BIANUAL

BIANUAL

A partir de
Por R$ 299,00

ASSINAR
ANUAL

ANUAL

A partir de
Por R$ 178,00

ASSINAR
ANUAL ONLINE

ANUAL ONLINE

A partir de
Por R$ 99,00

ASSINAR


Mosaico Italiano é o melhor caderno de literatura italiana, realizado com a participação dos maiores nomes da linguística italiana e a colaboração de universidades brasileiras e italianas.


DOWNLOAD MOSAICO
Vozes: Cinco <br>Décadas de Poesia Italiana

Vozes: Cinco
Décadas de Poesia Italiana

Por R$ 299,00

COMPRAR
Administração Financeira para Executivos

Administração Financeira para Executivos

Por R$ 39,00

COMPRAR
Grico Guia de Restaurantes Italianos

Grico Guia de Restaurantes Italianos

Por R$ 40,00

COMPRAR

Baixe nosso aplicativo nas lojas oficiais:

Home > Arte não só nas cabeças

Arte não só nas cabeças

19 de maio de 2016 - Por Comunità Italiana
Arte não só nas cabeças

Arte não só nas cabeçasParruchiere e tenor, Bruno Donati mantém clientela na zona sul do Rio com talento herdado da família romana e a valorização da personalidade da mulher moderna

“Un artigiano dei capelli”. Assim se autodefine o cabeleireiro Bruno Donati, com toda a modéstia de quem tem entre clientes atrizes, cantoras e artistas plásticas. A modéstia, aliada ao seu talento musical, é o charme desse romano que adotou o Rio para viver há 19 anos. O nonno Ettore Donati, marido de Teresa Bortoli, nascida no interior de São Paulo, abriu o primeiro salão da família em Roma, no bairro de Torpignattara, em 1923. Alguns anos depois, o filho Lamberto passou a ajudar o pai, junto com o irmão Elio. Já na década de 1950, cada um dos irmãos abriu seu próprio salão. Foi então que nasceu Bruno, filho de Lamberto e Franca di Benedetto, na mesma data do avô Ettore.
— Eu nasci praticamente no salão, em 25 de agosto, mesma data do meu avô, que vislumbrava um belo futuro para mim — conta à Comunità Bruno, que, antes de assumir a atividade da família, estudou sociologia e demonstrava seu amor pela música.
Foi logo depois de prestar serviço militar, aos 21 anos, que ele decidiu ser parrucchiere, para “ter sua independência em relação ao pai”. Pouco tempo depois, passou a fazer parte da prestigiosa Accademia Romana Acconciatura em Visagismo, Maquiagem e Penteado, onde se especializou. Como secretário-geral eleito pelo Conselho da Accademia, colaborou com a criação das linhas de moda para cabelo Modigliani, Chanel 83 e David Bowie. Organizou desfiles de moda, congressos e feiras e reformulou o currículo da escola profissional para cabeleireiros, despertando a atenção de escolas europeias. Posteriormente dirigiu o Centro Internazionale della Moda e Dell’Acconciatura e a revista Immagini, especializada para cabeleireiros. Em abril de 1983, veio pela primeira vez ao Brasil para participar de um encontro da ICD (Inter Coiffeur Diffusion), quando avistou aquela que seria sua “nova vida”.
— Parecia um déjà vu — resume Bruno, ao dizer que ficou encantado com o país.  

