O ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, lamentou na terça-feira (12) a perda de votos que sofreu nas últimas eleições e a atribuiu à “loucura” dos italianos, que preferem outros políticos com menos experiência
“Não posso sair pra fazer compras porque todos querem uma foto comigo, nem caminhar pela rua, porque todos me param, mas, quando é preciso votar, quantos votam em Silvio Berlusconi?”, questionou o líder conservador, de 82 anos, em um programa da sua emissora de televisão “Mediaset”.
O político respondeu a si mesmo: “Tenho vergonha de dizer, mas cinco ou seis italianos a cada 100. Me parece algo incrível”, lamentou.
“Acredito, e com minha idade às vezes me dou razão, que os italianos estão quase todos loucos”, teorizou, para depois lamentar que os eleitores tenham entregado “uma empresa importante” como a Itália a outros políticos com menos experiência que ele, três vezes primeiro-ministro.
Berlusconi criticou especialmente o líder do partido antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S), Luigi Di Maio, atualmente parceiro de governo do líder da ultradireitista Liga, Matteo Salvini.
“A quem se confiaria uma empresa qualquer? A alguém que não a conhece, que nunca trabalhou nem estudou, que só sabe falar bem, mas quando vai à empresa não entende nada e faz o mesmo que Di Maio e outros à frente da empresa italiana?”, questionou.
Depois, comparou sua extensa trajetória e lembrou as supostas conquistas das quais costuma se gabar, como seu sucesso empresarial ou seus esforços para aproximar em 2002 o então presidente americano, George W. Bush, e o russo, Vladimir Putin, e evitar assim uma Guerra Fria.
“O que fez o senhor Di Maio?”, perguntou ao público, para depois acrescentar: “E lhe damos a Itália? Estão todos loucos. Somos um povo de loucos”, bradou o político octogenário.
Berlusconi, que esteve inabilitado para cargos públicos até maio do ano passado devido à sua condenação por fraude fiscal em 2013, anunciou que concorrerá às eleições ao Parlamento Europeu do próximo mês de maio.
“Estou bastante preocupado com tudo o que acontece na Itália, na Europa e no mundo. Não há boas perspectivas. Tenho cinco filhos e 12 netos e estou preocupado com eles”, disse ao começar a entrevista, para justificar sua candidatura às eleições europeias.
O magnata, líder indiscutível da direita italiana desde sua entrada na política em 1994, ficou eclipsado pela ascensão do líder da Liga, Matteo Salvini.
Esse fato foi comprovado nas eleições gerais de 4 de março de 2018, nas quais, embora tenha vencido a aliança conservadora de Berlusconi e Salvini, o partido do segundo superou o do primeiro, o mesmo que ocorreu no domingo passado na região de Abruzos, no centro da Itália.
(EFE)