essa última é composta pela Liga, de Matteo Salvini (20% na Câmara e 18% no Senado); pelo moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi (16% e 19%); e pela legenda de extrema direita Irmãos da Itália (FDI), de Giorgia Meloni (5% e 6%).
Inicialmente, o M5S tentou costurar uma aliança com a Liga, mas excluindo Berlusconi e Meloni. No entanto, Salvini se recusou a romper a aliança de direita, já que a Liga depende do apoio do FI para governar algumas regiões do norte da Itália.
Diante do impasse, o Movimento 5 Estrelas se voltou para o PD (17% e 16%), partido que governa o país desde 2013. Algumas alas da legenda de centro-esquerda até mostraram abertura, mas o diálogo foi rechaçado pelo ex-premier Matteo Renzi, ainda a principal figura da sigla.
Se a Itália for às urnas novamente sem uma reforma do sistema eleitoral, é improvável que o voto dê origem a um cenário radicalmente diferente ou garanta maioria clara a qualquer partido.