Conexão Roma-Rio através da beleza
Entre idas e vindas, transferiu-se em definitivo para solo brasileiro em 1997. Durante três anos, manteve o salão em Roma, que funcionava perto da Fontana di Trevi, na Via del Lavatore. Porém, decidiu fechar o estabelecimento no país natal para se dedicar integralmente aos seus clientes no Rio.
No Brasil, não demorou para que fosse notado pela diretoria do Senac, que o convidou para escrever, em coautoria com a jornalista e apresentadora do programa Superbonita, do canal GNT/Globosat, Sonia Biondo, o livro Cabelo , um guia voltado para profissionais da área com dicas de tratamento e embelezamento, produtos e serviços, e um passo a passo das principais técnicas de higienização, corte, coloração e secagem  — além de um capítulo dedicado ao cabelo afro. Foi um sucesso de vendas, cumprindo seu papel na formação, aprimoramento e valorização da profissão de cabeleireiro. Em 2009, o livro foi revisado e uma nova edição de muito sucesso chegou às mãos de milhares de profissionais da área da beleza.
Em seu salão no Jardim Botânico, entre uma tesourada e outra, ele brinda suas clientes com sua potente voz de tenor, entoando árias. Fã de música desde criança, descobriu sua vocação lírica ao se mudar para o Brasil. Estudou canto com a soprano Neti Szpilman e com a conceituada Dilia Tosta. Também demonstra seus dotes em apresentações com colegas de canto.

Clientela famosa conta com a discrição do romano
A discrição é outra característica dos virginianos como Bruno, que ele faz questão de ressaltar quando fala de clientes famosos, cujos nomes ele prefere não citar.
— Minha clientela é belíssima, tem de tudo, de atores e atrizes a professoras, jornalistas, artistas plásticos, arquitetos, trabalhadores, pessoas simples; estão mais para formadores de opinião do que para socialites. Prefiro não citar nomes das pessoas famosas que atendo, pois sou discreto. Essa é a minha política — comenta ele, que atende tanto em seu salão no Jardim Botânico quanto na casa dos clientes.
Observador, Bruno analisa do ponto de vista sociológico as preferências das mulheres de hoje.
— Agora a mulher procura o prêt-à-porter, ou seja, um bom corte que seja prático e que favoreça a saúde dos cabelos e a hidratação. Na Europa, muita gente usa cabelo branco, e aqui essa moda começou agora, e eu apoio e acompanho minhas clientes nessa escolha. A mulher de hoje, inteligente, quer se afirmar na sociedade com um corte moderno e personalizado — frisa.

As italianas amam o volume dos cabelos, enquanto as brasileiras fazem de tudo para escondê-lo
As diferenças culturais entre as brasileiras e as italianas, porém, são notadas no salão.
— Logo que cheguei, fiquei chocado com algumas práticas, como o hábito brasileiro de se cortar e não secar com a escova em seguida. Na Itália, isso é praxe: cortou, seca com a escova. Lá, se lava o cabelo uma vez por semana. O que faz a diferença é o clima. A mulher aqui é levada a adotar soluções práticas, que influenciam o corte do cabelo — comenta Bruno, que já deu workshops para profissionais em parceria com a indústria de cosméticos italiana Alfaparf.
O italiano é crítico da febre do formol, que atinge há anos os salões no Brasil.
— Enquanto as italianas gostam de volume, as brasileiras fazem de tudo para reduzi-lo. Essa febre de alisamento aqui é uma coisa triste. É uma questão social. A pessoa quer imitar cabelo liso de uma atriz da TV. Mas ela não sabe o quanto é bonito o cabelo cacheado, isso é má influência do marketing televiso. Aliás, sou um dos poucos que sabem fazer permanente aqui, que é, na verdade, a principal ferramenta do profissional. Se ele não sabe fazer, então não sabe alisar. Uma permanente pode corrigir um redemoinho, por exemplo — frisa, citando a cantora Vanessa da Mata, que chegou a cogitar a possibilidade de alisar as madeixas, tendo sido  desaconselhada por ele, pois “perderia a personalidade”.
Aliás, personalidade é algo que Donati procura ressaltar nos cortes e nos tratamentos capilares junto às suas clientes.
— Levo em consideração o formato do rosto e o estilo de vida de cada uma na hora de tratar o cabelo — afirma Bruno, que tem três filhos, dos quais o mais velho, Gianmarco, pensa em dar prosseguimento ao empreendimento do pai. Ainda bem: tomara que o talento dos Donati se perpetue ao longo de muitas gerações. 

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.