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Home > Arqueologia ferida

Arqueologia ferida

20 de julho de 2016 - Por Comunità Italiana
Arqueologia ferida

Arqueologia feridaAs afinidades históricas e arqueológicas reabrem as portas da diplomacia das relações entre Itália e Irã

A cultura abre as portas da diplomacia nas relações entre Itália e Irã. Não é casual a escolha de Aquileia, na região Friuli-Venezia Giulia, para hospedar a exposição “Leões e Touros – da Pérsia antiga a Aquileia”, no Museu Arqueológico Nacional. Esta cidadezinha de apenas 3.500 habitantes tem uma grande história e representou um importantíssimo ponto de conexão da Roma Antiga com o Oriente desde a sua fundação, em 181 a.C.
Em seguida da abertura com chave de ouro dos portões diplomáticos, cavalgam os interesses econômicos bilaterais. Em janeiro de 2016, após a comprovação de que o Irã cumpriu sua parte no acordo nuclear com as potências mundiais, a União Europeia revogou sanções econômicas que incluíam um embargo à compra de petróleo cru iraniano e restrições ao comércio com o país. Apenas nove dias depois da revogação do embargo, o presidente iraniano Hassan Rouhani desembarcou na Itália, na primeira etapa da sua viagem pela Europa. Aterrisei em Roma há uma hora. Esperando para reforçar as relações bilaterais e explorar oportunidades”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Após se reunir com o presidente italiano Sergio Matarella, Rouhani encontrou o primeiro-ministro Matteo Renzi nos museus Capitolinos. A declaração conjunta foi ao lado da monumental estátua de Marco Aurélio e seu cavalo. O significado do lugar era claro: a cultura como elo de união. Pena que o orgulho cultural da Itália escorregou na casca da banana. Na ocasião do encontro, algumas das milenares estátuas nuas dos museus foram cobertas com painéis brancos em todos os lados. Segundo a imprensa italiana, a decisão teria sido tomada como sinal de respeito pela sensibilidade da cultura iraniana.
Os vizinhos franceses tiveram outra atitude de respeito cultural. Depois de Roma, Rouhani seguiu para Paris, onde estava marcado um jantar de honra no Palácio do Eliseu com o presidente François Hollande. O Irã fez questão que a refeição não fosse acompanhada por bebidas alcoólicas. A resposta dos franceses foi cancelar o jantar: afinal o vinho faz parte da cultura da França.

A cultura estimula o diálogo e une os povos, ressalta o ministro Dario Franceschini
Mesmo nos anos em que as sanções do Ocidente sufocavam a economia iraniana, a Itália manteve um bom relacionamento comercial com a República Islâmica, com um intercâmbio anual de sete bilhões de euros. A visita de Rouhani a Roma levou a um acordo econômico bilateral de 17 bilhões de euros, incrementado pela viagem de Matteo Renzi em abril. A cooperação abrange diversos setores de siderurgia, construção, energia.
— A cultura ajuda a superar momentos difíceis na história. Hoje existe uma tentativa dos terroristas de destruir os símbolos das diversas identidades culturais, das várias religiões e línguas. A cultura une os povos, estimula o diálogo e o conhecimento — disse o ministro dos Bens Culturais e Turismo, Dario Franceschini, na apresentação da mostra.
A exposição é dedicada ao período das dinastias Aquemênida (de 550 a 330 a.C.) e Sassânida (de 224 d.C. a 651) do antigo Império Persa pré-islâmico. As 21 peças vieram do Museu Arqueológico de Teerã e de Persépolis. Os leões e os touros são animais que representam a força. As joias, esculturas e outros objetos como punhais e copas em perfeito estado de conservação proporcionam uma viagem nas fronteiras do tempo há mais de 2.500 anos.
Segundo o embaixador iraniano em Roma, Jahanbakhsh Mozaffari, o valor da exposição ultrapassa o significado estritamente cultural e também assume contornos políticos.
— As relações culturais são a base das ligações entre o Irã e Itália, e são o elo entre os nossos países, mesmo em tempos de dificuldades. Na verdade, foi esta base cultural que ajudou a superar as dificuldades, mesmo em um passado não muito distante — disse o emabaixador Mozaffari.
Para o embaixador da República Islâmica, “Leões e Touros” é também um passo na luta contra o fundamentalismo que agora aflige a região. Qualquer iniciativa cultural — acrescentou o diplomata — deve ser considerada “um passo na luta contra o terrorismo e integralismo”.
A vice-secretária do Partido Democrata e presidente da região de Friuli Venezia Giulia, Debora Serracchiani, disse que espera que a exposição “abra as portas para um diálogo cada vez mais forte e cada vez mais constante com o Irã”.

Mostra faz parte do ciclo “Arqueologia Ferida”
Persépolis era uma enorme área urbana e, provavelmente a mais bonita do mundo, quando Alexandre o Grande surgiu diante dos muros que a protegiam em 330 a.C. Depois de três meses de assédio, ele ordenou um incêndio e destruiu a cidade mais majestosa que o homem tinha construído: desmoronaram paredes, estátuas, colunas e derreteram as folhas de ouro que cobriam as esculturas e o trono. Hoje, as ruínas de Persépolis ainda resistem, a 50 quilômetros da cidade de Shiraz, Irã.
Aquileia, um dos maiores e mais prósperos centros políticos, administrativos e comerciais do Império Romano, resistiu às incursões de Alarico, mas não à fúria de Átila, que conseguiu invadi-la, derrubando a muralha da sua fortaleza em julho de 452 d.C. A lenda conta que, com a devastação, foi espalhado sal por todas as sua ruínas para que nada voltasse a crescer no lugar.
Esta mostra organizada pela Fundação Aquileia faz parte do ciclo denominado Arqueologia Ferida. A exposição “O Bardo na Aquileia” (6 de dezembro de 2014 a 28 de fevereiro de 2015) trouxe importantes peças arqueológicas vindas do museu do Bardo, na Tunísia. Apenas 20 dias depois do final da mostra, o museu tunisino sofreu um atentado que dilacerou o mundo.
Segundo o presidente da Fundação Aquileia, Antonio Zanardi Landi, a exposição “Leões e Touros” não se conecta diretamente com os trágicos acontecimentos do passado recente e da atualidade no Mediterrâneo e no Oriente Médio.
— Sempre de Arqueologia Ferida se trata, mas para conhecer o autor das feridas e a destruição do império de Dario III , rei dos persas, é necessário voltar ao quarto século antes de Cristo e a Alexandre, o Grande; portanto, muito antes do terrorismo dos nossos dias e de uma violência cujas raízes temos dificuldade de compreender. Mas, olhando bem, grande parte do patrimônio arqueológico do mundo é originado a partir de uma ferida, da devastação, do desejo de cancelar a identidade do inimigo, ou simplesmente do outro — comentou Zanardi Landi.
A exposição “Leões e Touros – da Pérsia antiga a Aquileia” fica no Museu Arqueológico Nacional de Aquileia até 30 de setembro.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.