Representantes do Brasil e da Itália se reuniram na última quarta-feira (22), na Câmara dos Deputados, em Brasília, para um “Seminário de Amizade” que teve como objetivo ampliar o diálogo entre os dois países, inclusive no setor de defesa.
Segundo o embaixador italiano no Brasil, Antonio Bernardini, um dos principais pontos discutidos no encontro foi o convite para a nação europeia participar do Programa Espacial Brasileiro (PEB) – a Itália possui uma das indústrias aeroespaciais mais desenvolvidas do mundo.
Um dia antes, Bernardini já havia se reunido com o ministro da Defesa do Brasil, Raul Jungmann, que também participou do Seminário de Amizade, assim como o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
“O Brasil possui um forte grupo parlamentar de origem italiana, que atua pelo desenvolvimento das relações entre os países”, afirmou Bernardini à ANSA. De acordo com o diplomata, o Brasil negocia com a Itália uma possível colaboração no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.
“Hoje nós estamos partindo para uma modelagem em que se possa ter dois, três, quem sabe quatro países participando desse processo. Como a Itália tem experiência, inclusive um vetor já muito reconhecido, e há um interesse de participar desse processo em sua relação comercial, estamos conversando sobre isso”, disse Jungmann.
Já a deputada brasileira do Parlamento italiano Renata Bueno afirmou que os dois países “estão conversando sobre US$ 270 milhões em investimentos”. Seu pai, o deputado Rubens Bueno, é líder do Grupo Parlamentar Brasil-Itália.
Os países já possuem parcerias para modernizar a frota brasileira de blindados, por meio da Iveco, montadora de veículos pesados sediada em Turim, e o jato militar AMX, da Embraer. A Itália também está na disputa pela construção de quatro corvetas para a Marinha do Brasil, por meio da estatal Fincantieri, que já possui negócios no país.
“A presença industrial italiana no Brasil é muito forte. Queremos continuar reforçando essa presença, principalmente nos setores elétrico e farmacêutico, mas também no segmento de infraestrutura, porque o Brasil precisa disso. Ficamos sempre de olho nas oportunidades que aparecem”, acrescentou Bernardini.
O seminário também discutiu a concessão de vistos para empresários italianos, facilitada pela nova Lei de Migração, que não faz mais distinção entre “turismo”, “negócios” ou “trabalho temporário”. Além disso, foram debatidas possibilidades de cooperação nos setores de cultura e educação, abertas pela portaria do governo que define as diretrizes para revalidação de diplomas universitários no exterior.
“A ideia era de não ficar somente na discussão parlamentar, mas também trazer o embaixador e ministros”, declarou Renata Bueno. (ANSA)