Casa Itália situada na Paróquia Imaculada Conceição, no Recreio, recebe crianças carentes durante os Jogos Paralímpicos do Rio

Sai o clube Costa Brava, que nobremente representou as cores verde, branca e vermelha na Olimpíada do Rio, em agosto. Em setembro, entra a Paróquia Imaculada Conceição, situada no bairro carioca do Recreio dos Bandeirantes, na Paralimpíada. Agora, a Casa Itália é muito mais do que um local de hospitalidade do esporte. É uma casa de solidariedade.
— É inédito. Nunca antes uma organização religiosa tinha hospedado uma casa de hospitalidade do esporte — revela, satisfeito, o Padre Antônio Villar, responsável pela paróquia.
Na semana em que esteve aberta ao público, a Casa recebeu crianças carentes para encontrar atletas paralímpicos italianos. Elas puderam participar de manifestações culturais de música, teatro, dança e arte; assistir à missa e desfrutar de jantares preparados gratuitamente pelo chef de cozinha Rubio. O Comitê Paralímpico Italiano distribuiu 200 convites para crianças poderem ver as competições e ainda deixou uma contribuição à Paróquia São Geraldo, em Olaria, onde há uma boa infraestrutura para ajudar jovens com necessidades especiais a praticarem esportes. Um legado da Paralimpíada que não termina com os Jogos. 
— A Paróquia São Geraldo, que completa 100 anos, será a grande beneficiada, como algumas paróquias vizinhas. As crianças, entre as quais deficientes, podem praticar atividades como balé clássico, jazz, além de esportes como judô, taekwondo, ginástica — explica o Padre Leandro Lenin Tavares, capelão do Comitê Rio 2016.
Luca Pancalli, de 52 anos, presidente do Comitê Paralímpico Italiano, ficou impressionado com o tamanho da cidade:
— É mastodôntica. Pela primeira vez venho ao Rio.
Pancalli lembrou que os Jogos Paralímpicos começaram justamente em Roma — em 1960, ano em que a cidade organizou a única Olimpíada até hoje na Itália — por iniciativa do médico Antonio Maglio.
Atleta do pentatlo moderno, Pancalli sofreu sério acidente em 1981, quando montava a cavalo durante uma competição. Sofreu fratura das vértebras cervicais, com consequente paralisia dos membros inferiores. Mas não abandonou o esporte: disputou quatro Paralimpíadas em 1984, 1988, 1992, 1996.
Ele prestigiou a inauguração da Casa Itália Paralímpica em 6 de setembro, juntamente com o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que saudou a delegação azzurra em italiano, como bom oriundo:
— Sou filho de italiano, embora meu pai não falasse a língua em casa. Meu pai chegou ao Brasil com quatro anos no fim do século XIX. Ele era de Villa Grotti, na região do Lácio — contou o cardeal à Comunità.
Casa Itália também significa arte. O docente Paolo Belgioioso, da Academia Albertina de Turim, é o curador da mostra da Escola de Anatomia Artística, que apresenta trabalhos em obras gráficas, pictóricas e fotográficas, expostos na Paróquia Imaculada Conceição:
— São 40 trabalhos de alunos da academia. Procuramos mostrar as estruturas do corpo com um sentido a mais, aproximando-se do esporte paralímpico — revela Belgioioso.
O inglês Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, elogiou a escolha do local e expressou sua solidariedade com uma recente tragédia:
— Quero dar minhas condolências ao povo italiano pelo terremoto. Fico contente que tenha sido escolhido um lugar fora das áreas mais ricas do Rio. Esta Casa Itália é fantástica!
O embaixador italiano no Brasil Antonio Bernardini e o cônsul-geral do Rio, Riccardo Battisti, acompanharam com gosto a Olimpíada e agora estão entusiasmados com a Casa Paralímpica:
— O significado, agora, é outro. É uma belíssima iniciativa da paróquia. Mostra a grande capacidade de a Itália apresentar-se com rostos diferentes. Esta casa tem uma mensagem social muito forte — comentou o embaixador Bernardini.
— Estive aqui 15 dias antes da inauguração e praticamente nada havia. Parece-me que fizeram ótimo trabalho. Faz parte da Itália exportar arte, cultura, beleza — destacou o cônsul Battisti..