Redes de franquias encontram alternativa na internacionalização e vislumbram oportunidades com a valorização do dólar e do euro
Enquanto os noticiários repetem a fragilidade da economia brasileira, muitos empresários locais vislumbram negócios no exterior. Ainda mais com a valorização do dólar e euro, em relação ao real, internacionalizar pode ser um bom caminho. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o mercado europeu, com mais de 500 milhões de habitantes e uma economia em recuperação, está entre os que mais atraem o interesse de redes de franquia nacionais, neste momento.
— O recrudescimento da economia brasileira e a desvalorização do real intensificaram o movimento de internacionalização de franquias brasileiras. Nesse sentido, as missões internacionais e o esforço de promoção, entre a ABF e a Apex, estão ajudando a pavimentar este caminho, que ainda tem muito a ser percorrido. Portugal, que tem 21 redes brasileiras operando unidades, é a grande porta de entrada ao mercado daquele continente, mas começamos a ver um maior interesse pelos demais países, incluindo a Itália, à medida que a crise econômica na região começa a esmorecer — analisa André Friedheim, diretor internacional da ABF.
Atualmente, a Itália conta com diversas empresas brasileiras, algumas delas franqueadas. Entre as associadas na ABF, com unidades em território italiano, estão as marcas iGui Piscinas, Ligue Site e Cartório Mais. Em nível internacional, existem, ao menos, 134 redes de franquias brasileiras em operação, sendo que 31 delas atuam na Europa.
Presente no mercado italiano desde 2010, a iGUi Piscinas aposta na participação dos principais eventos internacionais para ampliar os negócios, adaptando-se às necessidades regionais.
— A Itália tem a região norte mais industrializada e concentra, na parte sul, a agricultura. Outra característica do mercado italiano é que os negócios são tipicamente familiares, no qual vários membros da família participam das empresas até a quinta geração. Por isso, a iGUi está presente nas maiores feiras mundiais de piscinas, onde presenciamos um aumento de empresas italianas com o interesse em iniciar trabalho conosco — explica Gerson Silveira, presidente da iGUi Europa.
Ainda de acordo com Silveira, a demanda tem registrado crescimento na Europa.
— A qualidade dos nossos produtos e a vasta experiência em franchising dos nossos empresários é um ponto positivo nas franquias brasileiras no mercado italiano. No segmento de piscinas, apesar do custo de deslocação interno e externo, ainda um desafio para nós, a procura pelo produto teve um aumento considerável nas vendas.
Para incentivar esse movimento rumo à Europa, a ABF e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), promoveram, como parte do Convênio de Cooperação 2015-2017, uma missão empresarial à Franchise Expo Paris 2016, a maior feira de franquias do mercado europeu e a segunda maior do mundo. O evento realizado em março reuniu 450 marcas de 83 países e recebeu aproximadamente 37 mil empreendedores.
De acordo com Friedheim, a participação na Expo Paris como parte do calendário de promoção internacional do convênio ABF-Apex-Brasil, tem grande importância para os empresários diante da situação do país.
— Nossa presença reforça o compromisso no apoio aos seus associados no que diz respeito à exportação, uma pauta extremamente relevante para as empresas brasileiras, especialmente no contexto atual de retração econômica. Produtos e serviços do Brasil são desejados e valorizados em diversos países, e temos certeza de que as franqueadoras brasileiras estão cada vez mais voltadas ao mercado estrangeiro — enfatiza.
Além de um estande na Franchise Expo Paris, a missão empresarial incluiu uma série de reuniões com entidades de diferentes partes do mundo.
— Temos dois objetivos principais: buscar parceiros locais (um potencial franqueado, sócio ou representante) e conhecer as práticas de franchising no mercado europeu. De forma geral, o processo de internacionalização não é uma simples transposição, mas demanda algumas adaptações — finaliza o diretor internacional da ABF.
Até o momento, esse convênio, iniciado no ano passado, já levou mais de 100 empresas a mais de 50 países, em feiras e eventos.